sábado, 30 de agosto de 2008

Exposição Tesouros da Terra Santa, histórias da Bíblia contadas pela arqueologia

Tesouros da Terra Santa

Do Rei David ao Cristianismo

Por Luma Ramiro Mesquita


Organizada no MASP pelo Museu de Israel, a exposição que começou no último dia 13 “utiliza-se do discurso científico, cruzando as histórias da Bíblia com objetos arqueológicos”, informa o estagiário do museu, o historiador Francisco Malvezzi. Essa amostra tem como tema Jerusalém, fundada pelo Rei David há mil anos antes de Cristo e importante para três das maiores religiões do mundo: o cristianismo, o islamismo e o judaísmo. A exposição abrange a construção pelos judeus, pelos cristãos até quando Jerusalém é dominada pelos muçulmanos. Achados arqueológicos como partes da arquitetura do Templo, onde Jesus freqüentou nos últimos dias de vida, e vasos utilizados na Última Ceia fazem parte da mostra que termina em novembro.


Período Israelita - Estela Casa de David


Realização e local: MASP - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Av. Paulista, 1578 - Cerqueira César - São Paulo - SP


Estacionamento: Garagem Trianon - Pça. Alexandre GusmãoProgress Park - Avenida Paulista, 1636.


Período: de 13 de agosto a 2 de novembro de 2008 no 1º subsolo do MASP.


Horário: terça-feira a domingo e feriados, das 11h às 18h; quinta-feira até 20h. A bilheteria fecha com uma hora de antecedência.


Ingresso: R$ 15 (inteira) e R$ 7,00 (estudante), gratuito para menores de 10 anos e maiores de 60 anos.


Dia Gratuito: Todas as terças-feiras entrada gratuita até as 18:00 horas.


Serviço Educativo: Agendamento de grupos (escolas e outros) 2ª a 6ª das 9h00 às 17h00 - (11) 3283-2585.


Ass. Imprensa: Comunique Assessoria de Comunicação


Fones 11 3812 2780 / 3032 2424


Com Annete Morhy, cel 8777 3377


annete@comunique.srv.br

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Sopa de Letras

Para Thiago Dias.
E para um professor.
E para milhares de homens adultos ditos "vividos".

1968. 2008. 1908. 1928. Na verdade, tanto faz a data.

Anos 1960. Tempo da maconha, tempo de Beatles, tempo de boas músicas, tempo de mitos, tempo de superstição, tempo de educação para pouquíssimos. Tempo de universidade para a elite dos ricos. A outra elite partia para a carreira profissional sem concluir nenhum curso. Bill Gates sai de um curso de economia para comandar o monopólio de softwares do século XX. No final, tanto faz.

Zuenir Ventura fez um bom livro sobre as memórias de 1968, mas eu mudaria o título. 1960 foi o ano que não terminou. 1970 foi o ano que não terminou. A consciência humana apocalíptica foi o que não terminou. Lamentações e exaltações costumam ser o status quo de uma consciência socializável. É cool falar de problemas e não resolver absolutamente nada e perder tempo fazendo isso. O problema é que, de fato, a sociedade concebida apenas por costumes e lugares comuns costuma ser burra ou, no mínimo, medíocre (no stricto da palavra, nem lá e nem cá). Não se vive só do passado. Das memórias, a que é aproveitável é cultura, que é transmitida junto com o DNA. A cultura é mastigável, ursupável, manipulável, frustrante, frustrada, calada. As lamentações e exaltações impregnadas nelas poderiam simplesmente desaparecer. Elas poderiam deixar de estagnar o atual pensamento.

Mas as pessoas não cogitam tal possibilidade.

Ou você cria um mito futurista, ou uma tragédia futurista, ou você mete o pau na geração atual, ou faz aquelas dezenas de ações que todo mundo faz e que toda a sociedade aceita. Ou então, melhor ainda, você traça um relato melodramático da importância de suas experiências sessentistas. Você fala que criou os hippies, as passeatas engajadas, o país do progresso, a escola exemplar. Você fala que em seu tempo não existia classe média que não soubesse escrever direito. Só faltou um detalhe: a classe média atual não é a mesma coisa daquele tempo: a renda da população pobre cresceu, mas não sua formação cultural. Falhas análogas em seqüência não necessariamente correspondem a uma comparação satisfatória. Mais uma vez: falta cultura e há muito culto ao passado. Falta repertório e há, como sempre, muito discurso.

A mesma geração que criou os hippies, os punks, os metaleiros, as ideologias, a "música boa", também criou o neoliberalismo, o esquerdismo e direitismo, o falso altruísmo e as causas vazias da atual geração (descrença diante de AMEAÇAS de aquecimento global). A mesma geração que se curvou a Getúlio Vargas trouxe a Ditadura Militar ao Brasil e a falsa redemocratização atual, dentro e fora da classe política. O romantismo pode criar um realismo duro e concreto. Ninguém aceita que uma linha de pensamento se trai.

Sou obrigado, nesse texto, não a recorrer aos discursos vazios que usei em uma discussão contra o Thiago no dia de hoje, mas talvez relembrar que, felizmente ou infelizmente, você, leitor, professor ou aluno, só tem o mundo de hoje. O mundo, que você rejeita e macula, é aquele que se porta desfigurado diante de sua presença. 1960 acabou. A sua crítica, aquelas coisas que você diz como "esse país não dá certo", "essa geração nova não produz nada", acabam aqui.

Produza algo novo.

Do 0. Nem de 1968 e nem de 2008, mas deste momento, da sua pessoa.

Esqueça a imprensa, esqueça os jornais, esqueça a tecnologia. Lembre-se apenas da cultura que ficou impregnada, não em dados, mas em atitudes. Talvez uma atitude traga o romantismo anterior de volta, talvez não traga. Uma atitude faz a diferença, não um discurso. E não se trata aqui de ir contra a demagogia, mas ir contra a demagogia e o engajado frustrado. Trata-se de ir contra uma história criando uma nova, porque a história anterior pode não ser, necessariamente, sua história.

Esquecer e trazer a cultura à tona não se trata de ser um ignorante dos fatos, das memórias, dos rastros. Esse esquecer é tratar o passado como museu, como apreciação ou apropriação, não como lugar para viver. Os ditos "exemplos" geram monstros. E essas monstruosidades são aceitas pela atuação do "exemplo" como criador de opiniões.

A história produz mentiras em seqüência e você acredita.

Você acredita.

No fim, todo mundo pode esquecer de você. E seus protestos soarão totalmente abafados.

E, ignorante como você continua sendo, a verdadeira história será sempre outra versão.

Sopa de Letrinhas são crônicas (que deveriam ser) publicadas às quintas-feiras.

Falam de comunicação, de protesto e contra-protesto.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Cultura para quem?

Fotos: dia 20 de agosto

Ontem acabou a 20ª Bienal do Livro. Pelo Bola da Foca você pode acompanhar alguns textos, fotos e vídeos sobre o evento. No entanto, vou aproveitar a oportunidade para tecer alguns comentários sobre o evento.

Uma reclamação recorrente foram preços de livros. 20% e até 30% foram descontos que fizeram alguma diferença e se tornaram atraentes, mas havia poucas estandes fazendo isso. A Editora Objetiva foi uma delas, vendendo o novo livro de Luís Fernando Veríssimo, O Mundo é Bárbaro e o que temos a ver com isso, pelo valor de R$23,00 (os títulos dessa editora normalmente passam os R$30,00). No entanto, a Devir Livraria, famosa por contratos exclusivos com empresas do jogo RPG, continuou com seu costume em eventos: não barateou os produtos nem um centavo, não fazendo a menor diferença comprar fora ou dentro da bienal.

A lotação teve uma variação. Durante os dias de semana, era possível transitar pelas dependências do evento sem passar transtornos com outras pessoas. Já no final de semana, por ser a data das principais palestras e espaços de autógrafos, ocorreram vários tumultos, principalmente nos últimos dias, com filas quilométricas e alimentação cara (que já estava com o mesmo preço nos demais dias, mas com uma demanda menor).

Apesar desses pormenores, o número de pessoas (principalmente crianças) que compareceram, vindas diversas partes do Brasil, fazem do evento um encontro único dentre os círculos de cultura existentes nesse país. A cada edição, surgem modificações e novas propostas, além dos contratos que são fechados entre empresas e autores nas diversas edições da bienal.

Revisando o título que dei a essa matéria, o evento cultural está longe de estar voltado somente para paulistanos. É um evento cultural mais geral, com poucas ofertas diferentes para nosso público, mas com as principais empresas para o resto do país. É cultura para todos, pelo menos seguindo essa proposta.

Empresas de comunicação (ver foto abaixo) marcaram presença no evento, tanto de redes de televisão quanto rádio. Estavam presentes tanto para expôr seus trabalhos editoriais quanto para trazer uma cobertura direta do evento.




