A cada dia que passa me irrito mais com a crítica cinematográfica. Não importa mais o que o filme representa, o que ele diz, e sim os pequenos detalhes que aqueles "velhos" que acham que entender de cinema é conhecer o nome de 1000 diretores e ter visto 10.000 filmes resolvem implicar. Entre algumas coisas que li sobre o Incrível Hulk estavam: “gigante verde desengonçado”, “muita ação e pouco drama”, “desrespeito ao trabalho de Ang Lee” e o cúmulo de um tal de Luis Carlos Merten implicar com “falta de realismo que a favela é tratada”. Ah, faça-me o favor! Pra começar, o trabalho de Ang Lee foi ruim e ponto. Se tivesse sido bom o personagem não teria sido totalmente refeito de acordo com a vontade da recém-nascida Marvel Studios. E eu posso afirmar: Não poderia ter acontecido nada melhor ao nosso querido Hulk.
A historia não é uma continuação do Hulk de Lee, mas uma total recriação, até mesmo em sua origem. Neste filme, a origem do personagem tem uma ligação direta com a genêse de outro grande super herói, Capitão América. Inclusive a “presença” deste será comentada mais adiante. No papel do cientista Bruce Banner sai o bom Eric Bana e entra o melhor ainda Edward Norton, que mostra mais uma vez que é bom em qualquer papel, seja em filmes “cult” como “A outra historia americana” e em blockbusters como este. Norton, que também é o co-roteirista , repete a importância que Robert Downey Jr. teve em Homem de Ferro, ou seja, é a essência do filme. Os melhores momentos da projeção são justamente quando vemos Bruce Banner em ação, e não Hulk. Os momentos de conflito consigo mesmo apresentados nos remetem diretamente à saudosa série “O Incrível Hulk”, estrelada por Bill Bixby e Lou Ferrigno (que fazem suas participações especiais no filme, mesmo o primeiro já estando morto). Os outros destaques do elenco são William Hurt como um odioso Gen. Ross e Tim Roth como o ambicioso e incontrolável Emile Blonsky. Infelizmente o elo fraco é Liv Tyler, mas não chega a comprometer.
Muito se falou sobre as cenas rodadas no Brasil, e fico feliz em dizer que são a melhor parte do filme. Ocupando os primeiros 20 minutos de projeção, o diretor Louis Leterreier capta todo o labirinto que é a favela da Rocinha usando em muitos momentos câmeras na mão. A perseguição à Bruce Banner por atiradores merece especial destaque nesse sentido. O único contra talvez seja o português mal falado de alguns figurantes, mas a participação bem-vinda do lutador Rickson Grace compensa. As demais cenas de ação ao longo do filme são empolgantes, principalmente o primeiro enfrentamento entre o gigante verde e Blonsky, ainda em forma humana. Nesse sentido, pode-se dizer sem medo de ser queimado na fogueira que Leterrerier joga Ang Lee no chão. O diretor francês tem um feeling pra ação fantástico, assim como já havia provado em “Carga Explosiva”.
Por fim, o roteiro. E aqui entra o incrível universo que a Marvel está trazendo para o cinema. Quando escrevi a resenha de “Homem de Ferro” citei a fantástica oportunidade de um série de cross roads e o universo completo da Marvel, com todas as suas relações, ser transposto pro cinema. Se Homem de Ferro dava sinais disso, O Incrível Hulk escancara. Desde os primeiros minutos vemos referências diretas às Empresas Stark, SHIELD, Nick Fury e, o mais empolgante, o supersoro. Para quem não conhece, o supersoro faz parte do projeto do Super-soldado que originou na 2º Guerra o Capitão América. Tal projeto é citado várias vezes durante o filme e tem relação direta com a origem do Hulk. Ou seja, se a Marvel não jogar tudo que vêm construindo na lata do lixo (a Fábrica de Idéias tem um histórico preocupante de complicar o simples e errar no que ta dando certo), os próximos anos serão empolgantes pros fãs de Hqs e o público em geral. Quanto ao filme em si, a presença de um adversário à altura do herói é muito bem vinda, concertando principal equivoco do filme de Lee. E seu fecho, é, nada menos que muito empolgante, já que muitos já sabem que ****SPOILER**** Tony Stark faz um pequena participação no final, assim como a cena final com Bruce Banner nos faz pensar muito em como será a continuação***FIM DO SPOILER***.
“O Incrível Hulk” é o segundo tiro certeiro da Marvel Studios. Apostando em astros do segundo escalão, mas extremamente talentosos, e em diretores semi-desconhecidos ela aposta em seus próprios roteiristas e começa a criar um universo único e inédito no cinema. Ainda acredito que o melhor filme de herói do ano será o novo Batman, mas não se pode negar que o verão até agora nos trouxe grandes surpresas. Como disse, agora, é só saber se a Marvel continuará empolgando ou esbarrará na truculência de Joe Quesada (presidente), que aparenta fazer de tudo para brigar com quem lhe traz sucesso. Tudo que posso dizer depois disso é: esqueçam o que críticos anciões escrevem e que mal posso esperar para ver o filme do Capitão América em 2010.
6 comentários:
Texto entusiamado, mais uma vez!
Gostei da crítica aos críticos.
E... eu gostei do filme do Ang Lee. É mais sentimental e tem efeitos ruins, mas parece não se distanciar tanto desse conceito mais "marvelesco" de Hulk.
Eu ODEIO o outro filme do Hulk. Muito ruim. Espero realmente que esse seja bem melhor.
Do outro filme, eu só não gostei do final.
E dos efeitos especiais toscos.
Nesse filme do norton, eu continuo achando horrível o fato dele ter 7 metros de altura. Caçamba. Façam algo que não passe dos 2,5.
Gente exagerada.
Eu acho Hulk, do Ang Lee, muito ruim.
Mas não foi por isso que fizeram esse filme, e ignoraram o outro. Foi porque a Marvel queria ganhar dinehiro em cima do personagem. Como o filme de Lee não fez sucesso algum nas bilheterias, devido ao excesso de densidade psicológica, e muito pouca ação, eles resolveram pegar um diretor x de ação, e fazer do monstro verde um ser bestial e destruidor. O público médio quer ação, e só isso, oras.
Sinceramente, se tem alguem que respeita os personagens da Marvel, é a propria Marvel. Ela remodeleou sim por causa do trabalho do Ang Lee foi ruim com seu personagem. Ela briga sim com autores e escritores, mas fazer qualquer coisa pra agradar qualquer publico não eh coisa dela. Homem de Ferro é a prova disso. Entretenimento com extrema qualidade
Claro, Thiago, claro. Mercado é coisa de comunista, e você é um agente infiltrado na Marvel.
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