quinta-feira, 30 de junho de 2011

Carros 2 - Quando um ótimo filme se torna um tropeço

Os filmes da Pixar se tornaram uma espécie de evento anual para mim. Por mais que a temporada de blockbusters – geralmente de maio até agosto – estivesse fraca, eu sabia que pelo menos o estúdio da Disney iria salvar a conta e entregar alguma animação maravilhosa. Ano passado foi assim, com uma temporada fraquíssima, mas que teve uma das melhores animações de todos os tempos: Toy Story 3. A partir daí, dá pra entender a crítica do mundo em relação a Carros 2, lançado na semana passada. Depois de 16 anos entregando obras-primas atrás de obras-primas, a Pixar finalmente lança um filme divertido. E só.

Carros 2 mistura uma trama de espionagem inspirada em filmes do 007 dos anos 70 com uma competição internacional que reúne os melhores corredores do mundo, inclusive Relâmpago McQueen. Contudo, quem puxa a história e se torna o protagonista da seqüência é o “wing-man” To Mate, o amigo caipira e de inteligência simples – não confundir com falta de inteligência – de McQueen. Não dá pra negar que foi uma decisão arriscada de John Lasseter, que escreve e dirige, de catapultar um personagem que antes era apenas o alívio cômico necessário em toda animação à condição de protagonista. E verdade seja dita, não é este o defeito de Carros 2. To Mate sustenta muito bem o filme, acompanhado do “James Bond” Frank McMíssil (dublado por Michael Caine).

Tecnicamente o filme é um espetáculo. Se a Pixar melhora o visual de seus filmes ano após ano, aqui o 3D surge pela primeira vez no ano como um recurso que acrescenta à obra, e se torna natural dentro dela. Mas o grande destaque é o som, e é nessas horas que ir ao cinema faz diferença. Para fãs de automobilismo, todas as cenas de corridas em Carros 2 são de dar arrepios. O som dos motores de cada tipo de carro foram gravados separadamente e mixados de uma forma que é possível ouvir cada um deles, o que dá uma sensação única, especialmente quando o Fórmula 1 é colocado em primeiro plano, ao lado do carro de turismo que serve como base para McQueen.

A história rende bem durante os 90 e poucos minutos do filme. A jornada de superação pela qual To Mate passa pode até soar previsível, mas ainda assim é conduzida de uma forma que não ofende a inteligência do público. Os personagens secundários aparecem muito bem, seja a dupla de espiões, ou Francesco, a Ferrari Fórmula 1, rival de McQueen – impossível não perceber as cutucadas em pilotos da principal categoria do automobilismo. E embora a reviravolta final não seja exatamente uma reviravolta, as cenas de ação são incrivelmente bem construídas, e saímos do cinema com a sensação que o dinheiro foi bem gasto.

Pois bem, tudo isto dito, então vamos a pergunta que muitos estão tentando responder: onde a Pixar errou em Carros 2? E esta pergunta é um pouco mais difícil do que parece porque, como já disse acima, tecnicamente, não tem nada de errado no longa. Falta em Carros 2 justamente aquilo que sobra em todos os outros filmes da Pixar, e que não quase ninguém conseguia copiar: paixão.

Quando assistimos ao primeiro Carros, também escrito e dirigido por Lasseter, percebemos que por trás daquilo está um homem e uma equipe não apenas ama carros, mas que também ama o prazer que eles proporcionam e que poucos aproveitam. A paixão por dirigir por qualquer lugar pelo simples prazer de dirigir, enquanto se conhece lugares fascinantes e espetaculares que nunca seriam percebidos na pressa do dia-a-dia. Radiator Springs, a cidadezinha perdida no meio do nada do primeiro filme, era a encarnação desta paixão, parafraseando o filme, “uma pequena jóia perdida no deserto”. Quando se tira a ação e a história de Radiator Springs, a própria essência do filme se perde, e a paixão se vai. O que nos resta? Um divertido filme, com personagens carismáticos e uma história de espionagem e corridas que satisfaz o público. O problema é que, se pra qualquer outro estúdio isto é o objetivo, para a Pixar isso é “só”.


ps: Se existe algum momento emocionante em Carros 2, é a homenagem prestada a Paul Newman, através do memorial para o seu personagem, Doc Hudson. Realmente tocante.

domingo, 26 de junho de 2011

O grunge menos pop, com peso e gritos do Soundgarden


Quando se fala em grunge, no rock dos anos 90, se lembra muito de Nirvana e de Pearl Jam. Alguns também lembram do heavy metal sujo e fedendo garagem do Soundgarden, a banda que o vocalista Chris Cornell teve antes de Audioslave da sua controversa carreira solo. Atualmente, Cornell está tentando retomar o Soundgarden. E como era o som desse grupo?


