A história por trás de uma “emissora-escola” e das escadas para lugar nenhum.
Por Julia Corradi e Luma Ramiro Mesquita
“Sabe quantos anos tem este senhor que manda para o programa essas informações históricas? 80 anos? Não. Apenas 18!” As aspas são do jornalista Paulo José de Andrade, referindo-se a Elmo Francfort, durante o programa “O Pulo do Gato” da Rádio Bandeirantes.
Agora com 26 anos, Elmo Francfort é pesquisador. Oriundo de uma família de pioneiros e profissionais de diversos ramos da comunicação no Brasil, também dentro da TV Gazeta, foi um dos pioneiros na Internet sobre sites de história da televisão brasileira. Hoje é responsável pelo Museu da TV na Internet (www.museudatv.com.br) e assessor da presidência da Pró-TV, responsável pela curadoria do acervo da Associação dos Pioneiros da TV. Também escreveu o livro Rede Manchete,aconteceu virou história, sobre a história da antiga TV Manchete.
Pesquisador apaixonado por história, Elmo tinha apenas 12 anos e já ajudava seu irmão, Arthur Ankerkrone, coordenador de uma parceira da TV Gazeta em Santos, levando fitas para a sede. Ele destaca: “A TV Gazeta nunca deu grandes passos, porém é uma escola para muitas emissoras”.
Elmo afirma convictamente: “Na História da TV, a Gazeta é uma injustiçada!”. Explica que a injustiça deve-se a pouca valorização e reconhecimento que a emissora tem. Afinal, ela sempre lança nos meios midiáticos, pessoas muito talentosas como: Fernando Meirelles, Marcelo Tas, Carlos Nascimento, Silvia Popovic, Paulo Marcum, Serginho Groisman, entre outros. Além disso, ele diz que a TV Gazeta é uma emissora “Co-Irmã”, isto é, ela não coloca a disputa por audiência acima da cordialidade. Diversas vezes ela ajudou outras emissoras, como emprestando equipamentos para a Rede Globo, após o famoso incêndio. Houve também muitas co-produções como o programa Vila Sésamo, produzido pela TV Cultura e TV Globo, com equipamentos da TV Gazeta.
De acordo com ele, nas primeiras coberturas a cores de corridas de Fórmula 1, a TV Gazeta possuía os melhores equipamentos da América Latina. O segundo slogan da TV faz alusão justamente a isso: “Imagem colorida de São Paulo”. A corrida de São Silvestre também foi idealizada por Cásper Líbero e realizada exclusivamente pela Gazeta por muitos anos.
Outro aspecto importante é a identidade extremamente paulistana da Gazeta, cujo jornal impresso, foi o meio que mais apoiou a Revolução de 32. Como muitos paulistas não faziam idéia do que acontecia na capital, A Gazeta foi responsável por esse intercâmbio de informações. Atualmente, a TV possui um caráter menos regionalista.
Assiduamente empenhado neste novo projeto, Elmo pode revelar sobre a TV Gazeta o que muitos que passaram e ainda estão no meio não sabem. Ele teve acesso inclusive ao projeto inicial da planta do prédio que “é o coração da Avenida Paulista” e cujo objetivo era ser o mais alto da América Latina. No entanto, a planta original do prédio foi bastante modificada, mesmo ao longo de sua construção. Elmo atribui a isso a existência de elementos absurdos no prédio como elevadores que ninguém conhece e escadas para lugar nenhum.
A Rede Gazeta, criada em 1991, permite que os funcionários cresçam: alguns dos melhores câmeras de São Paulo começaram como office-boys. A Fundação Cásper Líbero possibilita também que muitos alunos e ex-alunos continuem na fundação trabalhando. Por ser criada a partir do testamento de Cásper Líbero, é mantida com carinho pelos funcionários e mostrou-se uma fundação solidária.
Bola: Por que você resolveu fazer o livro? Quem te pediu isso?
Elmo: Trabalho há mais de dez anos como pesquisador de TV. E recentemente lancei o livro “Rede Manchete: Aconteceu, Virou História” (“Coleção Aplauso”), da Imprensa Oficial do Estado. Para mesma pesquisei os livros sobre a Tupi, Excelsior e Paulista. E aí, o Rubens Ewald Filho, coordenador da “Aplauso”, me convidou para escrever outro livro sobre televisão.
B: O que você pretende com o livro?
