Texto publicado em 1765 para as grandes massas, Conselhos a um jornalista foi finalizado pelo filósofo e pensador Voltaire em 1737, na Holanda. Ao contrário da maioria dos intelectuais franceses - e indo na tendência do Iluminismo -, François-Marie Arouet "Voltaire" era a favor de uma linguagem acessível e até coloquial para defender seus argumento, ensaios e tratados que fizeram sucesso no século XVIII.
A obra, que não é tão reconhecida como Micrômegas, Cândido e outros livros, é a reunião de um texto sobre conselhos para jornalistas de sua época e artigos publicados no Jornal de política e de literatura e na Gazeta literária da Europa. A miscelânea é agradável de ler e não parece um texto de filosofia, embora Voltaire mostre um estudo profundo sobre o pensamento ocidental.
"Acima de tudo, ao expor opiniões, apoiando-as ou combatendo-as, evita palavras injuriosas que irritam um auditor e muitas vezes toda uma nação, sem esclarecer ninguém", afirma o pensador em seu texto, indicando a filosofia como um estudo das opiniões e das verdades históricas. Voltaire também recomenda o estudo aprofundado de história, comédia, tragédia, poemas, literatura geral e estilo. A formação humanística que o intelectual propõe é atual e razoável.
Embora Voltaire queira um jornalista que não abuse de opiniões maliciosas, suas resenhas sobre livros são repletas de ironias. Mesmo com esse teor, ele procura fundamentar todas as críticas negativas o que faz, com um comprometimento responsável ao escrever seus textos. Certamente, essa é uma capacidade que muitos jornalistas não possuem hoje. E que muitos não tinham em sua época.
A história, para Voltaire, é uma paixão natural do jornalismo, porque todos querem se encaixar nessa verdade que transpassa os tempos. O estudo de teatro, poesia e literatura é, para ele, o desenvolvimento da estética, do divertimento, do conhecimento e do humor. Ele não encara a formação do jornalismo como algo sisudo e chato, apenas baseado em fatos. Na descrição do mundo, a imprensa deve receber influência da cultura até mesmo para se corresponder melhor com seu público.
Mesmo para quem não gosta muito de filosofia, o livro é altamente recomendado. Reúne um intelectual sincero e suas opiniões sobre o papel dos jornalistas.
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