sábado, 23 de agosto de 2008

Amarela? Só a cor da medalha

Atenas 2004: Brasil 24, Rússia 19; quarto set. Essa geração ficou marcada por este fato. A derrota nas semifinais há quatro anos atrás, quando estávamos a um ponto da final, marcou essas meninas, em especial uma, conhecida como Mari.

A ponta – que na época era oposto – errou quatro ataques, culminando com a vitória russa no set e posteriormente no jogo. As críticas sobre ela e o resto da equipe foram pesadas, sendo taxadas de amarelonas, pipoqueiras e outros “adjetivos”. O Brasil precisava voltar à uma Olimpíada, precisava de uma final como essa, precisava que Mari aparecesse e provasse que os críticos estavam errados.
O gesto da camisa 3 para as câmeras após o jogo demonstraram o desabafo da jogadora, o gesto de silêncio é simbólico e apaga de vez sua fama de amarelona. Mari teve excelente atuação nos jogos olímpicos e na final atuou de forma monstruosa, virando bolas complicadas, acertando o saque e a recepção. A defesa da atleta foi muito exigida, pois as americanas adotaram como estratégia sacar em cima dela, mas a jogadora não titubeou e teve um excelente aproveitamento de recepção.

Mas o jogo não era especial apenas para Mari, a equipe toda esperava por esse momento no mínimo há quatro anos, eis as campeãs: Walewska – raça pura, um paredão no meio-de rede -, Carol - segurou a bronca quando entrou, já experiente é a substituta imediata de Fofão -, Paula Pequeno – superou o trauma do corte por lesão às vésperas de Atenas -, Thaisa – jovem revelação, uma gigante no bloqueio -, Fofão – a líder e mestra desse time, aposenta da melhor forma -, Waleskinha – importante para o grupo com sua experiência -, Fabiana – uma muralha, o bloqueio da olimpíada-, Sassá – sacando com a potência masculina, aproveitamento eficiente -, Jaqueline – superou o dopping e disparada uma das mais emocionadas - , Sheila – um monstro em quadra, a melhor oposto do mundo -, Fabi – a baixinha-gigante, incansável na defesa – e principalmente José Roberto Guimarães – o líder, o símbolo da superação – que conquistou o seu segundo ouro olímpico. Final de 3 sets a 1, parciais de 25/15, 18/25, 25/13 e 25/21.

Essa Olimpíada é das mulheres para o esporte nacional. Além do inédito ouro do vôlei, o taekwondo foi condecorado com sua primeira medalha por uma mulher. Natália Falavigna venceu a sueca Karolina Kedzierska por 5 a 2, trazendo o bronze para o nosso país. A brasileira acabou indo para a disputa do terceiro lugar ao perder para a norueguesa Nina Solheim. Essa edição olímpica ficará marcada pela vitoriosa participação feminina, e apesar da expectativa que existia em cima de Natália pela final o bronze merece ser comemorado.

O ouro ficou com a mexicana Maria del Rosario Espinoza, vencedora da luta contra a algoz de Natália. O placar foi de 3 a 1.

A imagem do dia veio do ginásio de Ciência e Tecnologia, o cubano Angel Valodia Matos vencia a luta contra Arman Chilmanov, do Cazaquistão, por 3 a 2. Após um golpe mal sucedido, o lutador sentiu uma lesão e pediu tempo técnico ao árbitro, o pedido foi aceite. O período de um minuto não foi suficiente para curar a lesão, então o atleta continuou o tratamento mesmo com o juiz ordenando seu retorno. Devido ao tempo esgotado, Matos acabou desclassificado e o cazaque saiu vencedor da luta. Daí então, momentos de revolta tomaram conta do ginásio.
O cubano - revoltadíssimo com a decisão – desferiu um chute de esquerda no árbitro central, o sueco Chakil Chelbat. Não satisfeito, ainda deu tempo de acertar um soco em um juiz lateral. A punição ao atleta saiu em poucos minutos.
O atleta e seu treinador foram banidos de todas as competições internacionais, ministradas pela Federação Mundial de Taekwondo (WTF). Vale lembrar que Matos já foi campeão olímpico ( na edição de Sydney) e também levou o ouro no Pan do Rio de Janeiro. O cubano encerraria sua participação olímpica após o encerramento dos jogos, infelizmente para ele a despedida veio da pior forma, com melancolia. O ouro da categoria acabou nas mãos do coreano Dongmin Cha, que venceu o grego Alexandros Nikolaidis, medalha de prata em Atenas.

