terça-feira, 2 de setembro de 2008

Robinho moleque


Robinho despontou para o futebol mundial como o atacante extremamente habilidoso e ágil que era a cara (junto com Diego) daquele excepcional time do Santos em 2002. Seu futebol parecia ser a síntese daquilo que gostamos de chamar de “futebol brasileiro”: rápido, franzino, com dribles de entortar quaisquer marcadores. Enfim, não foram poucos que profetizavam Robinho como um futuro melhor do mundo, o melhor craque que surgira neste país desde Ronaldo.
Mas o tempo passou. Em 2003 Robinho decidiu que queria ser negociado com o Real Madrid. Sim, ele decidiu acompanhado pelo seu empresário Wagner Ribeiro. Em uma novela que durou mais de um mês, Robinho protagonizou uma das atitudes mais anti-profissionais que o país viu nos últimos tempos. O jogador, que ainda tinha contrato vigente com o Santos, se negou a jogar pelo time da baixada, alegando que estava infeliz e que desejava jogar pelo time de Madrid. O presidente Marcelo Teixeira bateu o pé, alegando que Robinho não sairia se o time merengue não pagasse a multa rescisória, que girava em torno de 30 milhões de euros. No final, Teixeira acabou cedendo Robinho por 25 milhões de euros. Durante esse período, o jogador se negou a treinar no CT Rei Pelé, além de não jogar qualquer partida ou nem ao menos participar de eventos publicitários com a camisa do Santos. Robinho saiu de lá brigado com todos, exceto, é claro, com seu bolso.
E quem diria que toda essa história descrita no parágrafo anterior de repetiria? Ontem Robinho conseguiu fazer com o Real Madrid aquilo que fez com o Santos, mas desta vez não se saiu tão bem como antes. Desde que a janela no mercado Europeu se abriu em julho, Robinho começou a fazer uma forte pressão sobre seu time para que fosse liberado. O destino seria o Chelsea, que teria se interessado pelo atacante graças a um pedido de Luiz Felipe Scolari. O jogador novamente bateu o pé, da mesma forma que como fez no Santos. Ainda com contrato em andamento, foi à imprensa e disse que se sentia infeliz no Real, que seu relacionamento com companheiros e técnico não era bom, e ainda afirmou que não foi respeitado pelo time madrileno. Sua desculpa: seria usado como uma moeda de troca na tentativa do Real em contratar Cristiano Ronaldo perante o Manchester United. O que de fato não é verdade, mas, ao mesmo tempo em que alguém que se diz tão ciente do mercado do futebol como Robinho e Wagner Ribeiro, se sabe que isso não é desrespeito algum. O grande problema que o jogador encontrou em sua cruzada contra a vigência de um contrato legal é que, infelizmente para ele, o Real Madrid não é o Santos.
O Real Madrid literalmente colocou o moleque de castigo. Se ele não queria jogar, a equipe espanhola fez com que jogasse em amistosos sem importância. Se não queria treinar, fez com que o jogador treinasse com o time reserva. Se ele queria sair, que qualquer time pagasse a multa recisória, estimada em 40 milhões de euros, valor este que Robinho não se fez por merecer nos últimos anos, sendo apenas um jogador regular, nunca próximo do “grande craque” predito.
Por fim, a novela acabou antes de ontem, com a transferência acertada com o Manchester City, e não com o tão sonhado Chelsea. Ele conseguiu aumento de salário: 6 milhões de euros por ano, mas nunca chegará a ser o melhor do mundo no Manchester City. O time luta na UEFA apenas brigando sempre pelas quinta ou sexta colocações no campeonato inglês. Robinho definiu o que quer para a sua vida, e escolheu o dinheiro em vez da carreira. E pior, definiu dessa forma seu caráter perante o mundo, que não é dos melhores. Uma pena, um garoto com um futuro tão promissor que se transformou em um moleque.

Um comentário:

Pedro Zambarda disse...

O ego não subiu, mas moldou a cabeça do Robinho.

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