segunda-feira, 14 de março de 2011

A Revolução Jasmim segundo Ferreira Gullar


"O assunto é complexo por muitas razões e, particularmente, porque cada um daqueles países tem composição social, histórica, cultural e política diversa, mas, às vezes, com fatores idênticos, indo desde os fatores religiosos até as divergências tribais. Essa interpretação parece pertinente pelo fato mesmo de que a maioria dos promotores da revolta é constituída de jovens que, graças à internet, tomaram conhecimento que uma sociedade mais aberta e mais moderna é possível", afirmou o escritor vencedor do Camões de 2010, Ferreira Gullar, em sua coluna no caderno Ilustrada da Folha de S.Paulo de ontem, dia 13 de março.

O texto, batizado com o nome de Se a História tem lógica..., mostra que as análises políticas e econômicas sobre as revoluções na Tunísia, Egito e Líbia não conseguem conclusões sólidas sobre os eventos pelo frescor dos envolvidos. Muitos são jovens que, tanto pela força do mundo online quanto pela ocupação de praças e a utilização de armas, estão mudando a configuração do Oriente Médio e do Norte da África.

Gullar nos convida a uma análise mais complexa do evento, incluindo seus riscos. Ele relembra que Muammer Gaddafi já foi um revolucionário contra um regime monárquico repressor. Hoje, o estadista está há 40 anos no poder, eliminando seus opositores. Mas será que podemos ser otimistas quanto aos jovens de hoje? Talvez sim, eles possuem o benefício da internet, que é a informação dada e refletida.

Temos que ser céticos ao constatar que, seja quem assumir o poder, o governo não será perfeito. Mas temos que admitir que lutar por uma sociedade democrática e aberta a outras influências é, sim, uma vitória no oriente. E talvez seja uma mudança que o ocidente ainda não tenha entendido por completo.

E ele ainda debocha: "Gaddafi, por exemplo, veste-se como um personagem mítico que ora é um imperador, ora um beduíno, ora um marechal, dando-nos a impressão de que está prestes a desfilar na Marquês do Sapucaí".

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