Alguns palestrantes do evento foram os atores Chico Anysio (23/08) e Marília Pêra (16/08), os escritores infantis Maurício de Sousa (23 e 24/08) e Ziraldo (18/08), além do educador Içami Tiba (16/08). Fora desse meio de celebridades, estandes como os da Editora Gente e Canção Nova (que é católica) trouxeram mascotes de carne e osso aos visitantes. Para conferir as figuras que fizeram parte desse exposição animada, clique nas fotos ao lado (esquerdo está o da Canção nova e, no direito, os mascotes da Editora Gente).

Teremos ainda mais material sobre o evento, mas, no momento, é essa a impressão que permanece desse encontro que coloca livros em um país que carece de escolas.

























Olimpíadas´n´roll

Guitarra modelo Les Paul Classic, cor sunburst, posicionada quase na altura do joelho. A pegada de instrumentista de Blues, carregando 62 anos nas costas e nos cabelos brancos, era visível sobre o ônibus vermelho em que ele se apresentou. Jimmy Page foi a alma dos Yardbirds nos anos 1960, foi uma das melhores guitarras daquele período ao lado de Jeff Beck, Eric Clapton e do americano Jimi Hendrix, além de ter feito história no Led Zeppelin de 1970, criando as bases do hard rock, provavelmente um dos gêneros do rock com mais número de influências indiretas (heavy metal, punk rock, etc) e um grande público fiel.

Vê-lo tocar num festival de encerramento pode ser estranho para alguns, mas é agradável para outros. Os solos de guitarra soaram limpos durante toda a Whole Lotta Love, apesar de pequenas modificações na letra (os organizadores não queriam um vocabulário ofensivo à platéia, que não é, necessariamente, apreciadora da música de Page ou dos Zeppelins). No entanto, o único motivo de crítica dessa pequena coluna vai sobre outro aspecto da música apresentada: a melodia básica. Os timbres mais graves da guitarra de Jimmy Page se perderam no estádio de apresentação, ou por um volume baixo proposital ou por falha de algum equipamento.

Após um Reunion Concert em dezembro de 2007, ao lado de Robert Plant e John Paul Jones, os Zeppelins originais, é agradável saber que esse mito da guitarra continua na ativa e, ousadamente, se apresentando em eventos totalmente fora do cotidiano dos shows de rock. Representando o Reino Unido, o músico pode ter recebido um tratamento menos importante na mídia devido a presença de Beckham e de seu chute na bola marcando o começo de Londres 2012, mas seu nome é um mito vivo do século XX.

Junto com essa aparição olímpica e a participação de Page com John Paul Jones nos show dos Foo Fighters, em 9 de junho desse ano (além da turnê de Robert Plant e Alison Krauss que ainda em curso), há a prova que, além de Rolling Stones, Aerosmith e Chuck Berry, outros mitos do rock´n´roll lendário estão no calendário dos grandes eventos. O Led Zeppelin, além da trágica morte de seu baterista, afogado no próprio vômito, era famoso por terem integrantes com insígnias heróicas, além de abordar temas fantasiosos em suas canções, muito além do materialismo que impera no hard rock.

Por isso, a fantasia ainda está viva.

Envelhecida nas mãos enrugadas de Page, mas viva.

domingo, 24 de agosto de 2008

Fim de uma geração, fim dos maiores jogos da história

Stanley ataca, Giba não consegue a defesa, bola no chão e Estados Unidos 25 contra 23 do Brasil, 3 sets a 1 com ouro para os americanos. A geração vencedora de Bernardinho sofreu sua maior derrota, a mais dolorida, que fez até o comandante derramar lágrimas.

Essa equipe venceu tudo, fincou seu nome como uma das maiores da história de todos os esportes coletivos e consagrou jogadores. A medalha de prata tem um sabor amargo, principalmente porque o lugar mais alto do pódio era possível. Mas os americanos foram melhores e mereceram o ouro.

Devemos exaltar os feitos desses jogadores e não lamentar o primeiro lugar perdido. Esses homens trouxeram muitas alegrias ao povo brasileiro e possuem seu lugar cravado entre os melhores de todos os tempos. Mas, enfim, vamos falar do jogo.

O primeiro set demonstrou uma regularidade brasileira ainda não vista nos jogos olímpicos. Os Estados Unidos demonstraram muito nervosismo e erravam em demasia. O Brasil com o passe na mão alimentou Marcelinho da melhor forma. Então a vitória foi de 25 a 20 para a nossa seleção.

A partir da segunda parcial o jogo mudou. O americano Stanley resolveu provar sua capacidade na final, ele que foi um dos melhores jogadores da competição. O camisa 13 dos Estados Unidos fez de tudo: sacou, atacou (melhor atacante do jogo) e bloqueou. Sua seqüência de serviços logo no início desmontou o sistema brasileiro, os norte-americanos abriram uma vantagem e mantiveram-na até o fim do set, finalizando-o em 25 a 22.

No terceiro set prevaleceu o domínio dos yankees, eles abriram uma vantagem até o fim do set, quando Bruninho substituiu Marcelinho e distribuiu melhor o jogo. Com a colaboração do jovem jogador a seleção aproximou do marcados, mas a vitória e a virada ficaram do lado adversário.

O quarto iniciou melhor para nós, acertamos o bloqueio e subimos de produção. O Brasil largou na frente e manteve uma vantagem até a segunda parada técnica, quando aumentou a diferença. O placar era de 20 a 17, as esperanças voltaram, mas após mais um erro de contra-ataque – um dos fatores decisivos na derrota – os EUA diminuíram e Priddy foi pro saque. Quem realmente decidiu foi ele, Stanley. O oposto virou bolas complicadas, bloqueou o ataque nacional e fechou o jogo com uma pancada indenfensável para o gênio Giba. Estados Unidos 25, Brasil 23; 3 sets a 1 e ouro para eles.

A melhor geração da história dá adeus com um saldo ultra-positivo. Dificilmente alguma equipe conseguirá igualar o Brasil do Bernardinho, Giba, Gustavo, André Nascimento e porquê não do Ricardinho. A seleção venceu: duas Copas do Mundo (2003 e 2007), seis Ligas Mundiais (2001, 2003, 2004, 2005, 2006 e 2007), dois Campeonatos Mundiais (2002 e 2006), uma Copa dos Campeões (2005), um Pan-Americano (2007), quatro Campeonatos Sul-Americanos (2001, 2003, 2005 e 2007) e duas medalhas olímpicas (Ouro em Atenas 2004 e Prata em Pequim 2008). Será que alguém duvida que esse time é vencedor?

Outra dúvida era sobre a hegemonia norte-americana no basquete masculino. Em uma das melhores partidas da história do basquete mundial eles venceram a Espanha, pelo placar de 118 a 107, recuperando o ouro, mas vendo a existência de equipes capazes de superá-los.

Os espanhóis jogaram de igual para igual e quase beliscaram o ouro, chegando a ficarem apenas dois pontos atrás do “dream-team”. A grata revelação dos jogos veio da Espanha, o jovem Ricky Rubio, 17 anos, mas habilidade e visão de gente grande. As jogadas do armador do DKV Juventud impressionaram, pois ele demonstrava uma grande personalidade ao enfrentar os monstros do basquete mundial. Muitos afirmam que Rubio será o primeiro “draftado” na próxima temporada da NBA, quando ele poderá ser elegível ao completar 18 anos.

Contudo, o craque dos jogos é Kobe Bryant. Quando a partida apertou, os americanos apostaram no ala-armador dos Lakers. Kobe chutou duas bolas de três aumentando a vantagem de dois para oito pontos, aliviando a situação dos astros da NBA.

O aproveitamento excepcional das duas equipes refletiu no placar final – 118 a 107 – e afirmam essas como os dois melhores times do mundo. Os americanos um passo a frente, principalmente pela presença de Kobe Bryant.

O calor marcou o último dia olímpico, a alta temperatura valoriza ainda mais a vitória do queniano Samuel Wansiru na maratona. Em 2 horas, 6 minutos e 32 o atleta completou os 42 km e 195 metros e pendurou o primeiro ouro da história do Quênia na maratona,lembrando que o país africano é especialista nesse tipo de prova.

O jovem de 21 anos recebeu a medalha na cerimônia de encerramento, que contou com a emocionante despedida de Pequim - com também Jackie Chan cantando. As apresentações artísticas dos chineses agradeceram esses 17 dias de competições e deram as boas-vindas à próxima sede: Londres.

Duas das mais tradicionais figuras da Inglaterra foram responsáveis pela apresentação de 2010. Jimmy Page tocou o tradicional rock britânico Whole Lotta Love, do Led Zeppelin (sua antiga banda de hard rock), com uma surpreendente interpretação de Leona Lewis (vencedora do "American Idol" britânico). O astro David Beckham deu o pontapé inicial, chutando uma bola. A corrida para Londres 2012 iniciou, com Pequim cumprindo o seu dever. As olimpíadas foram impecáveis, principalmente no desempenho dos atletas. Encerro por aqui minha cobertura, agradeço os que tiveram a paciência de me ler. Até, Londres 2012!

