sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Chickenfoot

A meia idade faz bem ao Hard Rock

Supergrupos não tem vida muito longa. Geralmente são feitos por um bando de caras que tem muito nome, que na maioria das vezes sabem tocar muito, mas, por obra do destino, não tem mais por onde fazê-lo. Foram os casos do Velvet Revolver e do Audioslave. Agora temos o mais novo membro da espécie que nasce com nomes de peso: Chickenfoot. Um nome engraçado pra uma banda formada por caras como Sammy Hagar, Joe Satriani e Michael Antony. Juntos com o baterista Chad Smith, ex-membro do Red Hot Chilli Pepers, o Chickenfoot resolveu fazer algo impensável no mainstream de hoje: o bom e velho Hard Rock. Sem frescuras, sem modernizações e só puro talento.

O talento dos quatro homens de meia idade nunca foi questionável, mas a forma deles sim. Que Satriani toca em trezentos projetos por ano e o mundo sabe do que ele é capaz, isso ninguém duvida. Mas quanto a Sammy Hagar e Michael Antony, a questão era outra: Antony foi enxotado por telefone na volta do Van Halen, e muitos questionaram sua carreira. Já Hagar há muito tempo não se colocava para cantar de verdade, em algo grande. O que se pode dizer é que o resultado é uma grande surpresa.

Com uma levada um pouco mais swingada que o Van Halen na fase de Hagar, clara influência da bateria de Smith, e conduzido pela guitarra mais pesada e menos virtuosa de Satriani, o Chickenfoot faz um tipo de música que não se imaginaria sendo feita há 20 ou 25 anos, mas que nos remete inevitavelmente àquela época. A vontade que passa por nossas cabeças ao ouvir algumas músicas do álbum é de pegar um carro e dirigir com a janela aberta por rodoviárias. O típico clichê do rock, mas sem a conotação negativa da palavra.

Tecnicamente falando o álbum soa extremamente equilibrado para um supergrupo. É verdade que em muitos momentos a guitarra de Satriani se sobressai sobre o resto, mas de uma forma natural e extremamente benéfica. Michael Antony conduz uma "cozinha" poderosa, que ao mesmo tempo lembra as estruturas clássicas do Hard Rock, porém com seu toque único. A música é liderada por um dos grandes baixistas do gênero e um baterista com estilo completamente diferente – pois Chad Smith realmente é distinto. A combinação dos três é simplesmente bombástica.

Em músicas como “Oh Yeah” e “Sexy Little Thing”, sentimos que eles tocam juntos há décadas. Na maravilhosa “Future in the Past” visualizamos o ápice do talento de cada músico. Dessa forma, o trabalho do vocalista poderia até ser facilitado, mas quando quem segura o microfone é Sammy Hagar, o normal não é o bastante. Se David Lee Roth é a cara do Van Halen quando pensamos na fase “Jump”, são poucos que questionam a evolução melódica que a banda teve quando passou a ter Hagar como voz. E mesmo batendo na casa dos 60 anos, “Red Sammy” ainda mostra uma potência vocal assustadora. Não há uma falha sequer durante as doze faixas do álbum.

Pode ser verdade que supergrupos não duram muito. Dois, três álbuns depois eles acabam. Assim como também é verdade que a maioria deles não contribui em nada para a música – vide Velvet Revolver. Mas seguindo a tradição dos dois primeiros álbuns do Audioslave, o Chickenfoot mostra que tem sim algo a dizer. Ou melhor dizendo: não, eles não tem nada para dizer, porque isso é coisa de moderninho. Eles simplesmente querem entrar em um estúdio, ligar os amplificadores e tocar, tocar e tocar. Algo básico, prático, simples e que não se via no rock há algum tempo.

Banda: Chickenfoot
Álbum: Chickenfoot
Músicas: 12 faixas
Distribuidora: Importado

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