terça-feira, 24 de abril de 2012

Journey: Apenas...jogue!


Apenas...jogue!


Existem alguns momentos na vida, que você não segue um caminho, mas apenas é levado por ele. Sim, a frase é clichê, parece coisa de filme motivacional ou orelha de livro de auto-ajuda, mas é verdade. Seja por qual for o motivo, você simplesmente acredita que aquele caminho é o certo, e você tenta, contra tudo e contra todos, chegar lá. E, talvez, esta seja uma das mais básicas da essência humana: Ter fé em algo. Seja isso religioso ou não.
Não é fácil de descrever esse sentimento, e talvez seja mais difícil ainda evocá-lo através de uma obra. Pois bem, uma obra conseguiu fazer isso comigo. E não foi um filme ou um livro. Foi um game. Journey, da thatgamecompany, é diferente de tudo que já foi feito na história dos games – e sim, tenho noção do que envolve afirmar algo desse tipo. O jogador controla um personagem sem nome e sem feições, que por algum motivo, inicia sua jornada em direção ao pico luminoso de uma montanha no horizonte. Em nenhum momento descobrimos o que motiva o personagem. Como se isso fosse necessário.
Os comandos são os mais simples possíveis. Tudo que o jogador pode fazer é andar e ocasionalmente pular/voar, se for possível graças a alguns elementos no jogo. Mas... Journey não é do tipo de game que se perde tempo falando de jogabilidade. Perde-se tempo falando, sim, de sua beleza. Em uma época que se fala cada vez mais de gráficos e do potencial de consoles e PCs, este simples game para download, feito por uma empresa independente, talvez seja a obra mais bonita já produzida recentemente. Não estou falando apenas de gráficos, que são de fato maravilhosos. Mas de fotografia, de composição da imagem, de luz, de sombras...de tudo. Uma sequência em particular, que coloca o personagem em alta velocidade pela areia desértica contra o por-do-sol foi capaz de me deixar sem qualquer tipo de reação, tamanha sua beleza.
Journey ganha ainda mais quando se fala de seu multiplayer, que provavelmente é o mais criativo dos games. Enquanto você progride com seu personagem, ao longe vê um movimento, uma sombra, que aos poucos ganha contornos de um outro ser como o seu. Não é um NPC, mas sim um outro jogador. Não há comunicação via texto, não há indicação do nome do jogador na PSN, não há nada. Apenas ele e você, que podem se comunicar apenas pelo único som que os personagens produzem. É simples, é básico, é genial.
Sinceramente, não há como transpor o que é Journey através de um texto. Pode-se falar que é único, que é lindo, que é diferente, mas apenas o jogador pode ter noção do que ele irá encontrar. Pois o game é simplesmente uma obra de arte em sua concepção mais básica: Ele é extremamente pessoal. Não existem respostas fáceis, não existe uma conclusão óbvia, se é que existe uma conclusão. Journey é sobre o que é de mais misterioso na condição humana, a fé, e não se busca respostas para isso. Portanto, compre, baixe, reserve duas e quinze de seu dia, apague as luzes e deixe-se envolver pela que talvez seja uma das mais prazerosas experiências que os games podem proporcionar hoje em dia.

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