quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O curioso caso de Rubens Barrichello

Rubens Barrichello se destacou sob circunstancias incomuns. Ele surgiu para a Fórmula 1 como um pequeno garoto vindo de São Paulo no meio de 1993, um ano após a aposentadoria de Nelson Piquet. Ninguém deu muita atenção pro menino, até um certo fim de semana no GP de Ímola, em 94. Na sexta-feira, Barrichello tocou uma zebra mais alta que o comum e sua Jordan alçou voo. O jovem piloto brasileiro foi parar no hospital, e Ayrton Senna se tornou uma espécie de porta-voz não oficial da equipe médica. No domingo, Senna morreu. E em meio ao luto pela morte do maior ídolo do país, o jovem paulistano ganharia status de novo messias do automobilismo brasileiro.

2009 foi um ano único nesta relação. Barrichello terminou 2008 sem um carro e muitos diziam que era seu fim na categoria. Quando a Honda anunciou sua saída da Fórmula 1, a aposentadoria do piloto, recordista de longevidade, era uma certeza. E não é que Rubinho voltou? Com uma virada de eventos surpreendente, Barrichello cravou seu nome na Brawn GP. A equipe se mostrou uma das maiores surpresas da história da Fórmula 1, voando nos testes em pré-temporada. Foi então que uma pesquisa do site Grande Prêmio mostrou algo inimaginável: ele passará a ser o piloto mais popular do país novamente, a frente de Felipe Massa. E mais: em outra pesquisa, em julho, a coisa se inverteu e Rubinho voltará a ser o alvo preferido de piadas no país. Quem quer apostar quem é o piloto mais popular hoje, depois da magnífica vitória no GP da Europa?

O carisma que Barrichello carrega é de uma dubiedade impressionante. Ao mesmo tempo em que suas declarações excessivamente ufanistas e mal pensadas atraem ira, também atraem compaixão. O próprio Brasil adora se menosprezar, fazer piada de seus próprios dramas e defeitos crônicos, embora também ninguém se exalte como nós quando conseguimos algo. Até troféu em golfe vira orgulho nacional. Barrichello é a síntese disso. Um brasileiro que, como diz a propaganda, "não desiste nunca", que só apanha por anos mas, quando vence algo, é como se fosse um título mundial.

A nova onda à favor de Barrichello surge quando novamente só temos ele a quem nos agarrar. Felipe Massa não morreu, mas dificilmente volta este ano, por conta do acidente com a mola. E há 18 pontos do líder – novamente um companheiro de equipe – pode ser que Rubinho dê o título para o Brasil, e nos faça cometer a maior das injustiças com ele: considerá-lo um gênio.

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