Principais Resultados:
Vôlei masculino
Disputa do Bronze
Rússia 3 x 0 Itália - 25/22, 25/19 e 25/23
Final
Estados Unidos 3 x 1 Brasil - 20/25, 25/22, 25/21 e 25/23

Basquete masculino
Disputa do Bronze

Argentina 87 x 75 Lituânia
Final
Estados Unidos 118 x 107 Espanha

Handebol masculino
Disputa do Bronze

Espanha 35 x 29 Croácia
Final
França 28 x 23 Islândia

Pólo-Aquático masculino
Disputa do Bronze

Sérvia 6 x 4 Montenegro
Final
Hungria 14 x 10 Estados Unidos

sábado, 23 de agosto de 2008

Amarela? Só a cor da medalha

Atenas 2004: Brasil 24, Rússia 19; quarto set. Essa geração ficou marcada por este fato. A derrota nas semifinais há quatro anos atrás, quando estávamos a um ponto da final, marcou essas meninas, em especial uma, conhecida como Mari.

A ponta – que na época era oposto – errou quatro ataques, culminando com a vitória russa no set e posteriormente no jogo. As críticas sobre ela e o resto da equipe foram pesadas, sendo taxadas de amarelonas, pipoqueiras e outros “adjetivos”. O Brasil precisava voltar à uma Olimpíada, precisava de uma final como essa, precisava que Mari aparecesse e provasse que os críticos estavam errados.
O gesto da camisa 3 para as câmeras após o jogo demonstraram o desabafo da jogadora, o gesto de silêncio é simbólico e apaga de vez sua fama de amarelona. Mari teve excelente atuação nos jogos olímpicos e na final atuou de forma monstruosa, virando bolas complicadas, acertando o saque e a recepção. A defesa da atleta foi muito exigida, pois as americanas adotaram como estratégia sacar em cima dela, mas a jogadora não titubeou e teve um excelente aproveitamento de recepção.

Mas o jogo não era especial apenas para Mari, a equipe toda esperava por esse momento no mínimo há quatro anos, eis as campeãs: Walewska – raça pura, um paredão no meio-de rede -, Carol - segurou a bronca quando entrou, já experiente é a substituta imediata de Fofão -, Paula Pequeno – superou o trauma do corte por lesão às vésperas de Atenas -, Thaisa – jovem revelação, uma gigante no bloqueio -, Fofão – a líder e mestra desse time, aposenta da melhor forma -, Waleskinha – importante para o grupo com sua experiência -, Fabiana – uma muralha, o bloqueio da olimpíada-, Sassá – sacando com a potência masculina, aproveitamento eficiente -, Jaqueline – superou o dopping e disparada uma das mais emocionadas - , Sheila – um monstro em quadra, a melhor oposto do mundo -, Fabi – a baixinha-gigante, incansável na defesa – e principalmente José Roberto Guimarães – o líder, o símbolo da superação – que conquistou o seu segundo ouro olímpico. Final de 3 sets a 1, parciais de 25/15, 18/25, 25/13 e 25/21.

Essa Olimpíada é das mulheres para o esporte nacional. Além do inédito ouro do vôlei, o taekwondo foi condecorado com sua primeira medalha por uma mulher. Natália Falavigna venceu a sueca Karolina Kedzierska por 5 a 2, trazendo o bronze para o nosso país. A brasileira acabou indo para a disputa do terceiro lugar ao perder para a norueguesa Nina Solheim. Essa edição olímpica ficará marcada pela vitoriosa participação feminina, e apesar da expectativa que existia em cima de Natália pela final o bronze merece ser comemorado.

O ouro ficou com a mexicana Maria del Rosario Espinoza, vencedora da luta contra a algoz de Natália. O placar foi de 3 a 1.

A imagem do dia veio do ginásio de Ciência e Tecnologia, o cubano Angel Valodia Matos vencia a luta contra Arman Chilmanov, do Cazaquistão, por 3 a 2. Após um golpe mal sucedido, o lutador sentiu uma lesão e pediu tempo técnico ao árbitro, o pedido foi aceite. O período de um minuto não foi suficiente para curar a lesão, então o atleta continuou o tratamento mesmo com o juiz ordenando seu retorno. Devido ao tempo esgotado, Matos acabou desclassificado e o cazaque saiu vencedor da luta. Daí então, momentos de revolta tomaram conta do ginásio.
O cubano - revoltadíssimo com a decisão – desferiu um chute de esquerda no árbitro central, o sueco Chakil Chelbat. Não satisfeito, ainda deu tempo de acertar um soco em um juiz lateral. A punição ao atleta saiu em poucos minutos.
O atleta e seu treinador foram banidos de todas as competições internacionais, ministradas pela Federação Mundial de Taekwondo (WTF). Vale lembrar que Matos já foi campeão olímpico ( na edição de Sydney) e também levou o ouro no Pan do Rio de Janeiro. O cubano encerraria sua participação olímpica após o encerramento dos jogos, infelizmente para ele a despedida veio da pior forma, com melancolia. O ouro da categoria acabou nas mãos do coreano Dongmin Cha, que venceu o grego Alexandros Nikolaidis, medalha de prata em Atenas.

Decisões nos esportes coletivos: no basquete feminino os Estados Unidos mantiveram a hegemonia ao vencerem a Austrália por 92 a 65, garantindo o tetra-campeonato olímpico de forma consecutiva; já pelo handebol feminino a Noruega garantiu o ouro, vencendo a Rússia por 34 a 27; nos gramados deu Argentina, pela segunda vez nossos hermanos subiram no lugar mais alto do pódio, o gol de Di Maria bastou para deixar a Nigéria com a prata; também na grama a Alemanha pendurou o ouro no peito ao vencer – em partida duríssima – a Espanha pelo placar de 1 a 0; mas o jogo da rodada foi no baseball, os invictos e surpreendentes coreanos venceram os mega-campeões na modalidade, os cubanos, o placar era de 3 a 2 na nona (e última) entrada, os caribenhos lotavam as bases e tinham somente um jogador eliminado, a pressão toda nos coreanos e no seu arremessador. A queimada dupla emocionou a Coréia do Sul e tirou o ouro de Cuba.
Principais Resultados:
Atletismo
Lançamento de dardo – masculino

1 - Andreas Thorkildsen (NOR) - 90.57 (OR)
2 - Ainars Kovals (LET) - 86.64
3 - Tero Pitkamaki (FIN) - 86.16

Salto em altura – feminino
1 - Tia Hellebaut (BEL) - 2.05 (venceu por cometer menos erros em seu salto)
2 - Blanka Vlasic (CRO) - 2.05
3 - Anna Chicherova (RUS) - 2.03

800m masculino - masculino
1 - Wilfred Bungei (QUE) - 1m44s65
2 - Ismail Ahmed Ismail (SUD) - 1m44s70
3 - Alfred Kirwa Yego (QUE) - 1m44s82

1.500 metros – feminino
1 - Nancy Jebet Langat (QUE) - 4m00s23
2 - Iryna Lishchynska (UCR) - 4m01s63
3 - Nataliya Tobias (UCR) - 4m01s78

5.000 metros – masculino
1 - Kenenisa Bekele (ETI) - 12m57s82 (OR)
2 - Eliud Kipchoge (QUE) - 13m02s80
3 - Edwin Cheruiyot Soi (QUE) - 13m06s22

4x400 metros – feminino
1 - Estados Unidos - 3m18s54
2 - Rússia - 3m18s82
3 - Jamaica - 3m20s40

4x400 metros – masculino
1 - Estados Unidos - 2m55s39 (OR)
2 - Bahamas - 2m58s03
3 - Rússia - 2m58s06

Beisebol masculino
Disputa do bronze

Estados Unidos 8 x 4 Japão
Final
Coréia do Sul 3 x 2 Cuba

Futebol Masculino
Final

Argentina 1 x 0 Nigéria

Vôlei feminino
Disputa do Bronze

China 3 x 1 Cuba - 25/16, 21/25, 25/13 e 25/20
Final
Brasil 3 x 1 Estados Unidos - 25/15, 18/25, 25/13 e 25/21

Handebol feminino
Disputa do Bronze
Coréia do Sul 33 x 28 Hungria
Final
Noruega 34 x 27 Rússia

Basquete feminino
Disputa do bronze
Rússia 94 x 81 China
Final
Estados Unidos 92 x 65 Austrália

Tênis de mesa individual – masculino
Final

Ma Li (CHN) 4 x 1 Wang Hao (CHN) - 11-9, 11-9, 6-11, 11-7 e 11-9
Bronze - Wang Lin (CHN)

Hóquei sobre grama - masculino
Disputa do bronze
Austrália 6 x 2 Holanda
Final
Alemanha 1 x 0 Espanha

Taekwondo feminino – categoria (+ 67 kg)
1 - Maria del Rosario Espinoza (MEX)
2 - Nina Solheim (NOR)
3 - Sarah Stevenson (GBR)
3 - Natalia Falavigna (BRA)

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Maurren "Ouro" Maggi

Um enorme centímetro fez a diferença à favor de Maurren Higa Maggi, uma mísera unidade de medida que a consagrou definitivamente. A brasileira superou a marca do sete metros, saltando 7,04; um centímetro a mais da russa Tatiana Lebedeva, o que garantiu o ouro inédito para uma mulher no esporte indivdual.

