domingo, 7 de setembro de 2008

Independência E Morte

Às margens do Ipiranga foi escrito o óbito do Brasil, o óbito brasileiro. No discurso monarquista, no discurso republicano, na ditadura profana e nessa porca democracia estão o sepultamento implícito, a tragédia explícita.

Das reclamações do bar até os castos discursos repúblicanos, essa ideologia que me causa repugnância revira meu estômago recheado pela feijoada domingueira e pela frustração da ausência de um feriado semanal, pela ausência de um dia que me entorpece. As costeletas peludas de Dom Pedro I boiavam no caldo que embalsamava e irrigava o feijão preto. Essas costeletas peludas que não diferem da barba messiânica do filho e nem do terno italiano do Maluf Salim, nem dessas personalidades pseudo-africanas, desses amantes-do-marfim. Amantes da África Brasileira que ouviram no Ipiranga, às margens turvas.

Então, quando as aulas de segunda-feira no pré-primário iniciarem, provavelmente estamparão um quadro de Pedro Américo e um discurso homérico. Enquanto o script é cumprido, enquanto o pobre está faminto e o pseudo-rico preocupado lhe cede esmola, o calor brasileiro embolora a bandeira rasgada na lata de lixo, nesse país do bicho.

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