Decisões nos esportes coletivos: no basquete feminino os Estados Unidos mantiveram a hegemonia ao vencerem a Austrália por 92 a 65, garantindo o tetra-campeonato olímpico de forma consecutiva; já pelo handebol feminino a Noruega garantiu o ouro, vencendo a Rússia por 34 a 27; nos gramados deu Argentina, pela segunda vez nossos hermanos subiram no lugar mais alto do pódio, o gol de Di Maria bastou para deixar a Nigéria com a prata; também na grama a Alemanha pendurou o ouro no peito ao vencer – em partida duríssima – a Espanha pelo placar de 1 a 0; mas o jogo da rodada foi no baseball, os invictos e surpreendentes coreanos venceram os mega-campeões na modalidade, os cubanos, o placar era de 3 a 2 na nona (e última) entrada, os caribenhos lotavam as bases e tinham somente um jogador eliminado, a pressão toda nos coreanos e no seu arremessador. A queimada dupla emocionou a Coréia do Sul e tirou o ouro de Cuba.
Principais Resultados:
Atletismo
Lançamento de dardo – masculino

1 - Andreas Thorkildsen (NOR) - 90.57 (OR)
2 - Ainars Kovals (LET) - 86.64
3 - Tero Pitkamaki (FIN) - 86.16

Salto em altura – feminino
1 - Tia Hellebaut (BEL) - 2.05 (venceu por cometer menos erros em seu salto)
2 - Blanka Vlasic (CRO) - 2.05
3 - Anna Chicherova (RUS) - 2.03

800m masculino - masculino
1 - Wilfred Bungei (QUE) - 1m44s65
2 - Ismail Ahmed Ismail (SUD) - 1m44s70
3 - Alfred Kirwa Yego (QUE) - 1m44s82

1.500 metros – feminino
1 - Nancy Jebet Langat (QUE) - 4m00s23
2 - Iryna Lishchynska (UCR) - 4m01s63
3 - Nataliya Tobias (UCR) - 4m01s78

5.000 metros – masculino
1 - Kenenisa Bekele (ETI) - 12m57s82 (OR)
2 - Eliud Kipchoge (QUE) - 13m02s80
3 - Edwin Cheruiyot Soi (QUE) - 13m06s22

4x400 metros – feminino
1 - Estados Unidos - 3m18s54
2 - Rússia - 3m18s82
3 - Jamaica - 3m20s40

4x400 metros – masculino
1 - Estados Unidos - 2m55s39 (OR)
2 - Bahamas - 2m58s03
3 - Rússia - 2m58s06

Beisebol masculino
Disputa do bronze

Estados Unidos 8 x 4 Japão
Final
Coréia do Sul 3 x 2 Cuba

Futebol Masculino
Final

Argentina 1 x 0 Nigéria

Vôlei feminino
Disputa do Bronze

China 3 x 1 Cuba - 25/16, 21/25, 25/13 e 25/20
Final
Brasil 3 x 1 Estados Unidos - 25/15, 18/25, 25/13 e 25/21

Handebol feminino
Disputa do Bronze
Coréia do Sul 33 x 28 Hungria
Final
Noruega 34 x 27 Rússia

Basquete feminino
Disputa do bronze
Rússia 94 x 81 China
Final
Estados Unidos 92 x 65 Austrália

Tênis de mesa individual – masculino
Final

Ma Li (CHN) 4 x 1 Wang Hao (CHN) - 11-9, 11-9, 6-11, 11-7 e 11-9
Bronze - Wang Lin (CHN)

Hóquei sobre grama - masculino
Disputa do bronze
Austrália 6 x 2 Holanda
Final
Alemanha 1 x 0 Espanha

Taekwondo feminino – categoria (+ 67 kg)
1 - Maria del Rosario Espinoza (MEX)
2 - Nina Solheim (NOR)
3 - Sarah Stevenson (GBR)
3 - Natalia Falavigna (BRA)

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