Estamos a pouco mais de um mês das eleições americanas, e nunca a corrida pela Casa Branca foi tão decisiva quanto em 2008. Em meio à uma das maiores crises econômicas da história dos EUA, só agora, em seus últimos dias de mandatos, o povo americano consegue ver as consequências de 8 anos de um politica irresponsável do governo Bush. Obviamente, como disse o professor de economia da Faculdade Cásper Libero, Adalton Diniz, não recai apenas sobre os ombros de George W. Bush a culpa pelo atual momento. Boa parte se deve a uma “farra de bancos que brincaram com dinheiro que não tinham”, como esclarece Adalton, e agora recorrem ao dinheiro público, naquilo que muitos analistas americanos estão chamando de “ponte Marx-Engels”. Do nada, o mundo descobriu que Bush tem um voraz socialista escondido dentro de seu armário.
Mas à merce de discussões sobre o mega-pacote econômico, o mundo hoje se questiona quais os efeitos da crise em relação às candidaturas de John McCain e Barack Obama. Tais mudanças apenas estão começando a aparecer, e muitas ainda são especulativas, mas não existem quaisquer dúvidas sobre seu tamanho. E quem parece mais preocupado a primeira vista é, obviamente, John McCain. O senador republicano vinha em uma crescente desde a convenção republicana em Agosto, chegando até a superar Obama em 1 ponto percentual. Até tal momento, os fundamentos de sua campanha estavam baseados em um distanciamento seguro da figura de Bush (que se firma a cada dia como o presidente menos popular da história) e a seguidas acusações de fraqueza e inexperiência por parte de Obama. As críticas vinham sendo aceitas pelo eleitorado norte americano, que sentia os efeitos de uma crise que vinha se prolongando mais do que devia, mas ainda de forma lenta, e continuava com sua natural paranóia em relação à política externa. Tudo isso somado a uma primeira boa impressão, embora acompanhada de certa estranheza, em relação à escolha de Sarah Palin como vice. Enfim, McCain havia achado o caminho certo para seguir até Novembro.
Já Barack Obama vinha enfrentando um perigoso ostracismo de sua campanha. Estagnado no discurso de mudança que se tornava repetitivo, o senador de Illinois teve a boa impressão deixada na convenção democrata ofuscada por uma ainda melhor convenção republicana, e pela escolha do insosso Joe Biden para vice. Ao contrário do que se vê aqui no Brasil, a escolha do vice é muitas vezes determinante nos EUA. A importância dada ao cargo é tanta, que é tradição o debate dos candidatos a vice-presidente (realizado na última semana). A escolha de Biden foi tão controvérsia, que temeu-se que pudesse afastar até mesmo os próprios eleitores democratas, já que muitos apostavam numa chapa Obama-Clinton. Além é claro do sempre presente, mas nunca citado racismo, fator que será determinante na eleição entre o caucasiano McCain e o mestiço Obama.
Em recente post em seu blog, o jornalista da Folha de S.Paulo, Sérgio Dávila mencionou a capacidade de crise americana em “embranquecer” Obama. A crise que atingiu proporções catastróficas há duas semanas promete se arrastar por todo mandato do próximo presidente, e estar ligado a Bush neste momento não é um bom negocio. Toda a artilharia da campanha democrata teve seu alvo alterado, saindo do Iraque e apontando para Wall Street. O fato é que ninguém, seja McCain ou Obama, querem admitir que as maiores instituições financeiras dos EUA, como a AIG, são as principais culpadas pelo caos que o mercado vive hoje, e desta forma restam apenas as figuras de George W. Bush e Henry Paulson para serem atacadas, e para o azar do presidente, Paulson tem pouco, ou nenhum, peso na corrida eleitoral. De forma resumida, enquanto Obama e Biden batem como um peso pesado em Bush, McCain se encontra em uma trincheira política, sem poder atacar o governo republicano, mas sem poder pensar em defendê-lo. Resultado disso tudo: Barack Obama disparou na liderança da corrida para a Casa Branca.
Segundo a última pesquisa eleitoral, Barack Obama tem 9 pontos percentuais de vantagem em relação a John McCain. No entanto, a pesquisa mais importante no momento, segundo Sérgio Dávila, é outra: 47% dos americanos acreditam que Obama é o mais qualificado para liderar o país no momento de crise, enquanto apenas 35% acreditam em McCain. Ou seja, além de ter assumido a ponta, a campanha de Obama hoje se encontra em viés de alta. Enquanto isso o senador republicano luta contra uma queda de braço dentro do próprio partido, que se divide entre apoiar ou não o pacote econômico, e com os constantes deslizes de Sarah Palin, que apesar de conseguir votos conservadores, vem dando mais dor de cabeça do que alivio ao candidato. As próximas semanas serão decisivas. Ainda restam mais dois debates em rede nacional e o desenrolar imediato da crise esta apenas começando. Ou seja, nada está decidido nem contra e nem a favor de Obama ou McCain, e qualquer deslize será imperdoável. Só resta ao mundo, e ao mercado, esperar e especular.
Um comentário:
Obama praticamente ganhou um presente na crise econômica, porque isso faz com que ele avance ainda mais nas pesquisas. A única coisa que eu espero realmente é que os americanos dêem mais importância a todos os problemas financeiros e não à cor da pele do candidato.
Mas estamos falando de EUA, portanto, não duvido de nada...
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