Superação é a palavra que resume a trajetória de Maurren até o ouro. A atleta surgiu em 1999, quando conquistou o ouro no Pan-Americano de Winnipeg. No ano seguinte, ela participou da sua primeira Olimpíada, mas uma contratura muscular na perna direita logo nas eliminatórias encerrou a participação da saltadora. Após a decepção em Sydney, veio a redenção na Copa do Mundo de Atletismo, em 2002, quando ela conquistou a prata.
Em ascensão, a atleta recebeu a pior notícia da vida em 2003. Maurren foi pega no dopping às vésperas do Pan de Santo Domingo, o exame acusou a presença de clostebol. O esteróide, originado a partir da aplicação de uma pomada em uma sessão de depilação, deu positivo e o COI puniu-a por dois anos. Passado o período de suspensão, a atleta continuou sem atuar, pois deu a luz a pequena Sofia, fruto de seu relacionamento com o piloto Antonio Pizzonia. O casamento acabou com o tempo, o que culminou com a volta as pistas.

O retorno de Maurren no cenário internacional ocorreu em 2007, quando a saltadora venceu o Pan-Americano do Rio de Janeiro, além de figurar entre as melhores no Mundial de Osaka. O meteoro chamado Maurren Higa Maggi estava de volta, e após o vice-campeonato no mundial de Valência, veio a vitória olímpica tão merecida e tão batalhada por ela.


O ninho que consagrou Maggi viu Usain Bolt brilhar novamente. O jamaicano – acompanhado por Asafa Powell, Michael Frater e Nesta Carter – venceu o revezamento 4x100 livre e de quebra derrubou mais um recorde mundial. Com a marca, Bolt torna-se o primeiro atleta a bater três recordes mundiais em uma única edição olímpica, o tempo final do time caribenho foi de 37s10, quase um segundo abaixo do quarteto de Trinidad e Tobago, segundos colocados na prova. O Brasil quase subiu ao pódio, o time formado por José Carlos Moreira, Bruno Lins, Vicente Lenílson e Sandro Viana terminou a prova no quarto lugar, atrás do combinado japonês que pendurou o bronze no peito.

O vôlei teve um dia movimentado, em que o Brasil foi protagonista. Na praia dominamos o pódio, mas não levamos o ouro. Ricardo e Emanuel venceram com facilidade os brasileiros-georgianos Jorge e Renatão, vulgos Geor e Gia. Em trinta e seis minutos os campeões olímpicos de Atenas conquistaram o bronze, 2 sets a 0, parciais de 21/15 e 21/10.

Na final, a outra dupla brasileira sofreu uma esperada derrota. Márcio e Fábio Luiz perderam para Rogers e Dalhausser, dos Estados Unidos. Após abrirem 6 a 1 no primeiro set, os brasileiros sofreram a virada, devido ao forte bloqueio de Dalhausser e inteligência e habilidade de Rogers. Porém nossa dupla também tem seu grande valor, com uma atuação irretocável de Márcio voltamos ao jogo, a dupla saiu de um 13 a 10 contra para vencer a segunda parcial por 21 a 17. O jogo parecia ter mudado de rumo, mas o gigante Dalhausser não permitiu. No alto dos seus 2,06 metros, o norte-americano parou Fábio Luiz por nada mais, nada menos, do que 7 vezes, acarretando um largo 8 a 1 no início do tié-break. A vantagem astronômica acabou com a confiança dos brasileiros, então a experiente dupla norte-americana massacarou no fim. O ponto final só poderia ter acontecido de uma forma, bloqueio de Dalhausser em Fábio Luiz, 15 a 4 no placar e mais um ouro para os Estados Unidos, que dominaram as areias de Pequim.

Na quadra tivemos o clássico contra a Itália, válido pela semifinal olímpica. Um susto no primeiro set com recuperação de campeão nos outros três, esse foi o resumo do confronto. A irregularidade do Brasil apareceu na primeira parcial, a recepção não alimentava o trabalho de Marcelinho e desperdiçávamos contra-ataques, a Itália aproveitando-se dos nossos erros fechou com um 21 a 19. Bernardinho alterou o time substituindo o ponta Dante – com atuação apagada – pelo regular Murilo. E o irmão do meio-de-rede Gustavo fez bonito, entrou muito bem e melhorou o aproveitamento da seleção. O resultado veio rápido com a vitória no segundo set, 25 a 18.

A terceira parcial mostrou um grande equilíbrio, mas o Brasil mostrou o porque que é considerada a melhor equipe do mundo, nos momentos decisivos os jogadores chave apareceram (Giba e André Nascimento) e o placar de 25 a 21 sacramentou a virada. No último set nossos jogadores mantiveram o ritmo, e coube à Murilo matar os italianos, 25 a 22 e vaga na final. Enfrentaremos os Estados Unidos, nosso carma nos últimos jogos. O vencedor se igualará a antiga URSS, com o três ouros em Olimpíadas.

O gosto de decepção não foi afastado, mas a Seleção Brasileira Masculina de Futebol, em seu melhor jogo, venceu a Bélgica por 3 a 0 e conquistou o bronze. O Brasil impôs um ritmo forte na primeira etapa, abrindo o placar com Diego aos 27 minutos e aumentando a vantagem com , nos acréscimos. No segundo tempo a seleção segurou o jogo e pouco atacou, entretanto sacramentou o 3 a 0 nos acréscimos, mais uma vez Jô foi o marcador, o ex-corintiano atuou como titular pela primeira vez nos jogos e destacou-se dos demais. A final será disputada entre Argentina e Nigéria, repetindo a decisão de Atlanta, 1996

Principais Resultados:
Atletismo
Salto em distância – feminino
1 - Maurren Higa Maggi (BRA) - 7.04
2 - Tatyana Lebedeva (RUS) - 7.03

3 - Blessing Okagbare (NIG) - 6.91

Salto com vara – masculino
1 - Steve Hooker (AUS) - 5.96 (OR)

2 - Evgeny Lukyanenko (RUS) - 5.85

3 - Denys Yurchenko (UCR) - 5.70

5.000 metros – feminino
1 - Tirunesh Dibaba (ETI) - 15m41s40

2 - Elvan Abeylegesse (TUR) - 15m42s74

3 - Meseret Defar (ETI) - 15m44s12

4x100 metros - feminino
1 - Rússia - 42s31

2 - Bélgica - 42s54

3 - Nigéria - 43s04

Decatlo
1 - Bryan Clay (EUA) - 8791

2 - Andrei Krauchanka (BLR) - 8551

3 - Leonel Suárez (CUB) – 8527

4x100 metros – masculino

1 - Jamaica - 37s10 (OR)
2 - Trinidad e Tobago - 38s06

3 - Japão - 38s15

Vôlei de praia – masculino
Disputa do Bronze

Ricardo e Emanuel (BRA) 2 x 0 Geor e Gia (GEO) - 21/15 e 21/10
Final
Rogers e Dalhausser (EUA) 2 x 1 Márcio e Fábio Luiz (BRA) - 23/21, 17/21 e 15/4

Vôlei masculino
Semifinais

Estados Unidos 3 x 2 Rússia - 25/22, 25/21, 25/27, 22/25 e 15/13
Brasil 3 x 1 Itália - 19/25, 25/18, 25/21 e 25/22

Basquete masculino
Semifinais
Espanha 91 x 86 Lituânia
Estados Unidos 101 x 81 Argentina

Handebol masculino
Semifinais

França 25 x 23 Croácia
Islândia 36 x 30 Espanha

Pólo-Aquático masculino
Semifinais
Hungria 11 x 9 Montenegro
Estados Unidos 10 x 5 Sérvia

Futebol Masculino
Disputa do Bronze
Brasil 3 x 0 Bélgica

Pentatlo moderno – feminino
1 - Lena Schöneborn (ALE) - 5792

2 - Heather Fell (GBR) - 5752

3 - Victoria Tereshuk (UCR) – 5672

Hóquei sobre a grama – feminino
Final

Holanda 2 x 0 China
Bronze – Argentina

Tênis de mesa individual – feminino
Final
Zhang Yning (CHN) 4 x 1 Wang Nan (CHN) – 8/11, 13/11, 11/8, 11/8 e 11/3

Bronze - Guo Yue (CHN)

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Na trave

Sabe aquele dia que você faz tudo certo e no final o resultado é péssimo? A Seleção Brasileira feminina de futebol descobriu como é passar por isso. O ouro ficou muito próximo de ser conquistado, mas não veio.

