terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Arquivos de Hemingway em Cuba são abertos para estudiosos


A combinação calor e umidade fazia do porão o último lugar adequado para guardar tantos documentos. Mesmo assim, pilhas e pilhas de papéis se acumulavam no chão e nos móveis. Os insetos faziam dessas folhas suas casas, abrindo buracos para acomodar suas numerosas famílias. Esses arquivos permaneceram esquecidos por quase cinquenta anos.

Desde 1939, quando se mudou para San Francisco de Paula, em Cuba, Ernest Hemingway acumulou todos os seus documentos (desde manuscritos de suas obras até correspondências, livros e recibos de lojas) no seu porão. Durante 21 anos, as pilhas só cresceram. Quando voltou aos Estados Unidos, sua casa ficou fechada e os arquivos, esquecidos.

Agora, vinte e sete anos após sua morte, esses arquivos, restaurados e arquivados no Museu Ernest Hemingway, foram disponibilizados para estudiosos que mostrarem interesse através de formulários específicos.

O escritor nasceu em 21 de julho de 1899. Participou da Primeira Guerra Mundial como motorista de ambulâncias até ser ferido nas pernas por fragmentos de um morteiro. Voltou aos Estados Unidos, mas não ficou muito tempo por lá. Foi a Paris, onde conheceu Gertrude Stein e, através dela, entrou em contato com o movimento artístico parisiense e toda a “geração perdida” – os artistas americanos expatriados na capital francesa.

Voltou aos Estados Unidos, mas quando estourou a Guerra Civil Espanhola seu faro de repórter falou mais alto e ele correu à Europa para testemunhar os conflitos. Lá, conheceu as touradas e acabou se apaixonando por elas. Depois de quatro anos no país, foi para Cuba, onde passou vinte e um anos. Recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1954, após o lançamento de seu clássico O Velho e o Mar. Em 1960, voltou aos EUA; um ano depois, Hemingway se suicidou com um tiro. Os motivos? Uma mistura de hipertensão, diabetes, arterioesclerose, depressão e falta de memória.

Sua obra literária é composta por dez romances, três peças, quinze livros de não-ficção e diversas coletâneas de contos. Por Quem os Sinos Dobram (um retrato da Guerra Civil Espanhola), O Sol também se Levanta (romance fortemente autobiográfico sobre a “geração perdida”) e O Velho e o Mar (uma pequena fábula sobre a luta entre um velho pescador e um marlim gigante) são alguns destaques.

Os arquivos cubanos disponibilizados mostram manuscritos de alguns de seus romances, relatos jornalísticos, documentos sobre sua busca por submarinos alemães durante a Segunda Guerra Mundial e até cartas onde o escritor fala sobre suicídio. Além disso, joga uma luz sobre um período pouco conhecido por seus biógrafos: sua estadia em Cuba.

Por enquanto, essas preciosidades só podem ser vistas ao vivo, em Finca Vigia – a casa de Hemingway na Ilha. Até o final do mês, cópias serão colocadas no museu John F. Kennedy, em Boston. Ada Rosa Alonso Morales, editora do museu Ernest Hemingway, afirmou, em entrevista a Reuters, que, apesar de os documentos não estarem disponíveis na Internet, a possibilidade de que isso ocorra existe.

Um comentário:

Nadiesda Dimambro disse...

Espero que os restauradores tenham feito um ótimo trabalho... é praticamente um crime deixar toda essa documentação incrível sem cuidados!
Agora imagine só, ver um desses manuscritos? *_*

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