No Jornal da Globo, exibido à 00:15, a mesma reportagem foi reprisada, com direito a um tom mais pessoal usado por William Wack. Como era de se esperar, a Record não deixou barato, e desde seus primeiros programas da manhã anunciou a “verdade por trás das acusações da Rede Globo”. Resultado do troco: três reportagens exibidas em sequencia no Jornal da Record, resultando em mais de 15 minutos de ataques à Globo.
Não faria sentido descrever pontualmente cada reportagem, pois daqui a alguns minutos ambas estarão na internet. Mesmo assim, alguns pontos merecem e devem ser destacados. O primeiro deles é que a partir de agora a duas maiores redes de tv do país estão em uma guerra aberta. É uma relação mais agressiva que qualquer uma já vista desde a antiga briga Globo x SBT. O segundo ponto, este mais claro, é o uso do jornalismo como arma principal na briga entre as duas emissoras. Se a Record enfrenta o SBT em uma guerra de contratações, a disputa com a Globo é mais aberta – e suja.
E o terceiro e último ponto: na hora de fingir jornalismo, a Globo foi infinitamente mais competente. Primeiramente porque a acusação com Edir Macedo é sim noticia, tanto que foi noticiada em todas as outras emissoras abertas do país. A partir disto, a Globo se focou na figura de Edir Macedo e da Igreja Universal. Não é dificil criticar a ambos, que têm um longo histórico de denúncias e acusações. A Record foi citada duas vezes, como instrumento de lavagem de dinheiro. É uma acusação grave, no entanto, com evidências.
A Record não tinha argumentação nenhuma contra a Globo. O que se viu em seu jornal, apresentado pelos ex-globais Marcio Freitas e Ana Paula Padrão, foi um longo retrospecto de suspeitas e denuncias contra a Globo desde sua existência. Desde o contrato com a Time-Life, passando pelo apoio à ditadura, até uma denuncia sem muito embasamento sobre um suposto envolvimento da Globo em tentativas de impedir a reeleição de Lula. Enfim, especulações que podem se ouvir em todo lugar, mas sem algo básico para o jornalismo: evidências.
Em uma batalha deplorável onde o jornalismo de verdade foi esquecido e com apenas tranvestidos falando, a Globo mostrou muito mais competência na hora de fingir. A Record vem tentando copiar a Globo há tempos, mas não tem conseguido, e hoje percebeu-se porque. Falta competência, talento na produção e edição de reportagens. Falta, principalmente, uma noção que a Globo aprendeu a duras penas na retomada da democracia: que o telespectador pode não ser um gênio, mas não é tão burro quanto às vezes pode parecer.
10 comentários:
Não tive a chance de ver a Record "retrucar" hoje, mas ontem acompanhei essa reportagem da globo sobre o Edir Macedo; Inclusive achei muito didático aquele esqueminha, no Jornal Nacional, sobre somo eles lavam dinheiro usando empresas de fachada e contas no exterior... hahaha.
No exato momento pensei: com que "imparcialidade" a record vai falar dos escandalos envolvendo o pastor?
Será que os ditos jornalistas da rede record conseguirão dormir de consciência tranquila?
Velho, demais seu texto.
Só uma ressalva: as acusações da Globo quanto ao processo Time-Life/Ditadura não são nada infundados. Mas isso tá todo mundo careca de saber, e não tem a menor ligação com uma Igreja corrupta.
É agora que o dinossauro pisa nos demais?
(lamentável o jornalismo no meio desse processo. Uma prática que deveria ser valorizada)
Valeu Pedro. As denuncias infundadas a que me referi são as que a Globo sabotou Lula em 2006. Somente estas. A Time Life eh bem legitima sim.
A questão do Lula foi muito mais conspiração de outros órgãos, Veja por exemplo. A Globo foi contrária à campanha e eleição, mas, pra variar, fez vários acordos até cooperar com o presidente.
Mas há muito pouco material sobre isso, ainda.
Se o Brasil fosse um país sério as duas já tinha ficado fora do ar pelo menos algumas vezes durante sua história por não respeitar a lei de concessão.
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Concordo muito com o comentário acima.
É osso. Pimenta nos olhos dos outros é refresco, né? Nenhuma das duas perde oportunidade. E concordo, se o Brasil desse certo em qualquer sentido, não somente em jornalismo/entretenimento/show de horrores, as coisas seriam levemente diferentes. Mas ainda haveria ataques. Btw, ótima última frase! =D
Eu acho que nessa guerra as duas emissoras estão erradas. A Globo deixou bem claro, dedicando 10 minutos do seu telejornal de 45, que estava atacando a Record. No mesmo dia, o SBT fez uma matéria de 4 minutos e a Bandeirantes uma de 2 sobre o mesmo assunto. O telejornal da TV Cultura e o da Rede TV nem noticiaram o caso. Exagero da família Marinho, não?
É claro que o caso era notícia, mas também não era para tanto. Mais errada ainda foi a Record, que revidou com uma matéria sem sentido atacando a Globo. O que achei cômico foi ela anunciar o dia todo que teria uma grande reportagem para mostrar como a Universal do Reino de Deus utiliza o dinheiro dos fiéis. No final, deu 5 minutos para a tal notícia, e mais de 11 para o ataque aos Marinho.
Essa briga é lamentável e quem perde é o telespectador, que ao invés de receber infomarção de qualidade fica no meio de uma guerra que não lhe diz respeito.
Escrevi um post no meu blog a respeito => http://www.arianefonseca.com/index.php/de-olho-na-midia/consideracoes-sobre-a-guerra-entre-globo-x-record
CLAVIUS
QUAL RAZÃO DESTA DISPUTA?
- PAÍS CATÓLICO
- PRECONCEITO RELIGIOSO
- INVEJA
- CONCORRÊNCIA
- POLÍTICA
NUM PAÍS DE LOBO, TODOS TEM RAZÃO
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