O início foi nervoso de ambas as partes. Brasil e Estados Unidos erravam muitos passes, porém o domínio brasileiro apareceu claramente nas oportunidades de gol do primeiro tempo, restritas à nossa seleção.

O segundo tempo, mais aberto, destacou as duas goleiras: Hope Solo e Bárbara. A americana trabalhou demais, principalmente em jogadas individuais das brasileiras. O Brasil pressionou as adversárias durante todo os últimos 45 minutos, exigindo participação ativa da goalkeeper. Os Estados Unidos jogaram recuados durante os dois tempos. No entanto, a maior chance de gol ocorreu ao seu favor no último minuto da etapa final; Bárbara fez milagre e evitou a derrota no tempo normal.

Na prorrogação, sofrimento e emoção. As americanas mostraram melhor preparo físico, voltando melhor para o primeiro tempo do tempo extra. Logo aos seis minutos, Carli Lloyd acertou um chute de fora da área e o imprevisível aconteceu: os EUA abriram o placar.

Após o gol, a pressão virou desespero. As brasileiras atacaram, atacaram e atacaram, mas Solo impediu qualquer chance de empate. Marta, Renata Costa e Cristiane tiveram suas oportunidades, mas o choro delas ao fim decreta o resultado final do jogo: Estados Unidos 1 x 0 Brasil. Mais uma vez o ouro escapou.

A prata nos campos teve um gosto amargo, mas na vela ela deve ser comemorada, e muito. Robert Scheidt e Bruno Prada iniciaram a medal race na terceira colocação no geral, após reagirem de uma forma impressionante na competição. Os brasileiros terminaram a regata final na segunda colocação, garantindo o bronze no peito. Mas para nossa felicidade, os suecos Loof/Ekstrom – até então líderes no geral – chegaram na última posição da etapa, o que garantiu a prata para Scheidt e Prada.

Com a medalha, a vela retomou a liderança das medalhas brasileiras na história. A conquista dos brasileiros é a de número 16, iniciada por Reinaldo Conrad e Burkhard Cordes, que conquistaram o bonze da classe Flying nos Jogos de 1968, realizados na Cidade do México.

Um dos principais responsáveis pelo acúmulo de medalhas na vela é Robert Scheidt. O velejador conquistou ao lado de Bruno Prada sua quarta medalha olímpica. A trajetória iniciou com um ouro em Atlanta, 1996; em seguida a decepção da prata em Sydney, 2000; a consagração em Atenas, 2004, confirmou a hegemonia do brasileiro na sua antiga classe, a Laser. Em Pequim, Scheidt encarou um novo desafio ao velejar na classe Star, e fez muito bonito. A prata tem que ser valorizada, e daqui a quatro anos com os dois realmente ambientados a classe, podemos subir um lugar no pódio.

Em Hong Kong, outro atleta brasileiro consagrado não conseguiu trazer-nos outra medalha. Rodrigo Pessoa conseguiu chegar ao desempate no concurso de saltos individuais, mas o bronze ficou com o americano Beezie Madden por finalizar o percurso em um menor tempo. O hipismo brasileiro não ficava fora do pódio desde os jogos de Barcelona, 1992; desde então muitas conquistas: Bronze nos concursos por equipes (1996 e 2000) e o ouro no individual de Rodrigo Pessoa, conquistado em Atenas, 2004.

Jadel Gregório fracassou – pela segunda vez – no salto-triplo. Mostrado como um dos favoritos a medalha, o brasileiro terminou na modesta sexta posição. Jadel esteve muito abaixo do seu potencial, sua técnica parecia meio “travada”. Sua melhor marca na final foi de 17,20, setenta centímetros abaixo do seu melhor salto no ano. O vencedor foi o português Nélson Évora, que marcou 17,67 metros. Se o brasileiro estivesse em um bom dia certamente conquistaria uma medalha, mas novamente ele ficou fora do pódio.


Arrasadora, a Seleção Brasileira de Vôlei Feminino atropelou a China, 3 sets a 0 (27/25, 25/22 e 25/14), e espantou o fantasma das semifinais (nas últimas quatro olimpíadas o Brasil havia sido eliminado nessa fase). O time de José Roberto Guimarães está empolgando e jogando como campeão, pois arrasar as donas da casa em plena arena lotada, não era uma missão das mais fáceis. A final será contra os Estados Unidos, que surpreenderam ao vencer Cuba por 3 sets a 0, parciais de 25/20, 25/16 e 25/17. Tecnicamente e individualmente somos melhores, se o apagão de Atenas não se repetir, penduraremos o ouro no peito.

A novidade também invadiu a areia, porém ela não foi boa para o Brasil. Renata e Talita perderam a disputa do bronze para as chinesas, Tian Jia e Wang. O placar de 2 a 0, parciais de 21/19 e 21/17, sacramentou um fato inédito: pela primeira vez o Brasil ficaria fora do pódio no vôlei de praia.

Principais resultados:
Maratona Aquática – masculino
1 - Maarten van der Weijden (HOL) - 1h51m51s6
2 - David Davies (UK) - 1h51m53s1
3 - Thomas Lurz (ALE) - 1h51m53s6

Atletismo
Marcha Atlética – 20 km - feminino
1 - Olga Kaniskina (RUS) - 1h26m30s (OR)
2 - Kjersti Platzer (NOR) - 1h27m06s
3 - Elisa Rigaudo (ITA) - 1h27m41s
Arremesso de dardo – feminino
1 - Barbora Spotakova (TCH) - 71.42
2 - Maria Abakumova (RUS) - 70.78
3 - Christina Obergfoll (ALE) - 66.13
200m rasos – feminino
1 - Veronica Campbell-Brown (JAM) - 21s74
2 - Allyson Felix (EUA) - 21s93
3 - Kerron Stewart (JAM) - 22s00
Salto-triplo - masculino
1 - Nelson Evora (POR) - 17.67
2 - Phillips Idowu (GBR) - 17.62
3 - Leevan Sands (BAH) - 17.59
400m rasos – masculino
1 - LaShawn Merritt (EUA) - 43s75
2 - Jeremy Wariner (EUA) - 44s74
3 - David Neville (EUA) - 44s80
110m com barreira – masculino
1 - Dayron Robles (CUB) - 12s93
2 - David Payne (EUA) - 13s17
3 - David Oliver (EUA) - 13s18

Vôlei de praia – feminino
Disputa do bronze
Xue e Zhang Xi (CHN) 2 x 0 Talita e Renata (BRA) - 21/19 e 21/17
Disputa do ouro
Walsh e May (EUA) 2 x 0 Tian Jia e Wang (CHN) – 21/18 e 21/18

Handebol feminino
Disputa do 5° ao 8° lugar
China 20 x 19 Suécia
França 36 x 34 Romênia
Semifinais
Noruega 29 x 28 Coréia do Sul
Rússia 22 x 20 Hungria

Vôlei feminino
Semifinais
Estados Unidos 3 x 0 Cuba - 25/20, 25/16 e 25/17
Brasil 3 x 0 China - 27/25, 25/22 e 25/14

Basquete feminino
Semifinais

Estados Unidos 67 x 52 Rússia
Austrália 90 x 56 China

Vela
Classe Star – masculino

1 – Grã-Bretanha (Percy/Simpson )– 45
2 – Brasil (Scheidt/Prada) - 53
3 - Suécia (Loof/Ekstrom)- 53

Futebol feminino
Disputa do Bronze
Alemanha 2 x 0 Japão
Final
Estados Unidos 1 x 0 Brasil

Pólo Aquático
Final
Holanda 9 x 8 Estados UnidosBronze – Austrália

Softbol
Final

Japão 3 x 1 Estados Unidos
Bronze – Austrália

Hipismo – saltos individual
1 - Eric Lamaze (CAN) - Não perdeu pontos
2 - Rolf-Goran Bengtsson (SUE) - Não perdeu pontos
3 - Beezie Madden (EUA) - 4 pontos perdidos - 35s25 no desempate





quarta-feira, 20 de agosto de 2008

63 anos da bomba de Hiroshima

Larissa Tsuboi Ogusico visitou o Museu da Paz e o Parque Memorial da Paz de Hiroshima em fevereiro de 2008.

Às oito horas e quinze minutos, horário de Hiroshima, na última quarta-feira, 6 de agosto, soava o sino do Parque Memorial da Paz e reinava o silêncio em homenagem às vítimas da primeira bomba nuclear lançada sobre uma cidade japonesa. Foi exatamente a essa hora, há exatos 63 anos, que o homem tomou conhecimento da capacidade de destruição de uma arma tão poderosa quanto temida.