Em 1988, a banda de Cornell explodiu com o CD Ultramega OK, vindos direto de Seattle, nos Estados Unidos. Cuidando da própria produção do álbum, a banda mostra no material músicas com a métrica punk, cerca de três minutos de duração, mas com instrumentos extremamente distorcidos. A guitarra de Kim Thayil ficou notória nesse CD por seu excesso de saturação.

O álbum abre com Flower, o primeiro single do grupo e a música que mostra as influências de heavy metal e hard rock, sem apelar para vocais muito agudos ou um ritmo excessivamente acelerado. Mesmo com esse ritmo constante, o CD mostra mais peso a cada música que passa. São 13 músicas ao todo, sem faixas instrumentais extensas, mas sempre com muita guitarra e baixo completando a força da bateria.

All Your Lies já mostra um ritmo meio punk e hardcore da banda, com Chris Cornell gritando e um instrumental correndo atrás dele. Já Beyond The Wheel brinca com o retorno do som da guitarra, bem saturado, com vocais lentos, pesados e densos. Os temas abordados pela banda são assuntos urbanos, históricos e do cotidiano, como acidentes, nazistas e agressão.

Smokestack Lightning, originalmente composta por Howling Wolf, está em um cover no CD, mostrando muito blues e refrões marcantes do Soundgarden na interpretação. A trupe de Chris Cornell também fez uma versão de Two Minutes of Silence, originalmente composta por John Lennon e Yoko Ono, na faixa One Minute of Silence. A composição é apenas um silêncio com uma interferência ao fundo, encerrando o álbum e atribuindo autoria ao ex-beatle por essa faixa.

Ultramega OK é um CD simples de ouvir, com muitas influências e várias faixas curtas que compõem todo seu conteúdo. Vale a pena para não ter a imagem do grunge difundida apenas por Kurt Cobain e seu Nirvana, vendo um lado muito mais pesado e denso desse segmento musical. Entre todo o material de Soundgarden, este é certamente bem mais simples, e metal, do que clássicos como Black Hole Sun e outras músicas.

Para quem quer conhecer esse som de 88, confira o vídeo abaixo de Beyond The Wheel, versão filmada em um show do ano passado do novo Soundgarden:

Sonic completa duas décadas neste mês


Criado em 1991, para o console Mega Drive, o porco-espinho foi criado para rivalizar com o encanador Mario, da fabricante Nintendo, no universo dos videogames. Nesta última sexta-feira, dia 24 de julho, Sonic completou 20 anos, consolidado como um símbolo dos jogos eletrônicos.

A Sega, que criou o personagem, já não faz videogames, depois de perder mercado para a Nintendo e a Sony. Mesmo assim, ela está na história dos games como a maior fabricante de consoles dos anos 1990. Ela mostrou o poderio da indústria americana de games contra os jogos bem aceitos vindos do Japão.

Hoje os games de Sonic já não empolgam muito. Mas vale a homenagem.

Via Info

Quem é Anonymous? Os hackers?


Muito se falou de um suposto ataque do grupo Anonymous contra a Sony, em abril deste ano. O grupo também é mencionado como aliado do LulzSec, outra força de atividades na internet, que supostamente derrubou sites do governo brasileiro nessa semana. Mas, afinal, quem são os Anonymous, antes de tudo?

Numa rápida busca no Google, na Wikipedia, você já aprende quem são esses caras. Eles se formaram em 2003 e todos os integrantes que são descobertos pela imprensa são imediatamente desligados do grupo. É importante, para entender o Anonymous, compreender seus ideais:

- Eles defendem uma internet livre. Sem legislação.

- Eles não fazem atividades crackers - roubo de informação - que visam arrecadar ganhos financeiros. Roubar bancos, por exemplo, não é com eles.

- Eles surgiram no 4chan, um dos maiores redutos de troca de informação anônima nos EUA, fundado por moot.

- Não há líderes no Anonymous.

- Eles usam de propósito a máscara de Guy Fawkes, como o herói V de Vingança dos quadrinhos. A ideia do herói é incitar revoltas contra o que prejudica a sociedade, especialmente no mundo capitalista globalizado em que vivemos.