E: Minha meta é registrar a história da TV Gazeta, de forma que a coloque no seu merecido lugar na trajetória da televisão brasileira. Foi a grande pioneira da TV colorida. O primeiro programa colorido, com transmissão regular, foi “Vida em Movimento” (da Vida Alves, que prefaciará o livro). Ele estreou antes da estréia oficial da TV em cores (transmissão que foi capitaneada não apenas pela Globo, mas também pela Gazeta). Muitos pioneirismos a Gazeta teve. Inaugurou até a TV colorida da Argentina. Grandes talentos surgiram aqui, como Sérgio Groismann, Faustão, Cléber Machado, Joelmir Betting, Silvia Poppovic, Paulo Markun, Marcelo Tas, Fernando Meirelles, entre outros. A TV Gazeta fez muito pela televisão. Até socorreu a Globo e a Cultura com seus equipamentos quando foram afetadas por incêndios. É uma história que merece ser registrada. E luto para que, com esse livro, a Rede Gazeta seja ainda mais respeitada pelo meio televisivo. Com a obra a maioria passará a conhecer a história da TV Gazeta. E como a "Coleção Aplauso" chega até fora do Brasil, além de todos os estados, quem sabe ajude na expansão da rede de emissoras da TV Gazeta.
B: Com a ajuda de quem você está contando?
E: O primeiro contato foi com o Sérgio Felipe dos Santos, Superintendente Geral da Fundação. Num efeito viral, fui ganhando a colaboração de todos, tanto da direção da Fundação, como da TV. Dentro da emissora, Silvio Alimari e o Fabio Rolfo foram os primeiros a me apoiarem. Hoje, sinto que a receptividade nos mais diversos departamentos. Na Gazeta Doc, que me abriu os arquivos, no Tráfego da TV Gazeta, entre os funcionários do canal, e até na biblioteca da faculdade. Era isso que eu queria: um livro feito por todos. Aliás, quem quiser dar sua entrevista, mande um e-mail para mim no elmo@francfort.com.br ou deixe um recado para mim na Supervisão de Operações da TV (6º andar) com os contatos.
B: Por que a Gazeta?
E: O Rubens sabia de minha relação com a TV Gazeta e da dificuldade em encontrar bibliografia sobre a emissora. Quando falei que possuía material e meios de conseguir mais, ele ficou entusiasmado com a idéia. Meu tio, Luiz Francfort, guardou muita coisa. Ele esteve na Gazeta por duas vezes. Ocupou cargos de chefia, como diretor artístico de Rádio e TV, e diretor-adjunto do Marco Aurélio Rodrigues da Costa (1ª diretor-geral do canal 11). Ele diz que a TV Gazeta é a “filha” dele e tenho imenso respeito por essa “prima”. Foi aqui na Gazeta que ele conheceu minha tia. Décadas depois, meu irmão (Arthur) implantou a sucursal CNT Gazeta Baixada Santista. Eu o ajudava a carregar as fitas com as matérias locais lá para o tráfego. Digo que aqui foi meu primeiro trabalho, como “office-boy”. Freqüento esses corredores desde garoto, me sinto em casa. E fico feliz de ver tantos amigos daquela época ainda hoje dando sangue pela TV Gazeta. A relação familiar que tenho com a Fundação vem antes de sua inauguração, quando meu avô Julio Francfort escrevia para “A Gazeta”. Ele conheceu Cásper Líbero. Mas isso conto em outro momento! Histórias não faltam.
A previsão de lançamento é no primeiro semestre de 2009, próximo do 120º aniversário de Cásper Líbero (2 de março). O livro chegará em um momento oportuno: próximo dos 40 anos da "nossa" TV Gazeta (25 de março de 2010).
4 comentários:
Achei fantástico o tema e a entrevista =D
Quem é Julia Corradi?
beijos!
Júú!!
Minina, como é que vc consegue tempo pra fazer matéria?
Parabéns, o texto tá bem bacana ;D
e gazeta emprestando material pra globo? quem diria...
Foram mais de 3 horas de entrevista, ou melhor, de gravação sonora da entrevista.
Elmo foi muito gentil e contou bastante coisa. Eu havia feito minha "lição de casa" (como diria Celso Unzelte) direitinho e tinha muita informação sobre ele.
Ich denke, dass Sie sich irren. Geben Sie wir werden es besprechen. Schreiben Sie mir in PM, wir werden reden. viagra f?r die frau boehringer levitra preis [url=http//t7-isis.org]cialis 20mg[/url]
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