Você já deve ter lido críticas falando mal de Avatar, nova obra cinematográfica em 3D de James Cameron. Pode ter visto, também, textos falando apenas dos bons aspectos técnicos do filme, que revolucionaram a computação gráfica com duas câmeras que se movimentam imitando as pupilas dos olhos humanos, as três dimensões mais fiéis a realidade (diferente de tudo o que já foi feito). Esta pequena resenha, ao contrário dos outros exemplos, pretende tratar o assunto de maneira mais equilibrada.
Não, a história de Avatar não é revolucionária. Mas isso não significa que seja ruim: os humanos viajaram 5 anos pelo espaço até chegar no planeta Pandora, que possui recursos que valem milhões de dólares e todo um ecossistema único. No acampamento dos homens, há dois tipos de liderança, sendo a doutora Grace Augustine (Sigourney Weaver) uma pesquisadora da vida alienígena e o coronel Miles Quaritch (Stephen Lang) a presença militar necessária para a sobrevivência de todos. Augustine consegue, através de um tratamento inovador, transferir a consciência humana para corpos (avatars) de habitantes chamados Na´vi, seres grandes e azuis, similares a répteis. Um dos hospedeiros dessa experiência é Jake Sully (Sam Worthington), um fuzileiro da marinha que não tem muita graduação como pesquisador, mas que se fascina por Pandora e seu habitat único.
Sully consegue ganhar a confiança dos verdadeiros Na´vi, povo guerreiro escondido nas florestas, ao conhecer Neytiri, uma arqueira filha do líder de um dos clãs locais. Grace se interessa pela interação de Jake Sully para conhecer mais ainda sobre os mistérios dessa espécie. O coronel Quaritch, o administrador Parker Selfridge (Giovanni Ribisi) e todo o setor militar se interessam pela investigação para conseguir chegar até as riquezas naturais do planeta sem agressão, promovendo trocas. Sully, pouco a pouco, passa a se interessar menos pelos assuntos dos dois grupos e passa a ser cada vez mais querido na tribo. Sua admiração pelo estranho e o desconhecido é comparável a do filósofo francês Jean-Jacques Rousseau, que afirmava, no século XVIII, a liberdade do "bom selvagem" sendo superior comparada aos limites do homem moderno.
Falando de maneira descontraída e simples, Avatar é um conto similar ao de Pocahontas, transformado em filme pela Disney em 1995, ou ao de Iracema, escrito por José de Alencar. Todo seu enredo é sobre o que é conhecido, os homens, com o desconhecido, os Na´vi, que é fascinante. A metafora dos homens no planeta Pandora com a colonização americana é inevitável. No entanto, Cameron parte de um pressuposto diferente que valida todo seu enredo: que Jake Sully não pretende voltar a ser humano, pois ele prefere, num processo progressivo, se tornar um Na´vi, um alien, um estranho. A fascinação de Sully não é a de alguém distante do outro, mas aquela que realmente está disposta a abandonar tudo o que possui. No meio desse conflito pessoal, o coronel Quaritch começa uma guerra contra o planeta para retirar os recursos naturais à força. O filme inteiro é uma forma clara de contar como nós mesmos estamos acabando com o planeta Terra hoje, em tempos de aquecimento global.
Os cenários da floresta de Pandora não são similares com nossas vegetações terrestres. A equipe de Cameron criou uma fotografia que, mesmo mostrando diversas folhagens, consegue transmitir um mundo totalmente estranho ao nosso. Os pântanos se iluminam sozinhos na escuridão e lembram desenhos do designer, arquiteto e especialista em capas de CDs de música Roger Dean. Avatar tem arte conceitual muito similar aos álbuns de bandas de rock progressivo como Yes e Gentle Giant.
Os cenários da floresta de Pandora não são similares com nossas vegetações terrestres. A equipe de Cameron criou uma fotografia que, mesmo mostrando diversas folhagens, consegue transmitir um mundo totalmente estranho ao nosso. Os pântanos se iluminam sozinhos na escuridão e lembram desenhos do designer, arquiteto e especialista em capas de CDs de música Roger Dean. Avatar tem arte conceitual muito similar aos álbuns de bandas de rock progressivo como Yes e Gentle Giant.
Não vou contar o final do filme, mas James Cameron deixa brechas abertas o suficiente para ter uma continuação ao nível de Star Wars. No entanto, para que o feito seja possível, ele terá que desenvolver a história usando a demora de viagem entre os homens, além da transformação dos próprios personagens que já aparecem nesse capítulo. Ele terá, como George Lucas fez em O Império Contra-ataca, aprofundar todos os pontos que apareceram apenas superficialmente na história de Jake Sully, o novo "bom selvagem".
Veja abaixo o trailer do filme e um vídeo explicando sobre a tecnologia estereoscópica usada por Cameron no filme:
Um comentário:
Hahahahahahaha
Mal posso esperar pela resenha de Sherlock Holmes!!!
Postar um comentário