domingo, 20 de abril de 2008

Colégio com jeito de Faculdade


Federal de São Paulo: as histórias curiosas de seus estudantes

Fotos e Texto de Pedro Zambarda de Araújo, 2º Ano de Jornalismo
Faculdade Cásper Líbero

Andando pela Rua Pedro Vicente, você chega à entrada de uma escola diferente. O viaduto do metrô Armênia abriga a alma solitária dos mendigos que tentam dormir. Às 6h é perceptível um odor forte nas redondezas, algo que lembra biscoito, das indústrias. A Avenida Cruzeiro do Sul corta a rua ao meio, com um tráfego de automóveis respeitável por todo dia e alguns picos de engarrafamento.

Os seguranças do portão no número 625 da Pedro Vicente verificam carteirinhas e prontuários dos estudantes, evitando que visitantes entrem sem justificativa. Passando pelas grades, temos a sensação de adentrar em um campus universitário. É quase isso: o Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo, conhecido simplesmente pelo apelido “Federal” comporta alguns cursos superiores, como licenciaturas em Física e Geografia, além de várias disciplinas distintas, embora ainda não seja considerada universidade pela falta de cursos biológicos.

Apesar de ser, originalmente, a Escola de Mestres e Aprendizes de 1909, com o passar do tempo, a escola se firmou no domínio federal em cursos na área de edificações e mecânica. Esse diferencial criou o nome ETFSP (Escola Técnica Federal de São Paulo), que era concorrida nos anos 1970. Por isso, os alunos passaram a ser submetidos em um exame chamado vestibulinho, similar ao vestibular de alternativas, para entrar na escola, com vagas limitadas.

A área interna, formada por dois gigantes “caracóis” – edifícios com rampas em volta de suas estruturas – e um prédio que os conecta, permite observar vários problemas de infra-estrutura, como a conservação dos vidros. Qualidade, nessa escola, não é o edifício, mas sim as aulas.
Os professores têm formação ao nível dos alunos. Muitos têm mestrados e um corpo mais reservado possui graduação em doutorado. Danilo Densa, ex-aluno, afirma que “em diversas ocasiões, fomos tratados de igual para igual com docentes, mestres e doutores”. Outro ex-estudante, William Gnann, questionou a formação dos professores comparando com suas aulas. “Como em qualquer outra escola, tem-se excelentes professores, bem como professores ´não tão excelentes assim´. É que falta didática a alguns...".

O currículo dos estudantes de ensino técnico, com o passar dos governos, passou a se desprender da escola comum. Assim, durante a gestão Fernando Henrique Cardoso, cursos superiores foram criados na Federal e o ensino médio se isolou do técnico. A escola adquiriu o nome de Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET-SP) em 1999. Com a mudança de cursos, o colegial se diferencia com projetos experimentais, grêmio estudantil, teatro e música.

Densa, ex-presidente do Grêmio Livre Estudantil Charles Chaplin (GLECC), falou sobre um momento tenso na agremiação do ensino médio. “Houve a greve dos CEFETS e Universidades Federais em 2005, por 3 meses, que apoiamos pelo aumento salarial dos professores. Porém, a greve se alongou até o limite do ano letivo, o que fez os estudantes irem contra os professores”.

Apesar da parte política forte e dos alunos, o CEFET-SP também tem um diferencial entre os professores. Rafael Takano, ex-aluno da Federal entre 2001 e 2003, fala de um professor que considerou especial. “Lobinho dava provas em grupo. Um ano antes de eu ter aula com ele (2001), o professor chamou os pais de uma menina, porque ela fazia a prova sozinha e não deixava ninguém ver. O professor explicou o porquê da avaliação em grupo”. Rafael ainda enfatizou: “para ele, na vida, você nunca vai fazer as coisas sozinho, nunca vai chutar, vai ligar pro colega de trabalho, supervisor e perguntar ´pra que serve isso aqui, como eu posso fazer isso?´. Ele nos ensinou como lidar com isso, como se comunicar. A menina quase levou suspensão”.

Outro aluno de 2001, Ricardo Sousa Fukui, do curso superior de Licenciatura em Física, também fala de curiosidades da escola, embora seja mais crítico. “A direção não diferencia tratamento dos alunos do superior com alunos do ensino médio”, reclamou. Mas, apesar de suas queixas, Fukui acredita no potencial da escola.

O bosque, próximo à saída da Federal na Avenida Cruzeiro do Sul, é um atrativo que dá um diferencial nesse clima “quase universitário”. “Quando passei no vestibulinho, não acreditei que a área além dos campos fosse da escola. Achei surreal quando soube” declarou Takano. Fukui completa a descrição sobre o bosque: “Lá eu me sinto livre. Não por fazer coisas que não deveria, mas por saber que não preciso daquele tipo de fiscalização”.

E, com o burburinho dos passos sobre as folhas do bosque, a visão de duas torres, o logotipo CEFET-SP, o barulho do trânsito da Cruzeiro e a proximidade da escola com o Shopping D, visitamos esse local que guarda histórias estudantis com milhares de paradoxos.


6 comentários:

Pedro Zambarda disse...

As fotos são todas de minha autoria.

Unknown disse...

olha..o Fuser serve pra algo, nesse caso para uma ótima reportagem descritiva. Muito boa Pedro

Hugo Rosso disse...

O nome CEFET-SP foi escolhido em 98 e adotado oficial para o ano letivo de 99...

Pedro Zambarda disse...

Valeu Hugo. A fonte que me deu a data não era da época.

Abraço.

Lau disse...

ow velho, faltou falar da corrupção, das obras superfaturadas, do fim do ensino médio separado de técnico, do projeto do governo de torar o cefet 'popular' e não elititsta(em suma, mediocrizar o ensino e os alunos), o fato q já antes dessa udança o nivel dos alunos, tanto em capacidade cognitiva quanto em bagagem cultural e independência. os jovens inteligentes e consideravelmenteresponsáveis que entravam no cefet foram substituidos gradualmente por moleques fanfarrões sem cultura e dominados(voluntariamente) pela midia barata e pela bitolação. o que fez com que fosse(pelo menos oficialmente) diminuida a liberdade dos alunos, e esqtes que antes eram já tratados como adultos racionais desde seus 14 anos, agora são tratados como criancas birrentas e parcias, mesmo aos 21

AB78 disse...

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