Todos os anos, a data é recordada não apenas como a lembrança de um triste acontecimento, mas também como uma tentativa de alertar o mundo de que manter armas nucleares não vale a pena. Apesar de anualmente serem convidadas as autoridades dos países que já declararam possuir armas nucleares, poucas delas comparecem. Em 2007, uma resolução do Japão na ONU a favor da abolição dessas armas foi assinada por 170 países, tendo somente três se recusado a aceitá-la, entre eles os Estados Unidos.

O governo japonês também vem mudando de postura com relação às indenizações dadas aos sobreviventes da bomba, os chamados hibakushas. As conseqüências da bomba atômica são sentidas até hoje pelas gerações posteriores tanto física quanto psicologicamente. Na época, muitos japoneses de outras cidades, assim que ficaram sabendo da tragédia, rumaram para Hiroshima a fim de socorrer as vítimas, sem saber do perigo da radiação, e passaram a ter direito a essas indenizações. Já os hibakushas que migraram para o Brasil fugidos da tragédia podem atualmente receber suas indenizações sem ter de voltar ao Japão para isso.

O Museu Memorial da Paz e a cidade reconstruída

Qualquer visitante do mundo que passe por Hiroshima provavelmente terá dificuldade em imaginar como ficou a cidade após o bombardeio pela bomba apelidada de “Litlle Boy” - a que foi lançada pelo B-29 chamado “Enola Gay”. Como qualquer outra cidade do Japão, Hiroshima apresenta uma infra-estrutura típica de um país desenvolvido: ruas bem asfaltadas, transporte público funcionando devidamente, parques conservados e inúmeros prédios. Reconstruir a cidade até que ela chegasse ao que é hoje não foi um processo fácil. O espírito de coletividade presente na filosofia nipônica foi crucial para a recuperação do que fora perdido na guerra. Para isso, os japoneses deram o máximo de si mesmo após derrotados e seguiram o que acreditavam ser a vontade do imperador.

O Museu da Paz de Hiroshima é o lugar que congrega as tristes lembranças dessa data. Ao sair da estação de trem da cidade, é possível pegar um ônibus que pára num ponto bem em frente ao Genbaku Dome – a Cúpula da Bomba Atômica – único prédio nas imediações do ponto em que a bomba explodiu a permanecer em pé. Tanto o museu quanto o parque ficam próximos à edificação, tendo ao lado um dos diversos rios que atravessam Hiroshima. Caminhar por esse trajeto, principalmente sob a neve, mistura sensações de paz e tristeza ao mesmo tempo. O respeito àqueles que tanto sofreram no fatídico dia se mescla à incredulidade de que tudo possa ter ocorrido naquela bela cidade.

Já no museu, é comum os visitantes sentirem-se incomodados com a gravidade das fotos dos feridos e as tristes histórias daqueles que, subitamente, deixaram de viver. Dividido em seções, o Museu da Paz expõe objetos deformados pela bomba que pertenciam a crianças, donas de casa e trabalhadores, como: marmiteiras, camisas, chapéus e bicicletas – até mesmo unhas e tufos de cabelo é possível ver. Juntamente aos objetos, pode-se ler o que várias vítimas faziam no momento exato da explosão, às 8h15m, horário marcado num relógio de pulso que nunca mais voltou a funcionar. O fenômeno conhecido como “chuva negra”, que continha altas taxas de radiação também se faz presente numa parede transportada ao museu, bem como o degrau onde ficara a marca de uma pessoa incinerada pelos raios de calor. A drástica diferença entre duas maquetes que mostram Hiroshima antes e depois da explosão dão uma idéia clara do que a bomba foi capaz de destruir.

Uma das seções do museu é dedicada exclusivamente à questão do funcionamento da bomba de fissão nuclear. Um globo terrestre, no qual são assinalados os países que possuem armas atômicas, evidencia a constante preocupação dos japoneses em alertar o mundo de que o perigo, de certa forma, continua.

“Pense nas crianças mudas telepáticas
Pense nas meninas cegas inexatas
Pense nas mulheres, rotas alteradas
Pense nas feridas como rosas cálidas
Mas só não se esqueça da rosa, da rosa
Da rosa de Hiroshima, a rosa hereditária
A rosa radiotiva, estúpida inválida
A rosa com cirrose a anti-rosa atômica
Sem cor, sem perfume, sem rosa, sem nada”

Mais um mito

Usain Bolt está escrevendo uma nova história no atletismo. Jamais um atleta de 1,93m teve esse desempenho em provas rápidas, tradicionalmente dominadas por velocistas de outras características – geralmente mais baixos e fortes. Bolt afirmou-se como o grande corredor do momento, pois o jamaicano repetiu o feito de gigantes da história como Carl Lews e Jesse Owens.
Lews, em 1984, e Owens, calando Hitler em 1936, estão cravados na história do atletismo. Bolt, à noite (horário de Pequim), igualou-se aos dois mitos, tornando-se mais um nome inesquecível. Carl Lews nos jogos de Los Angeles venceu os 100 e 200 metros, feito igualado por Bolt, em 2008. Jesse Owens além de vencer, bateu os recorde mundiais das duas provas, e o fato foi novamente repetido pelo jamaicano, que não possuiu adversários em nenhum momento nessa Olimpíada.

Usain cravou 19s30, diminuindo o recorde mundial – que pertencia ao americano Michael Johnson, conquistado em Atlanta, 1996 - em 2 centésimos. O pódio teria sido completado pelos atletas Churandy Martina, das Antilhas Holandesas, ou pelo americano Wallace Spearmom, mas ambos foram desclassificados por invadirem a raia do lado. Sorte dos norte-americanos Shawn Crawford (prata) e Walter Dix (bronze), herdeiros das medalhas dos eliminados.

Bolt terá a oportunidade de pendurar mais um ouro: ele disputará o revezamento 4x100, prova que a Jamaica possui grandes oportunidades de vitória, devido a presença de Asafa Powell na equipe. Phelps indiscutivelmente é o nome de Pequim, a prata fica entre Isinbayeva e Bolt, pois a vitória no revezamento garantiria o jamaicano como o grande nome das pistas olímpicas.
A participação brasileira no dia começou com a Maratona Aquática. Poliana Okimoto e Ana Marcela chegaram a disputar um lugar no pódio, porém a manobra de ultrapassagem realizada pelas nossas compatriotas – principalmente por Poliana – não surtiu efeito; elas perderam ritmo, e chegaram na sétima e quinta posições, respectivamente. Ana Marcela, com apenas 16 anos, era uma das atletas mais jovens na prova, seu resultado anima os especialistas, que prevêem um grande futuro à brasileira.

Continuando no mar, Robert Scheidt e Bruno Prada ressurgiram na classe Star. O bi-campeão olímpico e Prada tiveram três grandes regatas, terminando-as em terceiro lugar, pulando para a mesma posição na classificação geral. Restando a regata final, conhecida como medal race, Scheidt e Prada chegam para disputar medalhas. O bronze está mais perto, mas pelo crescimento demonstrado uma vitória na etapa é mais do que possível, e como os pontos dessa regata dobram, a prata ou quem sabe o ouro pode acabar pintando para os brasileiros.

Saindo da água e partindo para as areias, tivemos a semifinal brasileira do vôlei de praia masculino. Márcio e Fábio Luiz surpreenderam os campeões olímpicos, Ricardo e Emanuel, vencendo-os por 2 sets a 0, parciais de 22/20 e 21/18. A dupla vencedora demonstrou uma gana e uma raça que fez a diferença no encontro, além da técnica de Márcio, que com sua canhota só não fez chover na China. Os ganhadores - que chegaram desacreditados à Pequim após uma fraca temporada - enfrentarão na final Rogers e Dalhausser, dos Estados Unidos. Jogo complicadíssimo, pois os americanos são excelentes jogadores, misturando a habilidade e experiência de Rogers com a altura e força de Dalhausser; mais uma vez a palavra superação entra no dicionário de Márcio e Fábio Luiz. Os até então favoritos, Ricardo e Emanuel, disputarão o bronze contra Renatão e Jorge, mais conhecidos como Geor e Gia, representantes da Geórgia.

Na quadra, vencemos sem problemas. O Brasil enfrentou a China em jogo válido pelas quartas-de-final do vôlei masculino. O placar de 3 a 0, parciais de 25/17, 25/15 e 25/16, foi construído sem esforços. A Seleção Brasileira demonstrou tranqüilidade e apresentou o seu melhor jogo, facilitando a partida, dada a diferença técnica entre os dois times. A vitória rápida é importantíssima nessa altura, pois a equipe chegará descansada às semifinais. O adversário é bem conhecido, enfrentaremos a Itália pela vaga na final, reeditando a decisão olímpica de Atenas, quando conquistamos o bi-campeonato. Os italianos venceram uma batalha contra a Polônia, 3 a 2, parciais de 25/19, 25/22, 18/25, 26/28 e 17/15.

