Ex-estudante da Escola de Preparação para Cadetes do Ar (EPCAR), Marcelo Tas foi convidado por representantes do Comando Militar do Sudeste, com sede em São Paulo, para uma palestra durante o II Estágio de Comunicação Social entre os dias 10 e 18 de novembro de 2008. Com uma platéia formada essencialmente por estudantes de jornalismo e militares, o apresentador, que completou 49 anos ontem, trouxe temas sobre as novas mídias na atualidade, passando desde o choque de gerações que ocorre com sua implantação até a mudança das formas de educar crianças e jovens para esse novo universo.
Relatando sobre sua experiência como bolsista de estudos de comunicação em Rádio e TV da New York University, em 1988, Marcelo Tas se considera "primeiro internauta" no Brasil, pois teve acesso privilegiado aos primeiros Personal Computers (os populares PCs ou computadores pessoais) e a uma conexão internet, focada especialmente para estudos acadêmicos. Essa inovação só veio ao nosso país ao longo da década de 1990, principalmente após o governo de Fernando Collor.
Esse interesse por tecnologias, segundo o apresentador, vem também de sua experiência na Escola Politécnica da USP, única graduação universitária que obteu (os estudos de Rádio/TV na Escola de Comunicação e Artes, a ECA-USP, feitos depois, não foram concluídos). Fazendo uma brincadeira com a platéria, Tas perguntou qual invenção humana teria contribuído mais com a comunicação, dando como opções de resposta a roda, o computador, livros ou os números. "Normalmente falam dos livros, que foram fortemente propagandeados pela prensa inventada por Gutenberg e em seu primeiro exemplar produzido em série, a Bíblia, que é um best-seller até hoje como todos sabem" - alegou, falando sobre a resposta mais aceita. "No entanto, ele não as numerou. Então, a pessoa que deu número para cada página, que indexou o conteúdo, criou a primeira rede de comunicações apreensível por qualquer pessoa. O mundo digital é justamente isso" concluiu o apresentador.
Sobre a diferença entre o digital e as tecnologias antigas, como o sistema analógico que existia em celulares, Marcelo Tas fez uma explicação teórica utilizando os vídeos cassetes como exemplo. "O sistema analógico de uma fita, por exemplo, se faz pela leitura das ondas elétricas que ele propaga. No sinal digital, como muitas pessoas puderam ver na TV Brasil que tem essa tecnologia, as ondas elétricas se equivalem a um número e, se esse número não é reconhecido, o sinal simplesmente deixa de funcionar" explicou Tas. E complementando: "por isso, quando você fazia apenas uma cópia do VHS (fita cassete), havia comprometimento da imagem na leitura das ondas. Imagine na cópia da cópia? Com essa conversão numérica nas atuais tecnologias, a qualidade é mantida. Temos ai, senhores, a criação da pirataria".
"Era digital é da transparência, em todos os sentidos da palavra. É importante que possamos dialogar para entendê-la" disse Marcelo Tas, colocando as explicações técnicas em um contexto maior. Respondendo perguntas de alunos de jornalismo da Faculdade Cásper Líbero, ele deu destaque ao preconceito que existe contra blogueiros, sobre os materiais que existem na internet, chamados injustamente de "superficiais", e sobre qualquer tecnologia nova que apareça. "Muitos professores encaram a web como se fosse a televisão no começo do século XX. Taxam o aparelho como "instrumento do mal". Nem internet e nem televisão são maléficos. O que vale na comunicação são os usos que fazemos desses instrumentos".
2 comentários:
- Pô, todo mundo usa essa foto, meu. Até o "vídeo-vinheta" que o Exército usou para ilustrar o Estágio, ainda bem que tu não viu, pois tava cheio de fotos na pose gabeira. Porque tu não põe a foto que tu mermo tirou, criatura de deus????
- Falou da pirataria, mas não contou a história do maconheiro!!!!!! (aposto que vai ter algum troxa te perguntando sobre isso)
- Se você fosse preguiçoso o suficiente para ver a palestra seguinte, aposto a minha peruca que o nosso querido Marcelo Ataíde não seria o assunto de hoje.
O Marcelo Tas sempre foi uma das principais personalidades a entender a mídia popular um passo a frente das outras. Desde o Ernesto Varella na redemocratização, passando pela criação do Vitrine na Cultura e por fim chegando ao CQC Brasil, que é completamente original em relação aos outros.
Suas opiniões são mais validadas que as de muitos teoricos espalhados por ai, na minha opinião.
Postar um comentário