- Eles fazem tudo pela brincadeira de fazer. Usando um termo do inglês: "For the Lulz". Pelas risadas.

Com esses ideias claros, é fácil culpar o Anonymous pelos recentes ataques. No entanto, podemos também considerar que os servidores podem ter sido invadidos por crackers normais que, para se esconder, utilizam o símbolo do Anonymous em suas operações.

Quem for bom de inglês, vale dar uma olhada no vídeo abaixo, do Escapist:


sexta-feira, 24 de junho de 2011

Autora de Harry Potter lança plataforma colaborativa em site


A escritora J.K. Rowling lançou ontem o site Pottermore. O site é descrito como uma plataforma livre e colaborativa para os leitores e os fãs de Harry Potter. A página terá:

- Todos os sete livros da saga Harry Potter em e-books.

- Participação de fãs na composição de histórias extras dos personagens.

- Imagens, ilustrações e recursos multimídia.

- Rede social e interação com a autora.

O site já aceita e-mails de fãs. A estreia aberta ao público será em outubro. Alguns privilegiados testarão no final de julho.

Veja o vídeo da autora, logo abaixo:


terça-feira, 21 de junho de 2011

Kassab deu nota 10 para sua administração nesta semana


Prefeito Gilberto Kassab deu nota 10 para sua gestão na cidade de São Paulo durante sabatina da Folha de S. Paulo/UOL ontem, dia 20 de junho. O político recebeu elogios de Paulo Maluf e críticas de Marta Suplicy, seus antecessores.

Ele pode dizer isso, se usou apenas 7,6% do orçamento destinado para obras e não cumpriu nem metade de suas metas? Ele usou o evento da imprensa como propaganda política de seu novo partido, o PSD? Um gestor pode se qualificar tanto em público?

Via Exame

Site Pottermore anunciará novo projeto de J. K. Rowling, a criadora de Harry Potter


Os sete romances de Harry Potter ganharão uma continuação? Não se sabe ainda, mas nessa semana estreia o novo site da autora, J. K. Rowling, chamado Pottermore. O novo website vem perto do mês de estreia do último filme da franquia: Harry Potter e as Relíquias da Morte pt. 2.

Após lançar o último livro, a autora havia dito que a história do bruxo Harry Potter havia terminado, mas não descartava aventuras com outros personagens da série. A nova página de Rowling foi descoberta pelos fãs da saga após entrarem no site Secret Street View. Coordenadas em dez portais mostraram a formação da palavra Pottermore.

Harry Potter e a escritora J. K. Rowling são considerados um dos maiores fenômenos na literatura britânica dos últimos dez anos, com vendas de 400 milhões de livros no mundo todo.

Via Exame

Datena estreia na Record


José Luiz Datena foi puxado pela Record, emissora que o teve até 2003. Toparam pagar cerca de 15 milhões de reais para que ele voltasse a apresentar seu programa jornalístico "policial" Cidade Alerta. A Band podia tentar subir a oferta de sua contraproposta, para manter o apresentador na emissora até 2018, com os programas Brasil Urgente e SP Acontece. Não foi o que aconteceu, concluindo a mudança de Datena entre os canais.

O apresentador é conhecido, além de uma postura supostamente jornalística, por exercer seu julgamento sobre casos policiais e políticos. Em uma espécie de reportagem comentada, o profissional mostra ao vivo a apreensão de criminosos pela polícia em São Paulo. Os programas de Datena são conhecidos por apelar de cenas da violência cotidiana real para conquistar mais audiência.

E ai? Isso é exemplo de jornalismo?

Via Folha

Para lembrar: Eclipse da Lua foi o mais longo desde 2000


Por cinco horas e meia, no dia 15 de junho, o mundo pode ver o mais longo eclipse da Lua desde os anos 2000. O fenômeno foi reproduzido por uma sombra da Terra com a luz solar e o satélite. As pessoas conseguiram ver o acontecimento no Brasil por volta de 17h.

Via Exame

domingo, 19 de junho de 2011

Movimentos sociais se unem na Marcha da Liberdade em cidades brasileiras


Depois de polêmicas com a Marcha da Maconha em São Paulo, manifestantes de inúmeras vertentes se uniram ontem na Marcha da Liberdade. Movimento uniu diversas vertentes - de movimentos feministas, gays e outros segmentos - em 40 cidades brasileiras neste último sábado (18).

Pessoas usaram faixas, cartazes, adereços, malabares e megafones. Os participantes chamaram a atenção da população e convidavam moradores e frequentadores do bairro a se juntar ao grupo, com gritos de “Vem pra liberdade”.

