Passei esses três últimos anos de jornalismo ouvindo o seguinte comentário: entrevistar pela internet é menosprezar o contato no olho, a chance de falar fisicamente com a fonte e relatar detalhes que transcendem sua declaração, como a forma de proferir as resposta, entre outros. Muitas dessas pessoas consideram que o texto escrito, ou digitado no caso, não corresponde ao que a pessoa falaria na vida real.
Que motivos não fariam alguém mentir na internet? Vamos enumerar alguns:
- Uma entrevista pela internet, especialmente publicada num site de repercussão, é um chance da pessoa se expôr e obter algo disso, mesmo quando não há interesse jornalístico.
- Uma entrevista pela internet irá se integrar com a notoriedade do entrevistado. Se o entrevistado der dados mentirosos ou informações falsas, mesmo que sejam opiniões, o prejuízo é tanto do jornalista quanto da fonte. Em tempos de indexação Google Search, isso fica nítido.
- Uma entrevista superficial ou com respostas monótonas tem a chance de ser cortada ou, se não for cortada, será mal exposta na rede. Novamente, má repercussão do entrevistador e do entrevistado.
Motivos que fariam a pessoa mentir:
- A pessoa é tímida e/ou não escreve bem na norma culta da língua portuguesa.
- A pessoa tem algum segredo constrangedor ou ilegal, motivos que podem ocorrer na vida real.
- A pessoa tem a tendência de se mostrar de forma diferente no formato texto.
Há outros motivos e não motivos para criar afirmações mentirosas. Mas, através de exemplos de um lado e de outro, da mesma situação, chego na conclusão que esses riscos existem na vida real, em maior ou menor risco dependendo da fonte. O que existe, para a internet ser renegada como um meio de entrevistas jornalísticas, é um preconceito da antiga escola da imprensa.
Progressivamente os profissionais farão entrevistas por MSN, Gtalk, Twitter e outros meios online. Atualmente as redações usam telefone para poupar gastos. O uso da internet vai piorar o jornalismo, em sua qualidade? Depende única e exclusivamente do profissional. Se há uma preocupação do jornalista com sua apuração, ele vai usar mensagens de texto, vai entrevistar a fonte via voz no Skype e, se ainda for mais necessário, vai usar webcam para teleconferências. Os meios eletrônicos não podem ser menosprezados, especialmente com a competência profissional sendo mostrada na rede.
Nenhum comentário:
Postar um comentário