terça-feira, 5 de agosto de 2008

Lima, Peru. O primeiro dia de uma semana inesquecível

E assim, como quem não quer nada, como quem tira o doce da criança, aquele mesmo que ela deixou por último por ser o que mais achava gostoso... as férias acabaram.
Não por ser férias e por ter um tempo para "nao fazer nada" é que especialmente essas férias foram inesquecíveis. Nunca andei tanto, nunca acordar tão cedo foi tão prazeroso, nunca andar uns 300 metros foi tão difícil e nunca tirei tantas fotos.

Conhecer o Peru foi uma daquelas coisas que acontecem em nossa vida que se tornam verdadeiras coqueluches, guardadas no mais seleto grupo de nossas lembranças. A força dos Andes, a magnitude do que restou da civilização Inca criam um sentimento ao mesmo tempo de grandeza e humildade. Supera qualquer espectativa. Sublima. Seu colorido e suas contradições fascinam.

Depois que li Tia Júlia e o Escrivinhador do maravilhoso (me desculpem a tietagem) Mario Vargas Llosa (como disse a revista peruana DedoMedio: "quem dera ele fosse eleito presidente pela internet - já que ganhou por uma votaçãoo online como um dos mais influentes pensadores da humanidade, ao lado de caras como FHC e Umberto Eco, entre outros) Como ia dizendo...depois daquele livro, conhecer a cidade de Lima se tornara algo certo em minha vida, não saberia quando, mas que um dia iria. Cusco e Machu Picchu, então, já eram roteiros obrigatórios.

Depois de pouco mais de 5 horas de avião-intermináveis, tamanha vontade de chegar logo-, aterrisamos na capital peruana. Incrivelmente naquele dia fazia um sol escaldante, apesar do friozinho. O céu aberto, sem nuvens é quase raridade numa cidade que vive nublada, na qual não chove ha 40 anos. Praticamente toda a costa do pacífico é seca. Este é um dos motivos pelos quais nas zonas mais pobres da cidade as casas quase que não têm teto, digo quase porque constroem em lages, isto é, um piso e um outro, superior deixam pela metade, para que assim, a próxima geração já tenha "meia casa" construída.

Depois de andarmos um pouco perdidas pelo bairro de Miraflores (um dos mais tradiconais e charmosos de Lima) achamos uma lanchonete fast food para comer. A princípio, nossa idéia era achar um McDonald`s, Pizza Hut ou KFC, já que era nosso primeiro dia lá e não queríamos, logo de cara, pegar uma "piriri". Passamos por uma moviementada passeata que comemorava a independência do Peru, que seria na semana seguinte. O som alto, o subprefeito do bairro falando ao microfone, crianças vestidas com roupas típicas ou uniformes escolares, fanfarras, cartazes. Por fim, encontramos um lugar para almoçarmos. Não MCDonald´s nem Burger King, ou coisa parecida, e sim, Bembos - a fast food mais famosa do Peru, na qual os garçons se garçonetes usam roupas estilo inca - e claro, tomamos a famosa Inca Kola. De produção peruana, lá, a Inca Kola vende mais que Coca Kola, digo Coca Cola.

O amburguer não era lá aquelas coisas, mas acredito que na fome, tudo vale - quase tudo -, ainda mais quando se trata de provar algo típico de outra cultura. Pegamos o ônibus do nosso receptivo e fomos conhecer Lima. A Plaza de Armas, com os palácios da presidência, do governador e da prefeitura, fazem o centro histórico parecer um pedacinho da Europa. As construções coloniais, o estilo Sevillano como as sacadas de madeira e a igreja católica imponente criam uma atmosfera de velho mundo. Católico, o Peru tem dois santos nacionais: Santa Rosa (la santa peruana) e San Martín de Porres (o santo negro e dos pobres).

Lima me pareceu aspirar um ar cosmopolita, e que vive no meio da eterna luta travada nas grandes cidades latino-americanas: o crescimento desordenado e a preservação de sua história, entre ser o "país do futuro" e manter suas raízes, o lado rico e periferia que pulsa.

À noite, depois de visitarmos um antigo semitério com um posso com pouco de mais de 12 metros de ossadas, o bairro granfino de San Isidro com suas oliveiras plantadas no século 15 e que são patrimônio naiconal e até hoje dão frutos, fomos jantar. Não pude deixar de provar o prato limenho mais tradicional: Ceviche. Peixe cru marinado, com vinagre, sal. Gostoso, o tempero forte disfarça bem a consistência do peixe cru, que não é um dos meus pratos predilétos e é claro, muita batata e as famosas bebidas: Pisco, que lembra muito uma caipirinha e é alcólica e Chicha Morada, espécie de batida de milho roxo e sem álcool.

Depois de provar as peculiaridades culinárias, mal sabíamos que fecharíamos a nossa noite de maneira mais típica ainda. Na volta do shopping (que também não tem "cobertura", mas é novo e muito bonito) à beira mar e que fica bem em cima dos barrancos, os taxistas já te esperam. Como não existe taxímetro, o valor da corrida é nogiciado direto com o motorista. Após pechincharmos fechamos em 10 Soles (5 dólares e alguns centavos) o trajeto até o hotel. Nas movimentadas ruas de Lima existem semáforos, faixas de pedestres e guardas de trânsito, tudo normal, como em qualquer grande cidade, se não fosse um pequeno detalhe: ninguém respeita esses, agora tão essênciais, sinais de trânsito. Uma verdadeira confusão! Tudo se resolve com uma pequena buzinada (e como buzinam!). De uma maneira ou de outra, naquela confusão de tráfego, com ultrapassagens, fechadas, quase batidas, é inacreditável como aquela situação aparentemente caótica se torna algo que parece fluir facilmente! No fim, o taxista errou o caminho, ficamos com medo, afinal, fomos parar em umas vileas de terra e escuras e. Uma ciorrida de cerca de cinco minutos foi percorrida em quase 20! Os dez soles saíram "baratos" até! Mas valeu a pena, pudemos conhecer outros pedacinhos de Lima.

Agora, mal podia esperar pelo dia seguinte: Cusco.


Algumas fotos...



Lima - vista para o bairro de Miraflores



Um típico taxi peruano


Um pedacinho do trânsito e das casas sem telhado (no fundo)


O trânsito


O "rio" que abastece a cidade



A favela colorida (como não chove, não há perigo da tinta sair)


Mais uma das inúmeras construções do século XV com azulejos sevillanos - antigo mosteiro


Chegando na Plaza de Armas


Plaza de Armas

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