sábado, 6 de setembro de 2008

Epicure-se

Prazer, do latim placere, indica um ato de satisfação pessoal, seja ela sensível ou lasciva. A eterna busca pelo prazer gera questões onde conceitos básicos são discutidos, com o intuito de se descobrir o quão válida essa procura pode ser. Existem limites? As expectativas alcançam o ato em si? Ou viver por um momento gera tamanha excitação ao ponto de um indivíduo se frustrar? É preciso encontrar essas respostas para que, enfim, possamos existir como um todo, respeitando as barreiras e, principalmente, a nós mesmos.

Hedonismo e exagero entram na lista de substantivos presentes na vida cotidiana. O consumismo acelerado, dispensável e sem sentido é encontrado a cada esquina, nas sacolas seguradas por pessoas já demarcadas por este vício. Cegas pela alienação, entregam-se a futilidades e deixam-se levar por propagandas enganosas, acreditando que, assim, são pessoas felizes. Um prazer muitas vezes culposo, mas já irrefutável na sociedade.

A admiração pelo corpo e seus sentidos vem de longa data. Gregos e romanos viviam em uma organização invejável, mas que escondia atitudes regadas ao sexo casual e negligente. Em paradoxo vem a Idade Média, onde o medo e o pecado habitavam as pessoas, as quais se prendiam a um celibato mental onde tudo era considerado proibido e indigno de Deus. Já no mundo contemporâneo, onde a hipocrisia e a negação são particularidades de muitos, a censura persiste oculta, a partir do momento em que o corpo passa a ser visto como um aglomerado de impurezas.

A consumação do ato sexual pode demorar anos, mesmo entre aqueles que já se arriscam em preliminares mais do que excitantes. Guardar-se para o parceiro adequado envolve forte determinação, assim como a espera pelo momento. Chico Buarque já pregava a filosofia do “tô me guardando pra quando o carnaval chegar”, deixando bem claro o adiamento de uma vontade tão reprimida.

Decidir pela castidade ou não depende apenas do psicológico pessoal, podendo levar em conta argumentos sociais e religiosos. A definição da escolha e do prazer não deve ser vista como pecado, mas sim como um auto conhecimento literal e construtivo. Se conscientizar e prevenir são rituais diários, que devem ser vistos como fortificação para um epicurismo sadio, responsável e, acima de tudo, proveitoso.

2 comentários:

Pedro Zambarda disse...

acho que até o próprio casto pode ter um certo "epicurismo".

Nem todos apreciam o prazer sexual. E, mesmo assim, deve haver um respeito a essas pessoas.

Ótimo texto. Boas proposições =]

Nadiesda Dimambro disse...

O texto tá ótimo, e sua argumentação é muito válida!
Achei super pertinente as citações históricas e tal ;D

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