Por Agência Brasil, via Portal Brasil
A Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), um dos maiores eventos literários do mundo, iniciou sua 12ª edição nesta quarta-feira (30). Os ingressos para as 20 mesas de debates foram esgotados em poucos dias e nem mesmo a chuva e o frio parecem incomodar os visitantes que passeiam pelas ruas de paralelepípedos desnivelados da cidade histórica de Paraty, na Costa Verde fluminense, às vésperas do evento.
A estimativa de público para os cinco dias de evento é de cerca de 25 mil pessoas, quase a população total da cidade, de pouco mais de 30 mil habitantes. Segundo a prefeitura, a ocupação hoteleira já chega a 92% e deve alcançar os 100% no fim de semana.
As atividades desta terça (29) ficaram por conta da Flipinha, um dos eventos paralelos à feira, voltado para o público infanto-juvenil. Apesar da chuva e do frio, a tenda de 700 metros quadrados ficou repleta de pais, professores e, sobretudo, crianças, que apresentaram os trabalhos desenvolvidos nas escolas da região ao longo do ano.
A auxiliar administrativo-financeiro, Will Gonçalvez, levou a filha de 3 anos, que se apresentou no palco com os coleguinhas da escola. Para Will, que participa da Flip há dez anos, a inclusão das crianças na festa tem se intensificado. “A organização está tendo uma preocupação maior com as crianças, que estão participando mais. Isso é muito bom, pois contribui para a formação de futuros leitores”, avaliou. “Ela tem os livros dela, gosta de pegá-los, saber do que tratam. Percebo que ela já tem muito interesse”, completou.
A curadora da Flipinha, Gabriela Gibrail, explicou que, além das atividades permanentes, foi criada uma biblioteca com acervo de 12 mil livros para as crianças e adolescentes da cidade. “A Flipinha é uma festa para comemorarmos os resultados deste trabalho de base desenvolvido ao longo do ano”, comentou ela.
Quarenta e sete autores estão confirmados no evento oficial e a agenda inclui cerca de 200 atividades, entre debates, shows, exposições, oficinas, exibições de filmes e apresentações de escolas.
Uma das novidades deste ano é que o show de abertura, com a apresentação da cantora Gal Costa, foi gratuito. Além disso, haverá transmissão ao vivo da programação principal em um telão na praça central da cidade. O evento também poderá ser visto pela internet.
O homenageado desta edição, o escritor, cartunista, dramaturgo e jornalista Millôr Fernandes, que morreu em 2012, terá mesas de discussão sobre sua obra e importância para a sociedade brasileira e até um jornal diário durante todo o evento, o Daily Millôr. Os debates serão divididos em temas: Crítica ao Poder, Imprensa, Questão Indígena, Ciência e Humor.
Os eventos paralelos são gratuitos e também muito disputados. O FlipZona, criado em 2009, é dedicado aos leitores adolescentes. O Circuito Off Flip, criado há dez anos para prestigiar as produções artísticas e culturais alternativas e independentes, cresceu tanto que divide as atenções dos participantes do circuito oficial com atrações espalhadas pela cidade e dezenas de autores e convidados.
Pela primeira vez em Paraty, a antropóloga equatoriana Janet Yepez pretende assistir aos debates sobre poesia e questão indígena, além de participar de algumas atividades da Flipinha. "Faço canções de ninar para crianças, então, para mim algumas atividades da Flipinha são imperdíveis, pois esse mundo das crianças para mim é incrível", disse. Janet pretende voltar a Paraty para conhecer melhor a cidade. "É uma cidade belíssima, mesmo com chuva. Voltarei com certeza”.
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