* Atencão: Esta lista reflete apenas a opinião do autor e é referente aos filmes lançados entre Janeiro de 2008 nos EUA e Dezembro de 2008 no Brasil. Este é o motivo pelo qual obras como Benjamin Button, Slumdog Millionare e A Troca estão de fora.
1- Wall-e: São poucas as vezes em nossa vida que temos a chance de ver algo realmente único feito em seu próprio tempo. Tive esta sorte com alguns albuns, como Be do Pain of Salvation, e alguns games como Metal Gear Solid 3 e The Legend of Zelda: Ocarina of Time. Mas 2008 foi o ano que tive que tal sorte também no cinema - e percebi logo no momento que saí da sala de projecão de Wall-e. O nono filme da Pixar é também sua maior obra-prima. Andrew Stanton levou a filosofia da Pixar ao máximo ao elaborar sua fábula sobre o pequeno robô solitário na Terra que se apaixona e, na busca desse amor, acaba por salvar a raça humana de si próprio. De longe, o melhor filme do ano, e provavelmente a melhor animação já feita.
2- The Dark Knight: 2008 teve um dono. Não importa o vencedor do Oscar, 2008 será lembrado como o ano de Batman: Cavaleiro das Trevas e o chocante Coringa criado pelo falecido Heath Ledger. O Batman de Nolan revolucionou a forma de se fazer filmes de super-heróis, provando que podem ser mais sérios e pesados quanto qualquer outra obra. O filme também colocou Heath Ledger na história do cinema como uma das construcões mais amedrontadoras que já foi vista. Não foram poucos que comentaram o mal-estar sentido ao se deparar com a figura do Coringa. Tudo isto pode levar o filme a se tornar a primeira adaptacão de uma HQ vencedora de um Oscar.
3- Na mira do chefe - Infelizmente, é um filme pouco visto no Brasil. Mas para quem perdeu, vale a pena conferir agora que foi lançado em DVD. A história dos dois assassinos profissionais (Brendan Glesson e Colin Farrel) que precisam passar uma temporada na pequena cidade de Bruges, na Bélgica têm um dos melhores roteiros do ano. Em uma combinação de comédia e drama que faria inveja a Woody Allen, com várias piadas de humor negro e sequencias impagáveis, Na Mira do Chefe traz também a melhor atuação da carreira de Colin Farrel. Ele é justamente vencedor do Globo de Ouro por melhor atuação em comédia e musical.
4- Apaloosa : Parece que Viggo Mortensen não erra mais seus projetos. O único ator que realmente se deu bem com o fim de Senhor dos Anéis vem escolhendo seus filmes a dedo - e não parece errar mais. Depois de acertar em cheio em dois filmes de David Cronenberg, aqui ele acerta ao acatar o papel de coadjuvante neste faroeste de Ed Harris. Estrelado pelo próprio Harris, o filme volta com os velhos valores dos filmes de cowboys. O que poderia soar clichê, acaba se tornando um grito contra a falta de moral nos dias de hoje.
5- Speed Racer: Primeiro filme polêmico da lista. Muita gente ouviu falar. Poucos viram, e dos que viram, a maioria não gostou. No entanto, eu poderia apostar que a adaptacão dirigida pelos irmãos Wachowsky ainda será lembrada como um divisor de águas na mescla entre computacão gráfica e live-action. Alguns críticos supostamente bons, como um tal de Inácio Araújo, sairam por aí dizendo que o filme se perde nos efeitos e é mais videogame que cinema. Bom, sr. Araújo, não sei se o senhor sabe, mas existem gigantescas diferenças narrativas entre um game e um filme, e o simples uso de 3D não faz de uma obra cinematográfica algo que possa ser jogado com um controle. Poucos filmes foram tão bem construídos e montados como Speed Racer em 2008.
6- O Nevoeiro: Lista minha tem que ter filme de terror. E O Nevoeiro é o melhor espécime do gênero em muito tempo. Feito com baixo orçamento, com um elenco quase desconhecido e baseado em um conto também não muito conhecido de Stephen King, o filme traz um dos melhores finais do ano. Extremamente bem dirigido, consegue criar um clima de terror e claustrofobia que nenhuma obra com assassinos de máscaras consegue. Trazendo uma forte metáfora da sociedade americana da era Bush, direitista e guiada por preceitos religiosos acima da razão, o Nevoeiro também está entre as obras mais injusticadas do ano.
7- Vicky Christina Barcelona: Woody Allen de volta à velha forma. Como é bom saber disso. Depois do fraco Scoop e do vergonhoso Sonho de Cassandra, Allen volta a ser ele mesmo, com uma obra que discute nada mais e nada menos do que o amor. Sem complicações, como deve ser, Allen nos traz fantásticos personagens, especialmente femininas. Rebecca Hall está maravilhosa, Penelópe Cruz salta aos olhos e Scarlet Johanson prova com sucesso que é capaz de atuar bem, se for bem dirigida. Como único personagem masculino relevante, Javier Barden encarna como poucos um homem pragmático, sedutor e, acima de tudo, forte. Por favor Woody, continue atrás das câmeras. E com o cerébro afiado.
8- Ensaio sobre a cegueira: Ensaio sobre a cegueira é provavelmente um dos filmes mais dificeis do ano. Dificil de se dizer se ele agradou ou não. Tal dúvida vem com o fato de que Fernando Meirelles arrisca muito em todas suas obras. Todos seus filmes levam o espectador ao limite, nunca ficando em uma zona segura para que lhe traria muito mais fãs do que já tem. Ensaio sobre a Cegueira é assim, pois cada segundo de suas 2 horas de duração é um risco para o diretor e para o gosto do espectador. Seja pelas chocantes cenas dentro do campo de confinamento, ou pela controversa forma de representar uma cegueira com uma câmera, que é um paradoxo óbvio. Por arriscar tanto, e acertar quase sempre, que Meirelles merece um lugar em qualquer lista dos melhores do ano.
Pronto, 8 filmes, fugindo do clichê dos 10+. Aproveite a faça também sua lista.
ps* peço aos editores que por favor acrescentem os acentos que faltaram e as cedilhas, que não posso incluir por simplesmente não existirem no teclado sueco.
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