Segundo a organização dos eventos, a ideia era defender a descriminalização do uso da maconha. O movimento ganhou o apoio de outros movimentos e mudou de nome. Nessa última semana, o Supremo Tribunal Federal decidiu liberar marchas pela descriminalização das drogas no país.

Informação via Agência Brasil

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Grupo cracker Anonymous envia mensagem ao Banco Central norte-americano


O grupo hacker/cracker Anonymous, que não possui líderes, mandou um aviso para o Federal Reserve dos Estados Unidos, o Banco Central americano. Eles pediram para que o presidente do órgão, Ben Bernanke, renunciasse ao seu cargo. Sem nenhuma reação da autoridade, o grupo tenta agora mobilizar a população, com esse vídeo publicado no dia 14 de junho. Segundo o Anonymous, a instituição é responsável pela situação caótica dos EUA, pela disparidade dos ricos e dos pobres e pela falta de habilidade política dos presidentes.

A mensagem é digna de um filme de ficção científica. Olhe abaixo e tire suas conclusões.


Via Exame

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Lembra do aniversário do Les Paul? O Google Search fez uma homenagem



Você lembra do simpático velhinho Les Paul? Que criou uma guitarra elétrica com a Gibson que revolucionou a década de 1940 e o universo dos musicos? Ele morreu em 2009, aos 94 anos. Mas hoje celebramos a memória de seu nascimento. E adivinha o que o Google Search fez? Colocou uma guitarra em sua homepage.

Clique e confira, ainda hoje. Caso queira ver depois que estiver fora do ar, clique aqui e procure pela data de 9 de junho.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Wii U lançado na E3 2011

E a Nintendo arrisca (muito) de novo

E o Projeto Cafe da Nintendo finalmente foi revelado. O sucessor do Nintendo Wii, o console que irá abrir as portas da nova geração se chama...Wii U? Sério? Isso mesmo? Parece que sim. E a estranheza não para ai. Sem apresentar muitas especificações técnicas a respeito do novo console, apenas mostrando que é tão ou mais poderoso que PS3 e Xbox360, a Nintendo se focou no novo e revolucionário controle. A coisa mais parece uma controle de Xbox recheado com um tablet de 6 polegadas. De novo a Nintendo mostrou algo que jamais foi visto e, instantaneamente, a E3 acabou para a Sony e Microsoft.

Foram mostradas 8 formas de se usar o Wii U e seu controle. Desde um portátil, jogando apenas com o controle, e sem TV, até um avançadíssimo sensor de movimento, mesclando as telas do controle e da TV de forma única. Mas, em todos os casos, eram demos, apenas demonstrações do que ele poderia fazer. Nenhum jogo de fato foi mostrado, nenhuma ideia da Nintendo ou de uma produtora foram apresentadas de forma concreta. Apenas alguns anúncios que deixaram os jogadores bem animados: A Nintendo está de volta ao mundo hardcore. Batman: Arkham City, Battlefield 3, Assassin’s Creed, Darksiders 2, entre outros jogos, estarão no PS3, no Xbox 360 e, também, no Wii U.

O Wii U trouxe mais perguntas que repostas e, sinceramente, tem gente que até agora não entendeu se ele é um console novo, ou um controle que é um console, ou um Wii melhorado, ou até mesmo se ele é desta geração ou da próxima. Quanto a última pergunta, eu posso tentar responder. A cada ano que passa, fica mais claro que a diferença que ocorria entre gerações de console fica mais difícil de ser traçada. Se antes eles eram anunciados quase que simultaneamente e chegavam as lojas com diferença de meses, hoje, temos uma situação inédita: enquanto a Nintendo anuncia seu novo console, apenas rumores apontam para um sucessor do PS3 que deve sair, quem sabe, em 2013. Nem isso ocorre com a Microsoft.

A impressão que se tem é que nos últimos anos, desde os anúncios do PS Move e do Kinect, é que os consoles se transformaram em “meras caixas”, como definiu na Satoru Iwata, presidente da Nintendo. A empresa quer melhorar cada vez mais a experiência de jogar videogame. Hoje, 6 anos depois, muitos questionam se o Wii deu certo ou não, já que afastou os gamers hardcore da Nintendo. Oras, se tivesse sido um fracasso, o PS Move e o Kincect dificilmente existiriam, correto?

