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Mais de 100 pessoas participaram de uma manifestação hoje (30) em frente ao Ministério das Relações Exteriores contra a posição do governo brasileiro de condenar Israel "por uso da força desproporcional" na Faixa de Gaza.
Líderes dos manifestantes foram recebidos pelo subsecretário para Assuntos de África e Oriente Médio, o embaixador Paulo Cordeiro, e conversaram por cerca de uma hora. O embaixador recebeu um manifesto de entidades cristãs e da comunidade judaica no Brasil. Segundo a assessoria de imprensa do ministério, os documentos serão analisados pelo Itamaraty.
Para os manifestantes, o governo brasileiro errou ao condenar Israel sem fazer qualquer menção ao movimento islâmico Hamas. Os manifestantes, de igrejas evangélicas e da comunidade judaica, também criticaram a decisão do governo brasileiro de chamar o embaixador do Brasil em Tel Aviv para consultas.
Segundo Kélita Rejanne Machado Cunha, que participou da manifestação, o subsecretário disse que o Brasil não tem a intenção de romper relações diplomáticas com Israel, mas não há previsão de retorno do embaixador brasileiro para Israel. De acordo com a manifestante, Cordeiro também enfatizou que o país não é a favor dos atos praticados pelo Hamas.
A manifestante acrescentou que a comunidade judaica e cristãos vão continuar a defender uma mudança na postura do governo brasileiro. “A gente vai continuar a dizer que o Brasil precisa ter uma posição coerente, de equilíbrio, uma postura de mediador. Essa forma do Brasil conduzir a situação não vai levar a nenhum tipo de solução”, acrescentou.
Na última quinta-feira (24), o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, defendeu a posição do governo brasileiro que, em nota divulgada no dia 23, condenou “energicamente o uso desproporcional da força” por Israel em conflito na Faixa de Gaza, levando à morte centenas de civis. O ministro também disse que o Itamaraty já havia divulgado nota condenando o movimento islâmico Hamas pelos foguetes lançados contra Israel, e também Israel pelo ataque à Faixa de Gaza.
O chanceler também defendeu a posição brasileira assumida no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. O Brasil votou favoravelmente à condenação da atual ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza e à criação de uma comissão internacional para investigar todas as violações e julgar os responsáveis.
Vencedores do chamado Nobel Alternativo assinaram uma declaração em que denunciam a "matança" de crianças e civis em Gaza e exigem o fim do conflito. "Como vencedores do Right Livelihood Award, popularmente conhecido como Prêmio Nobel Alternativo, nós condenamos energicamente a matança de centenas de crianças e civis inocentes, executada em Gaza pelo exército israelita, além do indiscriminado lançamento de mísseis por parte do Hamas sobre civis de Israel", diz o comunicado.
No abaixo-assinado, subscrito por 56 vencedores, é citado o abastecimento precário de água e eletricidade em Gaza, situação que ficou pior ao longo dos 23 dias de confronto, e o fato de "aproximadamente 24% de todos os que perderam as suas vidas em Gaza serem crianças". Entre os assinantes estão o brasileiro Leonardo Boff, professor universitário conhecido pela defesa de causas sociais; o canadense Tony Clarke, fundador do Instituto Polaris, que apoia movimentos civis pela mudança social democrática; e o holandês Theo van Boven, professor emérito de Direito Internacional e ex-diretor da Divisão para os Direitos Humanos das Nações Unidas, em 1977.
O prêmio foi fundado em 1980 e é apresentado todos os anos no Parlamento da Suécia. O prêmio nasceu da necessidade de "honrar e apoiar aqueles que oferecem respostas práticas e exemplares aos desafios mais urgentes que enfrentamos hoje". O Right Livelihood já foi entregue a 153 pessoas de 64 nacionalidades diferentes.
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