Chegamos nos momentos decisivos dos esportes coletivos. No basquete masculino, tivemos grandes jogos pelas quartas-de-final. A campeã mundial, Espanha, confirmou seu favoritismo e derrotou a Croácia por 72 a 59. O adversário espanhol nas semifinais será a Lituânia. A ex-república soviética venceu a China com facilidade, placar de 94 a 68. Pelo outro lado da chave, Estados Unidos e Argentina farão a segunda semifinal. Os americanos atropelaram a Austrália, 116 a 85, com grande atuação de Kobe Bryant. Os argentinos garantiram a classificação ao derrotar a atual vice-campeã mundial, Grécia, em uma partida imprópria para cardíacos. O arremesso de três errado do armador Spanoullis, que acabou batendo no aro, sacramentou o 80 a 78 no marcador à favor dos argentinos, confirmando nossos "hermanos" nas semifinais.

Principais resultados:

Maratona aquática – feminino
1 - Larisa Ilchenko (RUS) - 1h59m27s7

2 - Keri-Anne Payne (UK) - 1h59m29s2

3 - Cassandra Patten (GBR) - 1h59m31s0

Vôlei de praia – masculino
Semifinais

Rogers e Dalhausser (EUA) 2 x 0 Geor e Gia (GEO) - 21/11 e 21/13
Márcio e Fábio Luiz (BRA) 2 x 0 Ricardo e Emanuel (BRA) - 22/20 e 21/18

Vôlei masculino
Quartas-de-final

Rússia 3 x 1 Bulgária - 20/25, 25/16, 25/22 e 25/21
Itália 3 x 2 Polônia - 25/19, 25/22, 18/25, 26/28 e 17/15
Brasil 3 x 0 China - 25/17, 25/15 e 25/16
Estados Unidos 3 x 2 Sérvia - 20/25, 25/23, 21/25, 25/28 e 15/12

Handebol masculino
Quartas-de-final

França 27 x 24 Rússia
Islândia 32 x 30 Polônia
Croácia 26 x 24 Dinamarca
Espanha 29 x 24 Coréia do Sul

Basquete masculino
Quartas-de-final

Espanha 72 x 59 Croácia
Lituânia 94 x 68 China
Estados Unidos 116 x 85 Austrália
Argentina 80 x 78 Grécia

Atletismo
Lançamento de martelo – feminino

1 - Aksana Miankova (BLR) - 76.34 (RO)

2 - Yipsi Moreno (CUB) - 75.20

3 - Zhang Wenxiu (CHN) - 74.32

200m rasos – masculino
1 - Usain Bolt (JAM) - 19.30 (WR)

2 - Shawn Crawford (EUA) - 19s96

3 - Walter Dix (EUA) - 19s98

400m com barreiras – feminino
1 - Melaine Walker (JAM) - 52s64 (RO)

2 - Sheena Tosta (EUA) - 53s70

3 - Tasha Danvers (GBR) - 53s84

Direto da 20ª Bienal: Fotojornalismo #5




Algumas das editoras presentes no evento: Editora Abril, PubliFolha, Feb e Objetiva.
Câmera: Nikon D80.

Direto da 20ª Bienal: Fotojornalismo #4

Reunião no estande da Wolksvagen, lotada de crianças, há cerca de 15 minutos atrás.
Câmera: Nikon D80

Direto da 20ª Bienal: Fotojornalismo #3

Cobertura de rádio ao vivo na Bienal. Estande da Rádio Bandeirantes.
Câmera: Nikon D80

Direto da 20ª Bienal: Fotojornalismo #2

A palavra bem-vindo em seis línguas, na estande da editora SBS.
Câmera: Nikon D80

Direto da 20ª Bienal: Fotojornalismo #1


Entrada da 20º Bienal do Livro, no Parque Anhembi, em São Paulo.
Há mais público que o dia 15 de agosto.
Câmera: Nikon D80

Melhoramos ou pioramos?


E entramos na última semana dos Jogos Olímpicos de Pequim. Com mais da metade das modalidades encerradas e campeões olímpicos conhecidos, já é possível fazer um balanço superficial dos jogos e da participação do Brasil. No atual momento (13:15h do dia 20 de Agosto) o Brasil tem uma medalha de ouro, nenhuma de prata e 5 de bronze, ocupando assim a 41º posição no quadro de medalhas, mas já garantimos ao menos a medalha de prata no vôlei de praia masculino e no futebol feminino. Destas medalhas conquistas, foram três no judô, uma na vela e duas na natação. O Brasil ainda disputa o bronze no vôlei de praia masculino e futebol masculino. A expectativa hoje é que o Brasil garanta ao menos mais 3 ou 4 medalhas de ouro (vôlei masculino e feminino, hipismo individual, vela e futebol feminino), além de algumas outras disputas com chance. Ou seja, supondo um extraordinário aproveitamento dessas disputas, o Brasil tem chances de superar as 5 medalhas douradas conquistas em Atenas.
A questão que fica agora é: qual avaliação pode ser tirada da nossa participação nos jogos? E para tal precisamos pensar nisso com um pouco de distanciamento do patriotismo que normalmente nos toma conta a cada medalha. Seria errado também querermos nos comparar com potencias olímpicas do nível de EUA, China e Austrália. Ou seja, devemos nos ater a velha batalha contra nós mesmos, e assim, perceber que houve pouco ou nenhum crescimento no potencial olímpico brasileiro em relação à Atenas 2004.
Na Grécia o Brasil terminou os jogos com um saldo de 10 medalhas. Sendo 5 de ouro, 2 de prata e 3 de bronze. Por um lado, já superamos nosso total de bronze, e já garantimos as 2 pratas (que provavelmente se converterão em ouro), mas as chances de ficarmos devendo medalhas de ouro são grandes. Contudo, o real problema é que o padrão de esportes com medalha se repete Olimpíada após Olimpíada. Mesmo na decepcionante participação em Sidney, o Brasil manteve as mesmas fontes de premiação. Vela, vôlei de quadra e praia, judô, hipismo e futebol, e o mais preocupante é que em vela e hipismo dependemos de um pouco número de atletas (no hipismo, apenas um) em esportes cujo custo é muito alto, dificultando assim o aparecimento de novas promessas. No futebol, o Brasil vêm se consolidando como uma grande potência no feminino, enquanto a modalidade masculina corre sério risco de ficar fora dos jogos a partir de 2012. Já o judô e as modalidades de vôlei se fixaram como tradicionais potências olímpicas, embora o primeiro esteja passando um sério jejum de medalhas douradas.
"Investir no esporte rende medalhas, recordes e um Brasil melhor"

A notícia boa é o aparecimento de esportes que, se manterem o atual ritmo de evolução, podem vir a trazer medalhas em jogos futuros. O Brasil, que passava por uma crise no atletismo desde a aposentadoria de estrelas, pode recuperar algumas medalhas no salto triplo, salto a distancia e salto com vara. A natação que parecia destinada ao esquecimento após o fim da era Gustavo Borges e Xuxa renasceu das cinzas graças a César Cielo, mas tal caso não reflete uma melhora no investimento neste esporte. Investimento? Essa é a grande questão que ficará em nossas cabeças após o fim dos jogos. Qual é a real participação do Governo Federal e do COB nas medalhas conquistadas por nossos atletas? E será que enviar a maior delegação de todos os tempos é reflexo de qualquer melhora na estrutura brasileira?
É muito estranho que um país como o Brasil, com 190 milhões de habitantes e um verdadeiro berço para atletas talentosos fique atrás de países como Ucrânia, Romênia e Suíça no quadro de medalhas. É muito estranho também que o senhor Carlos Arthur Nuzman pose ao lado de atletas vencedores como Rodrigo Pessoa e Robert Scheidt e até mesmo como provavelmente fará com César Cielo, já que tais conquistas não tiveram mérito nenhum do programa de incentivo ao esporte do governo. Mais estranho ainda é a forma como uma chuva de medalhas no Pan invariavelmente se transforma em decepção nas olimpíadas, e isto ainda surpreende o COB. Ou será que o Comitê Olímpico Brasileiro não tem real noção de nosso tamanho? E por fim a grande questão: Como um país que não consegue ou não quer dar apóio algum a seus atletas, que sofrem com a falta de patrocínio e infra-estrutura para treinar, tem a pretensão de sediar uma Olimpíada em 2016? Seriam os atletas estrangeiros melhor tratados que nossos próprios? Enfim, são questões que ficam e dificilmente são respondidas. O COB e o Ministério dos Esportes provavelmente tomarão os louros das poucas conquistas para si, enquanto dirão que os fracassos fazem parte do processo de evolução. Enquanto isso nossos atletas, verdadeiros heróis, voltarão a sua dura rotina, após os flashs das câmeras pararem e eles saírem da pauta.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Chocolate amargo


Lamentável. Esse adjetivo resume a atuação brasileira na semifinal do futebol masculino. O chocolate aplicado pela Argentina, 3 a 0 no placar, acabou com o sonho do ouro olímpico.
Os “hermanos” nos superaram durante todos os 90 minutos, criando as melhores oportunidades de gols, mantendo um maior percentual da posse de bola e controlando as ações ofensivas.
Sérgio “Kun” Agüero, atacante do Atlético de Madrid, jogou a partida da sua vida. Com a presença do sogro no estádio, um certo homem chamado Diego Armando Maradona, o habilidoso jogador marcou dois gols e infernizou a defesa brasileira. Aliás, Agüero contou com grandes coadjuvantes na preparação do chocolate: Messi – até então o melhor jogador da olimpíada – foi caçado em campo e seus dribles fizeram a diferença e descontrolavam a nossa seleção, e Riquelme, o maestro do meio-campo argentino.

