domingo, 3 de maio de 2009

Jon Lord e as origens do Deep Purple

Foto de Mateus Mondini, no G1.

Os quase 70 anos de idade não abateram Jon Lord diante do público diverso e agitado de São Paulo, no último dia 2, às 18h de um sábado. Era a abertura da Virada Cultural de São Paulo na Avenida São João, região central da metrópole. Acompanhado pela Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, tendo o maestro Rodrigo de Carvalho como regente, o especialista em órgão e teclados do Deep Purple fez uma apresentação que resgatou as raízes da banda, praticamente uma vanguarda musical no final dos anos 1960.

Concerto for Group and Orchestra, disco de 1969, foi executado na íntegra. A maioria dos presentes, até alguns fãs hardcore da banda, não estava em sintonia com a peça, feita antes de Machine Head, disco de maior sucesso do Purple. Não era uma apresentação de grandes hits. Mesmo assim foi inevitável não reparar na incorporação rica de elementos do rock, como a bateria e guitarra elétrica, de maneira tão harmônica aos violinos, violoncelos e ao próprio órgão Hammond B3 de Lord. A música erudita contagiava os presentes. Muitas pessoas, mesmo sem conhecer esse trabalho mais antigo, entravam em transe durante o espetáculo.

Seguiu-se um solo de bateria de Steve White, baterista com peso e velocidade absurdos. Kasia Laska, cantora da banda solo de Lord, também quebrou um pouco o clima da orquestra para cantar um dos sucessos do tecladista. Wait a While trouxe a atmosfera mais triste e um piano melancólico. Mesmo com toda essa apresentação especial, o show ainda estava estranho aos fãs do Purple.

Lord então começou a brincar com seu órgão, após agradecer o público, e todos começaram a entender o que viria. Pictures of Home rasgou com os agudos do Hammond e o vocal inspirado de Steve Balsamo, embora ele não seja versátil como Ian Guillan, do Deep Purple original. A guitarra Gibson SG de Chester Kamen deu o peso típico da banda. Nada podia estar melhor.

Veio então Soldier Of Fortune, composta originalmente por Lord, Richie Blackmore e David Coverdale, junto com alguns problemas. A voz de Balsamo não era suficientemente flexível para as nuances da música, rica dessa maneira graças a Coverdale. Entrou Kasia Laska para ajudá-lo. O resultado? As duas vozes "brigavam" e a música saiu distante do original, apesar da vibração do público.

Child in Time deu uma melhor afinada nos músicos, fechando o show. Mesmo com o agudo intenso e demorado de Ian Guillan na canção original, as vozes somadas de Laska e Steve Balsamo conseguiram acompanhar a execução com maior fidelidade. Solos de guitarra inspirados de Kamen deram a "cara mais Deep Purple" da apresentação, cobrindo bem a parte de Blackmore.

No entanto, não posso terminar esse texto sem falar dos problemas que também ocorreram: as caixas de som estavam com volume estourado e com qualidade também comprometida, especialmente com a distorção dos instrumentos elétricos ou os tons agudíssimos do órgão Hammond de Jon Lord. O telão que exibia o show teve problemas no final, quando "cortou" a parte de cima da tela. Por último, não custa mencionar a altura do palco, péssima para quem estava perto da grade. Muitos tiveram, realmente, que levantar o pescoço para ver pouca coisa do senhor tecladista.

Para conferir outras programações da Virada Cultural, que ocorreu entre os dias 2 e 3 de maio, clique aqui.

4 comentários:

Will disse...

Parece-me que este ano o caráter econômico do governo municipal fez-se presente quanto ao equipamento.

Não obstante o evento ter sido 'menor' - segundo o orçamento -, a quantidade de pessoas presentes pareceu bem maior.

Por fim, não fosse a quantidade de pessoas, a apresentação teve outro problema quanto à microfonação dos instrumentos: ela não foi sutil a ponto de não interferir no timbre...

Marcelo disse...

O Jon Lord não compôs "Wait a While" pra voz da Kasia Laska. A cantora polonesa está na banda dele desde fevereiro, enquanto a canção já tem mais de 10 anos. É do disco "Pictured Within", de 1998. Originalmente - e inclusive na versão do show que recuperou a partitura do Concerto, em 1999 -, ela era cantada pela Sam Brown. O Concerto também não foi "feito" com a Orquestra Sinfônica de Londres. Foi tocado com ela em 1999, originalmente foi tocado com a Royal Philharmonic Orchestra... mas foi composto basicamente pelo Jon Lord, com pitacos do maestro Malcolm Arnold. Se você gostou da obra, recomendo este artigo: http://www.musicweb.uk.net/arnold/lord.htm

Pedro Zambarda disse...

obrigado pelas correções.

Cauê Fabiano disse...

Tamn, dawg!hahaha

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