domingo, 23 de junho de 2013

Segunda-feira, dia 17 de junho: O grande dia da "Revolta do Vinagre"

Eu queria ter escrito este texto no dia que ocorreu aquele protesto que uniu mais de 100 mil pessoas nas ruas de São Paulo. Queria ter narrado o medo que as pessoas expressavam nas redes sociais naquele dia. Estávamos com medo de ir às ruas protestar e pedir a diminuição da tarifa de ônibus de R$ 3,20 para R$ 3 e levar borrachadas da Polícia Militar. Estávamos com medo de nos machucar na rua. Alguns nunca tinham indo protestar. Outros já estavam exaustos de protestar e de tanta repressão do governo aos pedidos da população carente e que sofre com a economia predatória no Brasil.

Mas nós fomos às ruas naquele dia 17 de junho de 2013, em nossa Revolta do Vinagre. Fomos às ruas depois da agressão à jornalista Giuliana Vallone, que levou uma bala de borracha no olho. Fomos às ruas depois de cerca de 250 detenções sem sentido da PM, por porte de vinagre em protestos entre outros motivos no mínimo discutíveis.




Aquele dia, em São Paulo, foi a vitória dos partidos de esquerda, como PSTU, PSOL e outros, que conseguiram emplacar e democratizar suas pautas. Foi uma vitória dos apartidários não-conservadores, que conseguiram sugerir novas abordagens de protesto, sem violência e com muitas adesões. Teve coxinha e pessoal de direita no protesto? Teve, e que bom que teve, para diversificar opiniões. Teve skinhead e grupos extremistas naquele dia? Eles deviam estar lá, porque depois se manifestaram em outros dias, quebrando bandeiras de partidos políticos. Este é o lado ruim da história. Mas a grande vitória foi de todos, unidos pelos R$ 3,20 da tarifa do ônibus e contra outras pautas, genéricas ou não, contra as injustiças praticadas pelo Estado.

O grande dia da Revolta do Vinagre incentivou as pessoas a permanecerem nas ruas. Contra Marco Feliciano e outras pautas. Pelos motivos certos e equivocados. 17 de junho, para o bem ou para o mal, ficará para a história.

No Rio de Janeiro, aquele dia foi marcado pela violência de alguns manifestantes contra prédios públicos. Em Brasília, será lembrado pela invasão significativa na Esplanada dos Ministérios, incomodando a raiz federal da política nacional. No Brasil, os protestos e as indignações ficarão registradas pela absurda sincronia entre os grupos pulverizados no Facebook e no Twitter. Faltam pautas concretas? Faltam, mas a primeira vitória está selada.

A mídia primeiro condenou os protestos, chamando quem sempre protestava na rua de vândalo e de baderneiro. Quando jornalistas começaram a se ferir, o cenário mudou. Quando pessoas inocentes começaram a ser presas por excessos da polícia, o cenário para o dia 17 de junho estava selado.

Termino o texto com uma fotografia que tirei na Faria Lima, em São Paulo, de um prédio espelhado com os manifestantes marchando. E também linko aqui o texto do blogueiro da Folha, Leonardo Sakamoto, chamado "Manifestantes derrubam aumento da tarifa do transporte público em São Paulo e no Rio". Foi a grande vitória desses protestos: A redução da tarifa de ônibus e a abertura de um processo de discussão sobre os transporte e os gastos dos governos no Brasil. Mereceram capa do jornal americano New York Times e uma cobertura ampla de blogs independentes estes protestos em nosso país.


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