A intenção da Nintendo com o Wii U é clara: apenas copiar a concorrência, com gráficos HD e simples sensor de movimento não basta. Para se vencer a guerra e continuar como a empresa de games mais lucrativa e bem vista no mundo, a Nintendo tem que mostrar algo além, algo revolucionário. E o Wii U é esta aposta. Qualquer um que escrever um artigo opinando sobre o futuro do console estará apenas especulando.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Pain of Salvation em São Paulo

Tudo, menos normal

O Pain of Salvation não é uma banda de heavy metal qualquer. Talvez o Pain of Salvation nem seja uma banda de heavy metal, ou heavy metal progressivo. Talvez o Pain of Salvation seja simplesmente irrotulável. A verdade é que a banda sueca não se parece com nada, e o seu show é um retrato disso.

Não pude ficar mais surpreso quando cheguei ao Carioca Club no último domingo, em São Paulo. A começar pelo público que, se não lotou a casa de show completamente, se aproximou de ótimos 80%. Se em um show comum de heavy metal se espera ver uma maioria esmagadora masculina, vestida de preto, o que se viu foi uma audiência muito bem divida, com pessoas vestidas como sempre deveriam se vestir em qualquer show: normalmente. Homens, mulheres, casais, jovens, meia idade... todo mundo. Era um público tão eclético quanto o de um U2, por exemplo, com a diferença que ninguém estava lá pelo evento, e todos pela música. E que música.


As composições de Daniel Gildenlow são tão complexas que sempre me questionei como seriam executadas ao vivo, não que eu questionasse a capacidade da banda. E só posso dizer uma coisa: o Pain of Salvation ao vivo é mais espetacular do que em um álbum. Todos os músicos beiram a perfeição tocando as músicas da banda. Os integrantes mais novos, Daniel Karssom no baixo e Leo Margarit na bateria não apenas dão conta das faixas mais antigas, mas nos fazem esquecer que são membros recentes, tamanho seu entrosamento com o resto. Margarit, em particular, é espantoso para um leigo. Rápido, preciso, pesado e suave, quando necessário, com direito a um longo e bem executado solo.

Fredrik Hermansson no teclado e Johan Halgreen na banda são os opostos. Enquanto o primeiro é calmo e sereno, se escondendo atrás de seu instrumento e executando com perfeição tudo aquilo que compôs, Halgreen, sem camisa e com seus longos dreads transparece cada energia das músicas, quase entrando em transe em seus momentos mais pesados. Por fim, ganhou destaque o frontman, vocalista, compositor, produtor e dono do Pain of Salvation, que é Daniel Gildenlow.

Talvez ele tenha ido bem porque o show foi realizado justamente na data de seu aniversário de 38 anos, mas eu duvido. Daniel Gildenlow se mostra um frontman fantástico, levando-se em conta o tamanho de sua banda. Foi um guitarrista espetacular e energético (quebrou três cordas durante o show) e um vocalista versátil e único. Se ele desafinou em algum momento, não percebi. Mas, acima de tudo, ele estava extremamente carismático. Esqueça a pose das grandes bandas de heavy metal. Gildenlow e o Pain of Salvation deixaram transparecer aquilo que no fundo todo fã quer perceber: eles estavam incrivelmente felizes por fazer aquele show.

De novo...o Pain of Salvation é tudo, menos um banda de heavy metal comum. Em quantos shows podemos rir das piadas do frontman? Em quantos shows podemos balançar a cabeça loucamente em um momento e, alguns minutos depois, estamos ouvindo uma balada tão romântica e boa quanto qualquer música de...sei la, um Bon Jovi ou um Bryan Adams? Em quantos shows podemos ter momentos de rap, disco e blues? E tudo dentro do rótulo de heavy metal? O Pain of Salvation ao vivo rejeita rótulos da mesma forma que o faz no estúdio. A banda só aceita um: o de uma puta banda que, por ser tão pequena no cenário mundial (como um todo), só retrata o quanto o mundo da música é injusto.


SET LIST

· Remedy Lane

· Of Two Beginnings

· Ending Theme

· America

(with drum solo)

· Handful of Nothing

· Of Dust

· Kingdom of Loss

· Black Hills

· Idioglossia

· Her Voices

· Second Love

· Diffidentia

· No Way

· Ashes

· Linoleum

· Road Salt

· Falling

· The Perfect Element

· Encore:

· Tell Me You Don't Know

· Disco Queen

· Nightmist


ps: imagens do blog Heavy Nation, do show da banda no Rio de Janeiro.

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