segunda-feira, 8 de junho de 2009

Exterminador do Futuro - A Salvação

Ficou faltando algo...

Em meados dos anos 80, um jovem diretor, até então desconhecido, revolucionou o cinema de ação com um roteiro incrivelmente ambicioso e complexo para o gênero, aliado a uma incrível criatividade e eficiência nas cenas de ação. O filme ainda transformou em astro um ator austríaco que ainda engatinhava nos EUA. O diretor? James Cameron. O filme? Exterminador do Futuro. O ator? Arnold Schwarzenegger. 25 anos depois, a quarta parte da franquia chega aos cinemas (quase) sem Arnold, sem Cameron e, pior, sem criatividade.

Exterminador do Futuro – A Salvação surgiu da necessidade que os produtores tinham de fazer renascer a série após o fiasco crítico (e não de público) que foi o terceiro episódio, ainda com Schwarzy (como irei chamá-lo aqui). Para isto foi decidido mudar tudo. Saí o cenário atual e entra o deserto pós-skynet (que poderia tranquilamente ser o cenário de qualquer Mad Max). Saí de cena o inimigo único de cada filme e entra em cena a luta contra a Skynet em si, com centenas de exterminadores, de todos os tipos imagináveis. E, naturalmente, saí de cena Schwarzy e um jovem John Connor e entram Christian Bale, na pele de um Connor que já lidera a fé da resistência, embora não seja o líder militar, e Sam Worthington, no papel que dá liga à obra.

No roteiro, assinado por John D.Brancato e Michael Ferris, o futuro em que Connor vive não é o mesmo que sua mãe havia lhe predito. A Skynet se tornou mais poderosa, a devastação foi maior do que a prevista e a resistência se resume a focos isolados em diversas cidades ao redor do mundo. As coisas mudam quando se descobre uma freqüência de sinal de ondas sonoras capaz de romper a conexão da Skynet com qualquer um de seus exterminadores. Simultaneamente, John precisa proteger seu futuro pai, o atual adolescente Kyle Reese. Para complicar ainda mais as coisas, John tem que descobrir quem é e o que planeja Marcus Wright (Worthington), um homem que supostamente morreu no século início do século XXI, mas acorda em 2008 sem se lembrar de nada. Resumidamente, o roteiro não é nem um pouco simples.

O ponto é que esta aparente confusão sempre esteve presente na série, que tem como base as viagens no tempo. No entanto, quando isso era colocado nas mãos de James Cameron, o diretor conseguia facilmente articular tudo de forma eficiente, desenvolvendo os personagens plenamente ao tempo que produzia as melhores cenas de ação da época. E este talvez seja o grande problema de T4: McG não é James Cameron.

Obviamente os vários furos no roteiro não são culpa de McG, mas a sua falta de habilidade para cuidar da parte dramática da historia se mostra algo extremamente problemático. Em nenhum momento o diretor se esforça para tornar John Connor o líder magnético que ele deveria ser. Só acreditamos em Connor graças ao natural carisma de Bale. Worthington até se mostra um bom ator em seu primeiro papel de destaque. No entanto, ele acaba se perdendo em meio a gritos desnecessários e uma inconstância irritante em seu personagem: ora é um cara heróico e simpático, ora é uma pessoa explosiva que grita com crianças e expulsa pessoas de carro na base da pancada.

Contudo é necessário reconhecer alguns méritos existentes na produção e na própria direção de McG. Embora não tenha a criatividade de Cameron, as cenas de ação se mostram incrivelmente eficientes. A seqüência do posto de gasolina é de tirar o fôlego. São quase 15 minutos de ação ininterrupta, com exterminadores de todas as espécies, jogos de câmera que dariam inveja a John Woo e uma mixagem sonora impecável. Mas ainda sentimos falta de algo a mais, daquela cena que ficará marcada na memória, como o tiroteio no bar do primeiro filme ou a perseguição do T-1000 em um caminhão no segundo.

No entanto, o grande feito da obra, se resume mesmo a uma única cena, sem nenhum mérito de McG ou dos roteiristas. A ponta de Arnold Schwarzenneger é uma das cenas mais fantásticas do cinema desde já. A cena é uma viagem no tempo que faz com que seja impossível não ficar atordoado ao ver ali na tela: em cenas inéditas, o T-800 de 1984, com trinta e poucos anos, está no auge da sua forma física lutando com Christian Bale.

Filmes de ação devem ser vistos e analisados de acordo com o que se propõem. É isto que faz com que cineastas como Michael Bay sejam bem sucedidos, pois eles entregam aquilo que prometem e nada mais. Exterminador do Futuro – A Salvação seria um ótimo filme se não fizesse parte de uma franquia tão completa como a criada por James Cameron. Porém, pertencendo a série, ele acaba no triste hall das continuações divertidas, porém esquecíveis.

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