Morre Machado de Assis, em 29 de setembro de 1908.
Muitos meninos, como meu irmão ou qualquer um que não goste muito de literatura luso-brasileira, não ligarão muito para essa data de 100 anos atrás, 11 anos depois da Fundação da Academia Brasileira de Letras. No entanto, o acontecimento não é relevante apenas pelo falecimento do presidente de uma congregação acadêmica tão influente no território nacional, não é importante por ele ter sido o autor do ambíguo Dom Casmurro, do irônico Quincas Borba ou do mórbido Memórias Póstumas de Brás Cubas. Esse acontecimento é importante por retomar uma trajetória de textos e de intelectuais que, de certa forma, são alguns dos orgulhos que o Brasil pode, realmente, exaltar.
Machado era jornalista. Talvez não fosse o modelo ideal de jornalista. Machado era funcionário público. Talvez fosse apenas mais um funcionário público que os brasileiros tiveram, enfiado na sujeira que são as práticas governamentais. Machado era um negro que subiu na vida, mais um pobre quase nobre. Machado é assunto de palestras, de aulas, de discussões, de imposições de leitura. No entanto, Machado não é apenas Machado. Pensando em futuro, Machado também é Guimarães Rosa e Drummond, escritores diferentes mas inspirados nele. Machado é escrita inteligente, é ter influências de Shakespeare para compôr um Dom Casmurro, ou falar da morbidez de Brás Cubas sem cair na depressão emocional de um Álvares de Azevedo, nem a promiscuidade extremada de um Lord Byron.
Machado é brasileiro. É inglês, é as modas francesas burguesinhas, é acadêmico, é vulgar, é sinestésico, é poético em prosa, é cultural em retalhos, é crítico, é misterioso e generoso em sua obra. Eu lançaria Machado como real representação do Brasil, e não a malandragem de Macunaíma, que apresenta apenas um aspecto nosso. Lançaria Machado de Assis e discutiria sobre seu feito histórico não porque a escola mandou, mas porque existe um mundo múltiplo em suas produções, que são vivas. É um mundo que pulsa, que não se vale por reduções nacionalistas ou ufanistas, ou mesmo por uma visão de mundo delimitadora.
"Ao vencedor, as batatas".
Personagem Quincas Borba, Memórias Póstumas de Brás Cubas.
(Frase encontrada no próprio livro Quincas Borba, também.)
Sopa de Letrinhas são crônicas (que deveriam ser) publicadas às quintas-feiras.
Falam de comunicação, de protesto e contra-protesto.
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