A derrota coloca à perigo o cargo de Dunga como técnico do Brasil e a pressão que já era grande, passará a ficar praticamente insustentável. Apática e sem inspiração, a seleção só respondeu as investidas argentinas após sofrer o primeiro gol (Rafael Sóbis acertou a trave do goleiro Romero). A Argentina retomou o controle do jogo, avançou a marcação e evitou uma reação brasileira. A tática surtiu efeito, e Agüero sozinho na pequena área, aumentou a vantagem.
Ronaldinho cobrou uma falta, acertando a trave; na sobra Alexandre Pato fez o gol, prontamente anulado pelo auxiliar. Depois do gol não marcado, o Brasil não criou mais nada e pior, sofreu o terceiro gol - após pênalti cometido por Breno, o meia Riquelme converteu. A vitória transformou-se em goleada.
Os argentinos passaram a administrar o jogo, com toques curtos. Então o Brasil perdeu a esportiva. Lucas e Thiago Neves cometeram duras infrações no volante Mascherano e receberam o cartão vermelho, desfalcando o Brasil na disputa do bronze.
A goleada a partir daí passou ao status de chocolate, com o sabor mais amargo possível para os brasileiros.

Renata e Talita não completaram a missão impossível, e acabaram derrotadas pela dupla americana, Walsh e May. As brasileiras não agüentaram a regularidade das adversárias, e a derrota foi pesada (2 a 0, parciais de 21/12 e 21/14). A dupla disputará a medalha de bronze, ao enfrentar as chinesas Xue e Zhang Xi.


Nos ringues a esperança de uma medalha terminou. Paulo Carvalho e Washington Silva foram eliminados no boxe, categorias mosca-ligeiro e meio-pesado, respectivamente. Paulo Carvalho perdeu para o cubano Yampier Hernandez por 21 a 6, enquanto Washington Silva foi eliminado pelo irlandês Kenny Egan, sem sequer pontuar, perdendo de 8 a 0. O Brasil não conquista uma premiação no boxe desde 1968, com o bronze de Servílio de Oliveira.

Ricardo Winicki, vulgo Bimba, morreu na praia novamente. Após deixar escapar o ouro em Atenas, o velejador da classe RS:X teve um mal desempenho na décima regata – chegou em 33° lugar - e mesmo vencendo a última volta, não terá chances de conquistar uma medalha.


No ninho de pássaro, Maureen Maggi e Keila Costa classificaram-se para a final do salto em distância. Maggi cravou a segunda melhor marca, com 6,79m, e se credencia as medalhas. Keila saltou 6.62, terminando as eliminatórias na oitava colocação.




Continuando no grandioso ninho, o brasileiro Jessé de Lima não conseguiu repetir o bom desempenho na final do salto em altura. O atleta terminou a competição em décimo lugar, 11 centímetros abaixo do russo Andrey Silnov, dono da medalha de ouro. Jessé acabou eliminado ao derrubar o sarrafo à 2,25m de altura, aquém do seu melhor salto de 2,30, conquistado nessa temporada.
O vôlei feminino continua sua caminhada rumo à glória. Com facilidade, as meninas venceram o Japão por 3 sets a 0, parciais de 25/12, 25/20 e 25/16. A equipe mostra evolução a cada jogo e uma paciência jamais vista, esta essencial para confrontos frente as orientais – excelentes defensoras. O Brasil enfrentará na semifinal as donas da casa, atuais campeões olímpicas. Jogo complicadíssimo, mas pelo que demonstraram até aqui as possibilidades de chegar na grande final são enormes. Lembrando que o vôlei feminino nunca avançou até o último jogo, sendo eliminada nas semifinais nas três últimas edições – conquistando o bronze em duas: Atlanta, 1996 e Sydney, no ano de 2000.

Principais resultados:
Atletismo
Salto em altura – masculino

1 - Andrey Silnov (RUS) - 2.36
2 - Germaine Mason (UK) - 2.34
3 - Yaroslav Rybakov (RUS) - 2.34
Lançamento de disco – masculino
1 - Gerd Kanter (EST) - 68.82
2 - Piotr Malachowski (POL) - 67.82
3 - Virgilijus Alekna (LIT) - 67.79
400m rasos - feminino
1 - Christine Ohuruogu (UK) - 49s62
2 - Shericka Williams (JAM) - 49s69
3 - Sanya Richards (EUA) - 49s93
100m com barreiras - feminino
1 - Dawn Harper (EUA) - 12s54
2 - Sally McLellan (AUS) - 12s64
3 - Priscilla Lopes-Schliep (CAN) - 12s64
1.500m – masculino
1 - Rashid Ramzi (BHR) - 3m32s94
2 - Asbel Kipruto Kiprop (QUE) - 3m33s11
3 - Nicholas Willis (NZL) - 3m34s16
Salto em distância – feminino
Classificadas à final:

1 - Brittney Reese (EUA) - 6.87
2 - Maurren Maggi (BRA) - 6.79
3 - Lyudmila Blonska (UCR) - 6.76
4 - Tatyana Lebedeva (RUS) - 6.70
5 - Carolina Kluft (SUE) - 6.70
6 - Grace Upshaw (EUA) - 6.68
7 - Oksana Udmurtova (RUS) - 6.63
8 - Keila Costa (BRA) - 6.62
9 - Tabia Charles (CAN) - 6.61
10 - Funmi Jimoh (EUA) - 6.61
11 - Jade Johnson (GBR) - 6.61
12 - Chelsea Hammond (JAM) - 6.60

Vôlei de praia – feminino
Semifinais
Walsh e May (EUA) 2 x 0 Renata e Talita (BRA) - 21/12 e 21/14
Tian Jia e Wang (CHN) 2 x 1 Xue e Zhang Xi (CHI) - 22/24, 29/27 e 15/8

Vôlei feminino
Quartas-de-final

Cuba 3 x 0 Sérvia - 26/24, 25/19 e 26/24
Brasil 3 x 0 Japão - 25/12, 25/20 e 25/16
China 3 x 0 Rússia - 25/22, 27/25 e 25/19
Estados Unidos 3 x 2 Itália - 20/25, 25/21, 19/25, 25/18 e 15/6

Triatlo masculino
1 - Jan Frodeno (ALE) - 1h48m53s28
2 - Simon Whitfield (CAN) - 1h48m58s47
3 - Bevan Docherty (NZL) - 1h49m05s59

Handebol feminino
Quartas-de-final
Noruega 31 x 24 Suécia
Hungria 34 x 30 Romênia
Rússia 32 x 31 França
Coréia do Sul 31 x 23 China

Basquete feminino
Quartas-de-final

China 77 x 62 Bielorrússia
Austrália 79 x 46 República Tcheca
Estados Unidos 104 x 60 Coréia do Sul
Rússia 84 x 65 Espanha

Ginástica artística masculina – Final
Barras paralelas

1 - Li Xiaopeng (CHN) - 16.450
2 - Yoo Wonchul (COR) - 16.250
3 - Anton Fokin (UZB) - 16.200
Barra fixa
1 - Zou Kai (CHN) - 16.200
2 - Jonathan Horton (EUA) - 16.175
3 - Fabian Hambüchen (ALE) - 15.875
Ginástica artística feminina– Final
Trave

1 - Shawn Johnson (EUA) - 16.225
2 - Nastia Liukin (EUA) - 16.025
3 - Cheng Fei (CHN) - 15.950

Futebol masculino
Semifinal
Nigéria 4 x 1 Bélgica
Argentina 3 x 0 Brasil

Boxe – quartas-de-final
Mosca-ligeiro (-48 kg)

Yampier Hernandez (CUB) 21 x 6 Paulo Carvalho (BRA)
Meio-pesado (-81)
Kenny Egan (IRL) 8 x 0 Washington Silva (BRA)

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