sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

USP foi fundada por acadêmicos paulistanos e apoiada pelos Mesquitas há 80 anos

No dia 25 de janeiro de 1934, há 80 anos, foi fundada a Universidade de São Paulo (USP). O projeto, que se expandiu com a criação da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), a Escola Politécnica (Poli) e outras unidades, foi obra de acadêmicos brasileiros, outros advindos de outros países, e do jornalista Julio Mesquita Filho, diretor do jornal O Estado de S. Paulo. Em homenagem às oito décadas da universidade pública mais bem-sucedida da América Latina, o site do Estadão deu destaque em seu site hoje ao assunto em sua homepage e em seu suplemento impresso especial.



Julio Mesquita Filho lançou um livro em 1925 chamado A Crise Nacional, detectando graves problemas na educação da sociedade brasileira. Com apoio do sociólogo Fernando de Azevedo, os ideais de Mesquita foram levados até as pesquisas educacionais. A compra do terreno no bairro do Butantã e a expansão dos cursos superiores públicos em São Paulo ajudaram a formalizar o sonho de uma universidade aberta.

Mesquita apoiou Getúlio Vargas, que perdeu as eleições presidenciais, e depois sua Revolução de 1930, dando início ao Estado Novo. Apesar do apoio recebido do presidente, o jornalista e editor também deu suporte à Revolução Constitucionalista de 32, sendo derrotado pelo governo federal. Foi preso e exilado em Portugal. Mesquita então voltou ao Brasil em 1934 e formou uma comissão com o governo estadual para criar a universidade. O grupo era composto por por ele, Fernando de Azevedo, Raul Briquet e Lúcio Rodrigues.

A comissão entrou em contato com o psicólogo George Dumas, da França. Ele recrutou professores europeus para formar a USP. Foram convocados Fernand Braudel (História), Claude Lévi-Strauss (Antropologia), Roger Bastide (Antropologia), Pierre Monbeig (Geografia), Jean Maugüé (Filosofia), Pierre Houcarde (Literatura) e Paul Hugon (Economia). Entre todos, Jean Maugüé foi um dos poucos conhecidos não por seus livros, mas por suas aulas. O acadêmico de Letras Antonio Cândido afirma que ele não deixou obras, mas palestras memoráveis sobre notícias dos jornais, filmes e romances brasileiros.

Além de incentivar a criação da universidade pública, que hoje conta com 90 mil alunos e orçamento de R$ 4,3 bilhões, Julio Mesquita Filho também foi paraninfo da primeira turma formada no curso de Filosofia, em 1937.

Julio Mesquita Filho, o diretor do Estadão em 1937, como paraninfo dos primeiros formandos em Filosofia na USP

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