domingo, 27 de maio de 2012

Edu Falaschi no Angra: Uma estrada de altos e baixos


Edu Falaschi saiu do Angra no último dia 24, deixando, na banda, quatro álbuns e um EP. Cobrado desde sua entrada, em 2000, para superar o cantor André Matos, Falaschi enfrentou altos e baixos no grupo. Para entender melhor sua passagem no Angra, comentarei sobre o material que contou com a participação do vocalista ex-Symbols, que atualmente está no Almah.

Rebirth é um CD muito parecido com o primeiro disco, o de estreia, Angels Cry, e com o som tradicional que o Angra fazia até então.

Lançado em 2001, com um DVD ao vivo em seguida, o material mostra Edu Falaschi tentando cantar como André Matos, em composições que abusam de notas altas e falsetes no vocal. 

O resultado não é 100% do que Falaschi poderia oferecer para a banda, mas as canções estavam inspiradas na época. Grudentas, como Nova Era e Heroes of Sand, elas continuam no setlist da banda em suas apresentações hoje.


Hunters and Prey é um EP que segue apenas como uma continuação de Rebirth. Chama atenção pela faixa título cantada tanto em português quanto em inglês, além de outras surpresas.

Edu Falaschi arriscou um cover de Mama, do Genesis. A música pop não ficou ruim em seus vocais, mas é notável que foi apenas uma homenagem despretensiosa.

Mesmo com esse bom material de 2002, o Angra parecia se repetir com Edu Falaschi nos vocais. Foi nesse ponto da trajetória que eles se prepararam para produzir o melhor material até então.


Temple of Shadows foi uma surpresa muito positiva em 2004 e foi provavelmente o melhor álbum de Falaschi com o grupo. Os falsetes ainda estão com o Angra, mas Edu Falaschi aprendeu a usar os graves sem mudar muito o tom das músicas. Kiko Loureiro estava inspirado nos solos. Rafael Bittencourt fez bases de arrepiar. Aquiles Priester e Felipe Andreoli fazem uma das cozinhas mais consistentes da história da banda.


Se Edu Falaschi deixou alguma herança na era pós-André Matos, foi este CD: Um material de qualidade, com alcance internacional e absurdamente rápido e empolgante.

Vale até pela participação de Milton Nascimento.

Foi a partir de Aurora Consurgens, o último disco com o baterista Aquiles Priester, que o Angra de Falaschi começou a derrapar.

Os vocais de Edu Falaschi já não tinham a mesma potência aguda, o que aumentou as comparações com André Matos entre os fãs. Poucas músicas grudaram na cabeça do ouvinte deste CD, como The Course of Nature.

A banda tentou experimentar novos sons, fazer elaborações dignas de metal progressivo, e não do som que faziam até então. Isso foi 100% ruim? Não, mas não fez tanto sucesso.



Por fim, Aqua volta a ter uma pegada próxima de Temple of Shadows em músicas como Arising Thunder. Mesmo assim, Falaschi não faz um trabalho notável, assim como a banda, em tentar composições simples e empolgantes.

O conceito por trás desse CD é a obra literária A Tempestade, de William Shakespeare. A ideia é interessante, mas a execução não parece clara. Para quem não sabe a história, Aqua pode passar em branco quanto a sua temática.

Esse lançamento encerra a era de altos e baixos com o cantor Edu Falaschi na banda. O Angra precisa se reinventar? Precisa. Mas é possível perceber que os fãs gostam de um determinado tipo de som na banda.

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