The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars popularizou o chamado Glam/Glitter Rock e fez uma história conceitual sobre a própria música
Por Pedro Zambarda de Araújo
Feito originalmente para o site Whiplash.net
Quando um jovem, que é inglês e observador, como sempre foi, chega aos Estados Unidos da América, sua vida sofre drásticas alterações. Em 1971, o músico David Bowie teve essa experiência, saído de uma sociedade conservadora e mergulhando no universo underground norte-americano, com bandas como Velvet Underground, The Stooges e, principalmente, The New York Dolls, que despertou profunda admiração.
Por Pedro Zambarda de Araújo
Feito originalmente para o site Whiplash.net
Quando um jovem, que é inglês e observador, como sempre foi, chega aos Estados Unidos da América, sua vida sofre drásticas alterações. Em 1971, o músico David Bowie teve essa experiência, saído de uma sociedade conservadora e mergulhando no universo underground norte-americano, com bandas como Velvet Underground, The Stooges e, principalmente, The New York Dolls, que despertou profunda admiração.
Os Dolls, grupo do guitarrista Johnny Thunders e do vocalista David Johnansen, utilizavam roupas de mulheres em suas apresentações, apesar de serem heterossexuais, em sua maioria. Aquilo despertou em Bowie um personagem que marcaria sua carreira nos anos 1970: Ziggy Stardust, um marciano rockstar que é enviado até a Terra para transformar a mente dos seres humanos. Com a maquiagem que caracterizou Alice Cooper, anos antes, o visual feminino e o cabelo repicado e tingido de laranja avermelhado, Bowie deixou sua fase hippie, onde usava cabelos longos e composições típicas da década anterior.
Essa explicação introdutória é necessária. O LP, posteriormente transformado em CD, The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars, de 1972, não é apenas uma simples gravação de músicas de sucesso, mas uma peça de teatro que caracterizou o aclamado glamour rock: bissexualidade, atitude, temas polêmicos, visual andrógino e forte interação com o público.
Sua primeira faixa, Five Years, inicia a história de Ziggy com todo o sofrimento existente na Terra. Com rimas simples, Bowie ilustra a vida cotidiana, enquanto berra em plenos pulmões o refrão, resultando em uma música de peso. Soul Love quebra o clima causado pela introdução, trazendo uma peça predominantemente acústica, com letras positivas de renovação e exaltação do amor. “New love - a boy and girl they talking” mostra uma admiração descompromissada.
Moonage Daydream, a terceira música, traz a intervenção dos marcianos, que falam de uma relação elétrica. David Bowie assume um vocal nitidamente afeminado, que caracteriza sua atuação como Ziggy Stardust, sob o som de piano, baixo, guitarra e bateria. Com a quarta faixa, a chegada triunfal do “alien” se concretiza, de forma quase divina. O solo de guitarra em seqüência dos acordes no violão cria uma harmonia em Starman, assim como sua letra tranqüilizadora: “There´s a Starman waiting in the sky...”.
Com uma melodia extremamente folk, It Ain´t Easy fala do duelo entre a satisfação e as dificuldades que se encontram no caminho. Lady Stardust, pela ambigüidade de sua letra, trata da sexualidade de Ziggy, além da natureza obscura e reflexiva de suas músicas. “And he was alright, the band was altogether” faz uma primeira menção à banda que acompanha Ziggy Stardust, chamada no CD pelo nome The Spiders from Mars.
Star, música chamada, originalmente, de Rock´n´Roll Star, fala sobre como se tornar um ídolo e mudar o mundo, tal como os músicos de rock. A canção é acompanhada por um piano constante, que marca uma progressão ritmada de seus instrumentos. Música com a introdução definitiva dos Spiders from Mars, Hang Onto Yourself é uma música com poucas letras e muito dançante, mostrando que a história conceitual não se manifesta somente por palavras.
Ziggy Stardust é a música que resume a obra de setentista de David Bowie: “Making love with his ego. Ziggy sucked up into his mind”. Vemos a clara decadência no glamour do astro, o retrato de crítico de Bowie sobre o cenário musical, embora ele mesmo participasse de orgias e tivesse uma vida bissexual pública, um cotidiano completamente desregrado e voltado para si mesmo.
Suffragette City abandona o vocal feminino de David para incorporar uma balada carregada antes da conclusão do CD. Rock´n´Roll Suicide conclui, na verdade, a música-tema Ziggy Stardust, mostrando o astro cometendo suicídio no palco, fumando cigarros que, no fundo, simbolizam sua vida. Bowie berra, antes da morte de Ziggy, o memorável “You´re wonderful! Gimme your hands!” que não se trata apenas de um clímax musical, mas do ápice de uma verdadeira peça teatral, seja sobre si mesmo ou sobre pessoas jovens que morrem após uma vida desvairada.
Com todas essas excelentes 11 faixas, mais os extras lançados na reedição do CD em 1990, como Johnny I´m Only Dancing, Velvet Goldmine, a inédita Sweet Head e as versões demo de Ziggy Stardust e Lady Stardust, temos em mãos não somente uma obra-prima comercial de 1970, mas um retrato artístico do que é viver o rock.
Não é pela rebeldia ou pelas aventuras sexuais que os cantores de glam viveram que a vida de quem admira o rock´n´roll é curta. Bowie não se restringe a demonstrar apenas seu estilo musical, porque a própria invenção de Ziggy Stardust e sua atuação remetem, além dos estereótipos, até emoções, êxtases.
Diversas teorias rondam esse material primordial para quem quer, realmente, conhecer a música dos anos 70. O próprio nome de Ziggy aponta diferentes influências de Bowie – uns dizem que veio de Iggy Pop, a versão oficial alega que a inspiração real foi Vince Taylor, frontman do The Playboys, da década de 50.
Vale a pena ouvir o material, que é raridade em lojas hoje em dia.
4 comentários:
bom, eu sou altamente suspeito para comentar qualquer coisa sobre David Bowie. Então só vou comentar sua análise: estruturalmente perfeita. muito boa
Ótimo texto. Sou muito critica quando se trata sobre o Bowie (e ciumenta). Mas realmente, o seu texto está de parabéns.
E com certeza é a fase do Bowie que mais gosto.
E raridade se souber aonde procurar.
Será que termos que ver Bowie morrer para dar o devido crédito ao seu trabalho na música?
Já vejo um show como o feito para Freddie Mercury...
É um artista dos mais completos do pop (canta e atua). Com vários anos de estrada e seus altos e baixos mais que normais.
Mas os altos se tornaram clássicos.
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