terça-feira, 3 de janeiro de 2012

E se a Cauda Longa, popularizada por Chris Anderson, estiver (parcialmente) errada?


Imagine uma situação simples: Você criou uma banda e colocou as músicas dela na rede online MySpace. Possibilidades sucesso ocorrem se ela estiver bem colocada no buscador Google, uma vez que tem várias com som parecido. A outra possibilidade é você conseguir um link entre seu pequeno projeto e algum maior na internet, que favorecem sua popularidade na rede e, ao mesmo tempo, dão ao visitante outra forma de entrar em sua página.

Considerando esse problema, veja a teoria e uma crítica, logo abaixo.

O escritor, jornalista e editor da revista WIRED, Chris Anderson divulgou o conceito de Long Tail, Cauda Longa, em 2004, num livro de mesmo nome. O conceito é a tendência de mercado da internet atual: Quanto mais popular um produto, mais caro ele será para ser distribuído, ao mesmo tempo que os exemplares de nicho se aproximam de um custo zero de distribuição. Isso ocorre na internet, com a livre circulação de conhecimento, em que apenas determinados conteúdos apresentam preços variados.

Até hoje, essa premissa de Anderson determinou como funciona boa parte da chamada "nova economia" com recursos eletrônicos e digitais que aceleram sua difusão. No entanto, ao mesmo tempo em que o Google popularizou blogs e produtos que jamais teríamos acesso andando em um shopping, criou um cenário de disputa por audiência e por boas colocações no buscador mais acessado do mundo.

Dessa forma, sites de determinados assuntos estão mudando seus próprios padrões de publicação. As pessoas perceberam que conteúdos mais buscados no Google rendem acessos que não se espera. Então, os "Trending Topics" do Twitter e os assuntos recomendados na rede social Facebook tornam-se fontes para que sites de nicho atinjam outros públicos. Não basta fazer conteúdo de nicho bom, mas sim de conseguir links para ser acessado, diversificando um pouco sua própria pauta.

É o tal do SEO, a otimização de buscas. Ela custa - diferente do que Anderson alega - tempo, notoriedade e, em alguns casos, dinheiro (para melhorar o servidor do site, por exemplo). O custo para investir num site de nicho faz a teoria da distribuição ir para baixo, em partes. Ele teoricamente é fácil de ser acessado, mas luta para sair do nicho e estar em posição de destaque em outro site - o Google.

O buscador não integra tudo de maneira igual, embora o custo de entrar no fim da fila seja zero. No entanto, ainda somos lineares, por mais que exista a internet que integra todos os websites.

Esses meus argumentos, essas hipóteses, de maneira nenhuma, estão baseados em estatísticas consolidadas da economia ou do tráfego digitais. O que tenho em mente é o ranking Alexa de melhores sites e a observação do conteúdo dos portais e grandes sites da internet, incluindo os de vendas de produtos. Vê-se, constantemente, manobras de marketing disseminadas em redes sociais de pequenos perfis, quebrando a ideia que o site pequeno se sustenta sozinho. Ou que o grande website não dá a mínima pras páginas com poucos acessos.

O site pequeno pode até ter custo zero, mas em determinado momento ele vai querer se popularizar. E vai usar o mainstream para crescer, se for preciso.

Um artista pode até começar no MySpace, mas, provavelmente, ele vai querer um contrato com uma gravadora reconhecida se tiver algum sucesso em sua carreira.

PS: Que fique claro nesse texto opinativo e empírico: Admiro profundamente Chris Anderson e seu trabalho na WIRED, que inclusive gerou seus livros. Mas me dei no direito de fazer uma análise sobre esse princípio de economia digital.

PS²: Este é o post de número 1000 do blog Bola da Foca, entre textos publicados e rascunhos. Parabéns para todos nós.

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