domingo, 24 de agosto de 2008

Fim de uma geração, fim dos maiores jogos da história

Stanley ataca, Giba não consegue a defesa, bola no chão e Estados Unidos 25 contra 23 do Brasil, 3 sets a 1 com ouro para os americanos. A geração vencedora de Bernardinho sofreu sua maior derrota, a mais dolorida, que fez até o comandante derramar lágrimas.

Essa equipe venceu tudo, fincou seu nome como uma das maiores da história de todos os esportes coletivos e consagrou jogadores. A medalha de prata tem um sabor amargo, principalmente porque o lugar mais alto do pódio era possível. Mas os americanos foram melhores e mereceram o ouro.

Devemos exaltar os feitos desses jogadores e não lamentar o primeiro lugar perdido. Esses homens trouxeram muitas alegrias ao povo brasileiro e possuem seu lugar cravado entre os melhores de todos os tempos. Mas, enfim, vamos falar do jogo.

O primeiro set demonstrou uma regularidade brasileira ainda não vista nos jogos olímpicos. Os Estados Unidos demonstraram muito nervosismo e erravam em demasia. O Brasil com o passe na mão alimentou Marcelinho da melhor forma. Então a vitória foi de 25 a 20 para a nossa seleção.

A partir da segunda parcial o jogo mudou. O americano Stanley resolveu provar sua capacidade na final, ele que foi um dos melhores jogadores da competição. O camisa 13 dos Estados Unidos fez de tudo: sacou, atacou (melhor atacante do jogo) e bloqueou. Sua seqüência de serviços logo no início desmontou o sistema brasileiro, os norte-americanos abriram uma vantagem e mantiveram-na até o fim do set, finalizando-o em 25 a 22.

No terceiro set prevaleceu o domínio dos yankees, eles abriram uma vantagem até o fim do set, quando Bruninho substituiu Marcelinho e distribuiu melhor o jogo. Com a colaboração do jovem jogador a seleção aproximou do marcados, mas a vitória e a virada ficaram do lado adversário.

O quarto iniciou melhor para nós, acertamos o bloqueio e subimos de produção. O Brasil largou na frente e manteve uma vantagem até a segunda parada técnica, quando aumentou a diferença. O placar era de 20 a 17, as esperanças voltaram, mas após mais um erro de contra-ataque – um dos fatores decisivos na derrota – os EUA diminuíram e Priddy foi pro saque. Quem realmente decidiu foi ele, Stanley. O oposto virou bolas complicadas, bloqueou o ataque nacional e fechou o jogo com uma pancada indenfensável para o gênio Giba. Estados Unidos 25, Brasil 23; 3 sets a 1 e ouro para eles.

A melhor geração da história dá adeus com um saldo ultra-positivo. Dificilmente alguma equipe conseguirá igualar o Brasil do Bernardinho, Giba, Gustavo, André Nascimento e porquê não do Ricardinho. A seleção venceu: duas Copas do Mundo (2003 e 2007), seis Ligas Mundiais (2001, 2003, 2004, 2005, 2006 e 2007), dois Campeonatos Mundiais (2002 e 2006), uma Copa dos Campeões (2005), um Pan-Americano (2007), quatro Campeonatos Sul-Americanos (2001, 2003, 2005 e 2007) e duas medalhas olímpicas (Ouro em Atenas 2004 e Prata em Pequim 2008). Será que alguém duvida que esse time é vencedor?

Outra dúvida era sobre a hegemonia norte-americana no basquete masculino. Em uma das melhores partidas da história do basquete mundial eles venceram a Espanha, pelo placar de 118 a 107, recuperando o ouro, mas vendo a existência de equipes capazes de superá-los.

Os espanhóis jogaram de igual para igual e quase beliscaram o ouro, chegando a ficarem apenas dois pontos atrás do “dream-team”. A grata revelação dos jogos veio da Espanha, o jovem Ricky Rubio, 17 anos, mas habilidade e visão de gente grande. As jogadas do armador do DKV Juventud impressionaram, pois ele demonstrava uma grande personalidade ao enfrentar os monstros do basquete mundial. Muitos afirmam que Rubio será o primeiro “draftado” na próxima temporada da NBA, quando ele poderá ser elegível ao completar 18 anos.

Contudo, o craque dos jogos é Kobe Bryant. Quando a partida apertou, os americanos apostaram no ala-armador dos Lakers. Kobe chutou duas bolas de três aumentando a vantagem de dois para oito pontos, aliviando a situação dos astros da NBA.

O aproveitamento excepcional das duas equipes refletiu no placar final – 118 a 107 – e afirmam essas como os dois melhores times do mundo. Os americanos um passo a frente, principalmente pela presença de Kobe Bryant.

O calor marcou o último dia olímpico, a alta temperatura valoriza ainda mais a vitória do queniano Samuel Wansiru na maratona. Em 2 horas, 6 minutos e 32 o atleta completou os 42 km e 195 metros e pendurou o primeiro ouro da história do Quênia na maratona,lembrando que o país africano é especialista nesse tipo de prova.

O jovem de 21 anos recebeu a medalha na cerimônia de encerramento, que contou com a emocionante despedida de Pequim - com também Jackie Chan cantando. As apresentações artísticas dos chineses agradeceram esses 17 dias de competições e deram as boas-vindas à próxima sede: Londres.

Duas das mais tradicionais figuras da Inglaterra foram responsáveis pela apresentação de 2010. Jimmy Page tocou o tradicional rock britânico Whole Lotta Love, do Led Zeppelin (sua antiga banda de hard rock), com uma surpreendente interpretação de Leona Lewis (vencedora do "American Idol" britânico). O astro David Beckham deu o pontapé inicial, chutando uma bola. A corrida para Londres 2012 iniciou, com Pequim cumprindo o seu dever. As olimpíadas foram impecáveis, principalmente no desempenho dos atletas. Encerro por aqui minha cobertura, agradeço os que tiveram a paciência de me ler. Até, Londres 2012!

Principais Resultados:
Vôlei masculino
Disputa do Bronze
Rússia 3 x 0 Itália - 25/22, 25/19 e 25/23
Final
Estados Unidos 3 x 1 Brasil - 20/25, 25/22, 25/21 e 25/23

Basquete masculino
Disputa do Bronze

Argentina 87 x 75 Lituânia
Final
Estados Unidos 118 x 107 Espanha

Handebol masculino
Disputa do Bronze

Espanha 35 x 29 Croácia
Final
França 28 x 23 Islândia

Pólo-Aquático masculino
Disputa do Bronze

Sérvia 6 x 4 Montenegro
Final
Hungria 14 x 10 Estados Unidos

Um comentário:

Pedro Zambarda disse...

A guitarra do Page tava muito abafada, mas valeu a intenção de dar a devida prévia de Londres 2012.

Parabéns Zé. Poucas focas tem o mesmo gás que você. Quando tiver um tempo, releia seus próprios textos, reclame de minhas correções e tenha idéias. Você tem um futuro promissor no jornalismo, principalmente com tanta pontualidade e competência =]

Abraço.

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