quarta-feira, 17 de junho de 2009

Boemia e libertinagem é comunicação?


No clima frio e parcialmente chuvoso de Santa Rita do Sapucaí, cidade interiorana do sul de Minas Gerais, estudantes universitários de comunicação fizeram a festa entre competições esportivas. O feriado de Corpus Christi, entre os dias 11 e 14 de junho, foi a data dos Jogos Universitários de Comunicação e Artes, evento conhecido como JUCA. Afinal de contas, entre cervejas e as chamadas “baladas”, há realmente comunicadores?

Por Pedro Zambarda

A Cásper Líbero, a Escola de Comunicação e Artes da USP (ECA-USP), a Universidade Presbiteriana Mackenzie, a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e Campinas (PUC e PUCCAMP), a Universidade Metodista de São Paulo, a Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), o Centro Universitário Belas Artes foram as instituições de ensino superior em comunicação presentes no evento. Nos jogos de inúmeras modalidades esportivas, os times dos mackenzistas se destacaram por consecutivas vitórias, classificações e campeonatos vencidos. Em compensação, a interação social tanto dos atletas quanto de sua torcida era geralmente agressiva com as outras escolas. A imagem do Mackenzie era associada a pessoas arrogantes.

Os rapazes da Metodista, especialmente torcedores, eram um misto de respeito e brincadeiras com os demais estudantes. “JUCA integração” eram as palavras da vez para escolas mais receptivas. Apesar de contar com estudantes de outras universidades em sua torcida, como a Anhembi Morumbi, Uniban, FMU e até da Politécnica da USP, a Cásper teve uma integração maciça de alunos com a ECA. Isso era visível quando estudantes embriagados comemoravam nas ruas do alojamento da Cásper na madrugada do dia 13, festejando em volta de um hidrante e falando impropérios sobre os mackenzistas diante dos semáforos e dos carros.

Mas a grande questão é: há realmente uma integração entre as escolas? Seus gritos de guerra, músicas, xingamentos e esportes são realmente comunicação? As torcidas, caso sirvam como comparação, apareceram com roupas personalizadas e fazem um show a parte, com baterias pesadas e contagiantes. Cásper Líbero foi reforçada pelo Aguante Rojo, uma torcida mais radical, que provoca com gritos constantemente e reforça o lado boêmio dos estudantes. O Mackenzie e a Faap trouxeram cheerleaders, as famosas torcedoras femininas com saias e pompons que instigam os observadores. Toda essa festividade se justificou?

Se nos interarmos sobre o que aconteceu nas festas juvenis, as baladas, talvez uma evidência fica mais clara sobre nossas dúvidas. Não aconteceram realmente muitas conversas lá dentro, mas uma música que absorveu os jovens, além da interação corporal quando eles resolveram “ficar”. Essa palavra curiosa surgiu de uma necessidade de classificar os beijos e carícias dados apenas por uma noite. Em outros casos, o contato se estendeu até a cabana ou dentro dos alojamentos das escolas, em relações sexuais casuais. É um contato intenso, mas não profundo, não pleno segundo os padrões familiares tradicionais.

O JUCA então foi um entorpecimento. Não se trata de classificá-lo como bom ou ruim. Os futuros “comunicadores sociais” não buscaram o mais completo entendimento em uma festança em Santa Rita do Sapucaí, mas apenas uma distração descompromissada, além de piadas e histórias a serem contadas e relembradas. Para alguns, foi um ritual de passagem dentro do meio universitário. Não foram necessárias muitas palavras para abordar uma garota, ou várias, nas confraternizações. Para outros, o evento foi apenas um bom feriado para passar com colegas de estudos, que estavam todo o tempo juntos e não apenas na sala de aula.

Há pessoas que ainda podem deduzir uma comunicação completa nesse tipo de evento: do jovem consigo mesmo. Dentro da sociedade, ele é obrigado a lidar com pessoas e situações pelas quais não está pronto. Uma festa com álcool, amigos e sexo permite que eles se libertem dos problemas cotidianos. Fazem isso entre berros, exageros e muito esporte.

6 comentários:

Unknown disse...

Já foi em dois JUCAs. A única integração entre faculdades que existe no Juca são linguas se rossando, nada mais. É algo legal, vc se diverte, bebe, bebe, bebe, esquece dos problemas durante quatro dias e curti muito com os amigos. Mas não tem nada que seja único ou memorável.
Pelo menos pra mim é claro

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Lendo isso, dá até para ter a impressão de que o Pedro foi um santo no JUCA...

marcelo disse...

Pedro,

Você bebeu feito um louco (ou estava só fingindo a embriaguez?). DORMIU na primeira "festa juvenil" da Liga e teve que pegar carona com um caminhoneiro para voltar para o alojamento. Parecia um idiota na festa do alojamento, tropeçando em tudo e em todos. Cantou E xingou durante os jogos.

Não costumo entrar aqui, mas depois de ler o texto sobre o JUCA, não pude deixar de comentar.

Priscila Jordão disse...

Senhor Pedro, posso saber por que a ECA não está nas tags?? hahaha =P

Pedro Zambarda disse...

Inserindo, hahahahahahaha

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