quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Sopa de Letras

Richard Willian Wright morreu em uma segunda-feira, em um aniversário do álbum Wish You Were Here (lançado em 1975). da sua banda de maior sucesso, Pink Floyd. Rick morreu no último dia 15 no anonimato, com reservas da família e deixando fãs do rock com uma marca irreparável.

Eu sei, a grande maioria pode pensar que luto de admirador é um porre, um pé no saco. E com razão. No entanto, como dever jornalístico, literário e crônico, o assunto na verdade é uma ponte para outro, uma metáfora para muitos outros, uma enganação proposital e com recomendações.

Com sua morte, muito se lamentou e se falou sobre a possibilidade dos Pink Floyd se reunirem novamente. Ele, criador de verdadeiras "atmosferas", e não apenas improvisações no teclado, gerava o clima de união da banda, seja brigando com Roger Waters ou cantando com David Gilmour, ou mesmo se drogando. Com o concerto do Live 8, na Inglaterra, em 2005, os velhinhos tocando novamente parecia quase certo em ainda mais lugares. O câncer veio e levou Rick. Devemos ficar abalados por isso?

Até devemos.

Mas não podemos esquecer Wet Dream, de 1978, e Broken China, de 1996, que são trabalhos próprios nos teclados com conexões fora do rock, em arranjos jazzísticos e neoclássicos. Não podemos esquecer de Us and Them, Time e The Great Gig in the Sky, faixas do Dark Side of the Moon que são tão históricas quanto o próprio álbum. Não podemos esquecer das improvisações de Ummaguma, da inesquecível Summer ´68 de Atom Heart Mother e nem as performances ao vivo. O próprio The Wall, apesar dos teclados mínimos, teve um toque do seu trabalho.

Quando se fala em músicos, críticos e até amadores preferem ressaltar velocidade, preferem ressaltar a fama ou uma técnica que é inovadora momentâneamente. Rick não criou coisas completamente novas no teclado, exceto alguns efeitos, e nem sabia tocar na "velocidade da luz". Mas sabia conduzir notas que dialogavam com a voz, entorpeciam o corpo e alimentavam a alma. Não interessa somente a "morte do Pink Floyd" nessa semana, mas o sepultamento de um artista que nos conquista aparentemente como coadjuvante, quando ele guiava uma música bem própria.

Eu não lamento o fim dos Floyd nesse funeral, lamento não pode mais escutar a voz de Wright em Echoes. E pra quem não conhece, saiba que essa música, apesar de ser assinada pelos Pink Floyd, carrega na alma a técnica e o sentimento de um bom tecladista. Trata-se de uma música longa, com meia hora de duração, mas que guia os ouvintes aos maiores êxtases, principalmente na versão do DVD Live in Pompeii.

Sopa de Letrinhas são crônicas (que deveriam ser) publicadas às quintas-feiras.

Falam de comunicação, de protesto e contra-protesto.

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