segunda-feira, 19 de março de 2012

A sensação estranha de dar uma entrevista


Jornalista não é fonte, normalmente. Na minha humilde opinião.

No entanto, como não falei sobre profissão, e sim sobre nerdices, passei pela experiência peculiar de conceder um depoimento para pessoas que estão começando na área. Fui fonte na primeira edição oficial da Zzine, uma revista feita por jovens do bairro Capão Redondo que ainda não estraram na faculdade e que fazem parte da Casa do Zezinho, uma ONG que oferece atividades complementares para as crianças da região.

A reportagem era sobre tribos urbanas e foi publicada neste mês, no dia 10. Fui escolhido por gostar de Star Wars, de ficção científica e da maioria dos ícones de uma geração que é considerada nerd, esforçada na escola, introspectiva e antissocial. O mais bacana de conversar com o pessoal foi justamente desfazer um pouco desse estereótipo. 

Ajudei minhas entrevistadoras com respostas bem completas para suas perguntas: Disse que não era antissocial na escola, mas que apenas escolhia minhas companhias pelo que gostava, como muitas pessoas fazem, sem serem nerds. E disse o que achava sobre a tribo das nerdices: Tem muito pouco a ver com Darth Vader e mais a ver com a curiosidade em determinados assuntos, como ler um bom livro e discutir sobre ele.

A revista vai ser distribuída em escolas públicas no Capão.

Veja algumas fotos das páginas da revista dos jovens logo abaixo. Para ampliar, basta um clique.



De qualquer forma, a sensação de dar entrevista é sempre estranha, mesmo quando sua fala está reproduzida com fidelidade no texto. Você sempre sente uma distância entre o que está registrado e o que você é de verdade. Fica com dúvida se deveria ter sido mais sério, ou mais divertido com seu entrevistado. 

A grande verdade é que há roteiros para fazer boas entrevistas, mas nunca uma regra para ser um bom entrevistado. Há aqueles que dão as informações. Outros que passam bem por cima dos principais assuntos. E muitos não fornecem a informação que o jornalista tanto procura.

Nesse clima de estranheza, o jornalismo vai seguindo.

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